Capítulo 1

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APRESENTAÇÕES

CAROLINE GATTAZ

Estar numa Olimpíada é um sonho e orgulho de qualquer atleta, bem como para qualquer pessoa que entre para a comissão técnica. Eu, Caroline Gattaz, fui novamente convocada após alguns anos afastada. Aos 41 anos de idade, me sinto em minha melhor forma física depois de passar por verdadeiros furacões existenciais. Quem nunca? Sou considerada e chamada com muito carinho por "véia" por minhas companheiras de time, elas me consideram uma força de liderança e pela atualidade sou também considerada uma das melhores centrais do Mundo.

Ainda me lembro de quando tudo começou. Era uma época diferente, cheia de esperanças e incertezas. Conheci Rosa quando éramos bem jovens  e logo nos tornamos inseparáveis. Não era apenas a amizade, mas uma conexão quase mágica . Sentíamos que, juntas, podíamos conquistar o mundo.

Mas a vida, sempre cheia de reviravoltas, nos afastou. Um desentendimento que nunca conseguimos resolver, talvez por orgulho, talvez por medo. Deixei de acompanhar sua carreira, assim como ela deixou de acompanhar a minha. Era mais fácil assim, ou pelo menos pensávamos que fosse.

Esses anos de afastamento foram difíceis. Evitar o nome de Rosa tornou-se um hábito, um mecanismo de defesa. Ela se tornou uma psicóloga conhecida mundialmente e eu uma atleta de alto nível.  Mesmo quando sabia que nossos caminhos podiam se cruzar  em campeonatos nacionais ou internacionais,  fazia de tudo para desviar a atenção. E desde então tinha passado por isso sem estar frente-a-frente com ela. Era doloroso demais lembrar do que perdemos, do que poderíamos ter sido juntas.



ROSAMARIA MONTIBELLER

Sou Rosamaria Montibeller, e estou em minha primeira convocação pela seleção Brasileira de vôlei. Não sou jogadora, mas farei parte da comissão técnica como psicóloga, um papel que tenho desempenhado com dedicação e paixão ao longo dos anos. Meu nome é reconhecido mundialmente no mundo do vôlei por muitos times e atletas que confiam em mim para guiá-los mentalmente através dos desafios do esporte de alto rendimento.

A minha trajetória até aqui não foi fácil. Há vinte anos, era uma jovem  sonhando em conquistar o mundo. Foi nessa época que conheci Caroline Gattaz. Nossa conexão foi instantânea, nos tornamos amigas íntimas e então amantes, compartilhando sonhos e enfrentando juntas os desafios.

Porém, a vida tem seus próprios planos. Um desentendimento profundo nos separou, deixando cicatrizes que demoraram anos  e ainda não cicatrizaram . Desde então, fiz o possível para evitar qualquer contato com ela. Não acompanhei sua carreira e, sempre que seu nome surgia em conversas ou notícias, mudava de assunto rapidamente. Era a única forma de evitar a dor e as lembranças do que uma vez tivemos e a semente que ficou de nós duas porém perdi e isso me destruiu completamente. Por isso segui um caminho diferente, buscando entender a mente e o coração dos atletas. Tornei-me psicóloga esportiva, encontrando uma nova paixão em ajudar outros a alcançarem seu potencial máximo. Trabalhei com diversos times e atletas, ganhando reconhecimento e respeito na comunidade do vôlei. Minha missão era clara: proporcionar suporte emocional e mental para que os jogadores pudessem performar da melhor maneira possível.

Agora, aqui estou eu, convocada para a seleção brasileira, mas desta vez na comissão técnica. A honra é imensa, e a responsabilidade, enorme. Mal sabia eu que o destino me reservava um reencontro inesperado. 

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