Eu liguei para a minha mãe na Califórnia e lhe contei as novidades, sobre me mudar para lá. Ela meio que já sabia, eu já havia comentado sobre Stanford, mas não tinha dado certeza. Agora, eu dei certeza. Ela me chamou para ficar em sua casa, e eu aceitei. Faz dois anos que moro com meus pais sem interrupções. Quando minha mãe morava aqui, eu ficava uma semana ou duas na casa dela, depois uma semana ou duas na casa deles, mas já faz dois anos que não posso fazer isso. Vai ser bom estar com ela. Vai ser muito bom.
Mas, primeiro, preciso conversar com os meus pais.
Eles estão terminando de arrumar a mesa para a véspera. Pedro está com uma camisa social branca, e Peter com um suéter vermelho bordado, com árvores de Natal. Meu coração aperta, eu os amo muito, muito mesmo, de uma maneira que eu fico triste se paro para pensar muito.
Sem perceber, meus olhos já estão com lágrimas. "Oh, amor." Pedro quem me vê na porta da sala de jantar primeiro, eu choro, e ele vem até mim, me abraçando.
"Ei, ei, ei." Peter também se aproxima, tocando meu ombro. "O que foi? Te fizeram algo?" Eles falam como se eu fosse uma criança e não um homem de vinte e um anos.
"Eu preciso. Dizer algo." Solucei, então sequei meu rosto. Eles esperaram. "Primeiramente.. Eu sou bi." Não tinha haver com o assunto, mas quis aproveitar. E estou estranhamente sensível com esse assunto. Quer dizer, acho que não é com esse assunto, mas acabou juntando tudo de uma vez.
"Oh." Pedro sorriu. "Ok. Bem. Fico feliz que tenha se descoberto."
"É." Eu chorei mais. Por que estou chorando tanto esses dias? "E... Não quero mais cursar história." O silêncio que prosseguiu não era o que eu estava esperando. Continuei. "Quero ser empresário. Como você. E... Estou indo para Stanford. Estudar negócios. Pra isso."
"Ok." Pedro falou, calmamente, acariciando meus cabelos. "Ok." Ele repetiu. A palavra Stanford reverberando pelas paredes da cozinha.
Stanford. Califórnia. Quatro mil quilômetros.
"Por que?" Peter indagou, lhe encarei. "Você estava tão animado."
"Eu amo história, mas não pra minha vida. Eu... Eu amei trabalhar com você." Falei para o Pedro. "Aquele dia, que ficamos o dia todo resolvendo coisas. Eu não entendi quase nada, mas simplesmente... Pareceu certo. E eu quero entender. Quero ser bom. Quero fazer o que você faz. Eu só... História não parece certo. Mas cuidar do negócio da família... Sim. Parece certo pra mim."
"E por que está chorando?" Peter indagou.
"Não queria desistir de algo que você gosta." Funguei, limpei meu rosto. "E Stanford é muito longe. Vou sentir muita falta de vocês."
"Estava com medo que eu ficasse triste?" Meu pai perguntou, eu assenti. "Ah, meu Deus." Ele riu, então me abraçou. "É claro que não. Fico feliz que se encontrou, Liam. Não importa o que você quer fazer."
"Eu sei disso. Eu te conheço. Mas fala isso pro meu cérebro, ele é maluco."
"Ele é você." Pedro ditou, estendi minha mão para lhe dar um tapinha, ele riu. "Você é tão bebezão."
"Para, pai." Exclamei, contra o peito do meu outro pai, que ainda estava me abraçando (esmagando).
"Vou sentir sua falta." Peter ditou, afundei meu rosto nele mais ainda. Seu perfume é muito, muito amadeirado, e cítrico, gosto tanto. "Muita falta mesmo, Liam." Ele beijou o topo de minha cabeça. Somos do mesmo tamanho, mas estou bem inclinado agora.
"Vem cá, bebezão." Pedro ficou na ponta dos pés para beijar minha testa. "Eu estou... Tendo um colapso mental por dentro. Sério." Eu ri, meu coração tá apertado demais. "Mas... Vamos te ajudar com tudo, ok? Quando as aulas começam?"
"Março."
"Certo, temos tempo de sobra, então. Vai ficar nos dormitórios?"
"Isso."
"Precisa alugar alguma casa para os fins de semana?" Ele arrancou o celular do bolso, já começando a procurar apartamentos.
"Não, eu vou ficar com a minha mãe." Respondi, ambos me olharam. "Já contei para ela."
"Antes de contar pra gente? Certo. Beleza. Eu vou lembrar disso." Pedro voltou a arrumar a mesa, meu pai sorriu bobo, eu também.
"Desculpa não contar antes." Disse, ele negou suavemente com a cabeça.
"No seu tempo." Peter acariciou meus cabelos de novo. "Desculpa por... Sabe, fazer você pensar que eu ficaria triste por isso. Não me importo de não fazer o que eu faço." Ele pensou. "Eu só me importo um pouco com você ir embora, mas só por causa da saudade."
"Na verdade eu acho que é realmente a segunda parte que foi difícil de contar." Respondi. "Se fosse na NYU... Seria bem mais fácil."
Peter assentiu. "É. Mas... Você tá feliz? Indo pra lá?"
Assenti. "Acho que sim. Vai ser diferente, mas... É a Califórnia. E vou ver a mãe e o Jaymes todos os dias. Não acho que vai ser ruim."
"Também não acho que vai ser ruim." Ele respondeu, sorriso caloroso no rosto. Então, beijou minha bochecha. "Você ainda tem muito o que descobrir, Liam. Estou orgulhoso que esteja seguindo seu caminho, mesmo que seja longe de mim."
Que dor.
É terrível pensar em ficar longe dele. É terrível pensar em ficar longe dos meus irmãos e do Pedro também, de Hope, mas dele é pior. Não há nada pior do que ficar sem meu pai.
Lhe abracei. Apertado.
Cara. Que merda. Ele é tudo pra mim.
As vezes ele é tão bom que sinto que ele não existe.
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YOUNG BLOOD
RomanceLivro anterior à "Waiting For The Shining Flare" Jaymes Rockenback é um garoto reservado. Ele possui uma pequena lista das coisas que ele gosta. Primeiro item: seu cavalo, Minyard. Segundo item, sua constelação favorita, Cassiopeia. Terceiro e não m...