Entre dedos

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Ao chegar em casa, Lia sentiu um desejo intenso dentro de si que parecia transbordar e, logo, foi para cima de Sabrina que não entendera nada. As duas rasgaram roupas e transaram como se o dia seguinte não fosse existir. Pernas entrelaçadas, desejo ardente, fogo queimando, línguas beijando, toques tocando. Um grito estrondoso. Um gemido alto e de claro som. As duas sentiram-se. Intensas e vivas.
Foi como uma chuva forte que não se esgotava. Como poesia que não se findava. Como um amor que ainda estava vivo ali.
Deitadas de braços abertos e peitos livres, conversaram sobre o mundo. Conversaram sobre tudo. Elas realmente se amavam. Será que Clara abalava aquela relação?
Depois de conversar horas a fio, os corpos cansados, tornaram-se novamente vívidos, suados e cansados, até o amanhecer. Sabrina estava exausta, Lia também. Já Clara tocava-se com fervor em sua casa enquanto desejava, fortemente, Lia.
Clara, infelizmente, não se contentava e passou a caminhar na orla de Botafogo todos os dias, no mesmo horário de Lia, assim como passou a frequentar o "Dom". O problema ali era que Clara não sabia da existência de Sabrina.
A gente pode até pensar no rolo que Lia tinha se metido, mas será que ela também não o tinha escolhido?
Lia passou a ver Clara caminhando na orla todos os dias e estranhou. Como pode nunca tê-la notado? Ela era de uma beleza rara e inestimável. Andava de um modo simples, bonito e sorria cativadamente. Era, enfim, uma tentação. Rara.
Passou uma semana e Clara continuava a observação sobre o cotidiano de Lia e tentava se aproximar, sem sucesso. Para Lia, Clara era a mulher desenhada de um poema que ela não podia ler, e Sabrina era o livro que estava em suas mãos. Numa noite de quinta-feira, Sabrina não fora ao "Dom", pois estava passando muito mal desde cedo, indo trabalhar apenas Lia.
Lia trabalhou exaustivamente no seu restaurante, que lotava todos os dias. Era uma empreendedora de grande sucesso em Botafogo. "Dom" era sua vida.
Clara apareceu no "Dom" e ali jantou. Observou Lia a noite inteira sem chamar atenção ou mesmo ser notada. Horas depois, Lia viu Clara, mas estava ocupada, ficando de cumprimentá-la depois. Porém, ao olhar novamente, Clara havia sumido.
Lia continuou trabalhando e seguindo sua rotina. Lia fazia de tudo e fora jogar o lixo fora na parte detrás do restaurante. Após despachar o lixo, sentiu ser empurrada contra a parede e, imediatamente, ter parte de sua roupa tirada à força. Era Clara que não aguentava mais se controlar.

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