Capítulo 6

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CAROL

Após aquele momento de acolhimento, senti que o desconforto de antes tinha desaparecido. Ficamos mais à vontade uma com a presença da outra, e comecei um novo diálogo, embora minha cabeça estivesse a mil... E meu coração parecia que batia em um ritmo alucinado só repetindo: Eu tenho uma filha!

"Você imagina como ela pode ser?" perguntei, tentando processar a enormidade dessa revelação.

"Muito, Carol! Imagino ela como você e, ao mesmo tempo, uma junção de nós duas!" Rosa respondeu, seus olhos brilhando com a imagem que ela tinha criado em sua mente.

"Eu imagino que ela teria seus olhos e o seu jeitinho bravo!"

"Eu não sou brava!" Rosa disse, fazendo bico e cruzando os braços. Isso foi motivo para que eu gargalhasse.

"Para de rir da minha cara, Carol!" Nesse momento, ela me pegou no meu ponto fraco. Começou a me fazer cócegas e eu gargalhava ainda mais. Quando parou, estávamos nos olhando profundamente e ela disse, com uma sinceridade que me tocou:

"Eu senti muita falta de como, mesmo na dor, nós somos leves juntas!" Engoli seco. Era assustador e, ao mesmo tempo, maravilhoso perceber que ainda tínhamos essa sintonia.

"Eu também, Rosa! Como será daqui pra frente? Você acha que podemos caminhar e seguir um pouco mais leves? Você me desculpa por esses 20 anos de silêncio e mágoa?"

"Só se você também me perdoar pelo mesmo!"

Mais uma vez, nos abraçamos. Sentimos a calmaria daquelas emoções, e após tanto tempo, era como se ambas tivéssemos reencontrado o caminho de volta para o lar.

Depois de conversarmos por horas, buscando entender e processar tudo o que tinha acontecido, decidimos descansar. Fomos dormir como há muito tempo não fazíamos, lado a lado, sentindo a presença uma da outra. Naquele momento, mesmo com todas as incertezas do futuro, senti que tínhamos uma nova chance. E dessa vez, não iríamos desperdiçá-la.

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