Ab initio

Capítulo 11

Os dias que se seguem passam como uma névoa. Helô se sente entorpecida, às vezes devastada. Assim que a última prova acaba ela vai para o Maranhão e tenta se estabelecer, na casa do pai

Quando ela pensa que finalmente está bem, que as coisas estão parecendo normais, então ela escuta em sua mente "Eu nunca mais quero ver você de novo", e tudo desmorona.

Isso a deixa sem chão toda vez que ela pensa sobre isso, como ele olhou para ela, com tanta raiva em seus olhos. Isso a quebra toda vez, mas isso não a impede de reverberar em sua cabeça continuamente. Ela não consegue escapar disso.

Ela pensou que estava preparada para isso, disse a si mesma que era o melhor, mas agora, como Stênio a odeia, é difícil se sentir assim.

Ela não perdeu apenas um relacionamento romântico, ela perdeu todo o relacionamento com ele, e é horrível. Ela está se escondendo, não querendo que ninguém saiba o quão deprimida ela está, afinal é embaraçoso. Ela está em uma confusão causada por ela mesma e não merece simpatia ou conforto, mereceria o eu te avisei e o julgamento que seus amigos são bons demais para dar, mas eles não diriam essas coisas.

A única coisa boa sobre sua manhã é que finalmente, finalmente mesmo, desceu sua maldita menstruação, mas o alívio de ela não estar grávida supera apenas ligeiramente seu aborrecimento de não ter que lidar com Stênio a odiando ainda mais. Ela jamais poderia usar um filho para prender ele a ela.

Ela tentou evitar o pai, mas infelizmente não conseguiu,ele a observa como um falcão nas raras vezes em que ela sai do quarto, e ela sabe que ele está preocupado, disse a ele que era sobre a faculdade e o futuro, e ela realmente pensou que ele tinha acreditado.

Mas quando seu pai a chama para jantar naquela noite, sabia que algo estava para acontecer. Sua madrasta tinha ido com Creusa até a cidade em que nasceram, era a primeira vez que os Sampaios estavam sozinhos desde que sua mãe tinha morrido. Tem vinho na mesa, uma garrafa de tinto, uma taça já servida para ela ao lado do Gnocchi Gorgonzola que o pai preparou. O prato dá água na boca, é o favorito dela.

Ela se senta e não diz nada, apenas toma um gole de seu vinho, depois dá uma mordida em seu jantar e espera que alguém diga alguma coisa.

É o pai dela quem quebra o silêncio - Eu sei que tem mais coisa acontecendo com você Heloísa, nossa relação pode não ser perfeita, mas eu ainda sou o seu pai. Sua mãe é que era boa com isso... eu não sei... eu não consigo fazer isso direito. Mas a Creusa tem falado tanto sobre como você está - Ela sabia, seu pai nunca teria a ideia de falar com ela, Creusa deve ter armado tudo, até a viagem da patroa - O que diabos aconteceu, pequena?

- Pressão da faculdade, eu nunca imaginei que faculdade pública se pagasse com a alma. Mas nunca deixei os estudos saírem do primeiro lugar - Ela mente descaradamente

- Você sabe muito bem que eu fui delegado por mais de 30 anos e meu faro não me engana quando alguém está mentindo para mim. Fico feliz em saber que se dedica para seguir seu sonho. Mas você pode ter uma vida além dos estudos

Ela suspira, mexendo em sua taça de vinho, sem olhar para o pai enquanto tenta criar coragem para contar a história sem desmoronar - Stênio e eu terminamos, não que houvesse algo, mas... - Ela gagueja sem entender porque falou de Stênio para seu pai, agora ele iria caçá-lo como fez com Murilo

Helô suspira, servindo-se de outra taça de vinho enquanto espera por uma repreensão.

- Então o que aconteceu? O que o idiota fez? Não foi nenhuma das suas primas desta vez? Você sabe muito bem que posso ir até o fim do mundo atrás desse delinquente e..