Capítulo 9

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Stênio estava muito mexido com as notícias de sua família, e era de partir o coração assistir. Ela não pode imaginar o que ele e sua família estão passando, era horrível. Helô queria ajudar de alguma forma, mas não sabe como, ou se pode, mas está determinada a tentar. Ela sabe o que ela pode fazer é estar presente, verificar e se oferecer para fazer as coisas por ele, visitá-lo e mostrar seu apoio. Ela nunca passou tanto tempo na casa dele antes, mas sente essa necessidade de estar com ele agora, e ele não se importa, parece apreciar a companhia. Ela vem todos os dias, faz ou traz comida para ele e fica o tempo que ele quiser.

Ela está preocupada com ele, ela se preocupa muito com ele, e ele está sofrendo, ela quer ajudar, assim como qualquer outra pessoa faria. Sim, ela tem sentimentos por ele e isso torna tudo mais complicado, mas fora de tudo isso, eles são amigos, e ela não vai deixar que seus sentimentos a impeçam de apoiar seu amigo.

Ele está sofrendo e insinuando que vai desistir, o que ela acha muito preocupante. Ele não está em seu juízo perfeito agora, não deveria tomar esse tipo de decisão, não quando falta apenas um mês para acabar o semestre. Ela não pode imaginar que sua mãe iria querer que ele jogasse fora o ano inteiro assim, e já era muito tarde para pedir transferência. Ela tentou abordar isso com ele, mas ele a calou e não mencionou isso desde então.

Mas ela não acha que essa ideia o deixou, ela simplesmente não está pressionando, embora talvez devesse. Ela está bem ciente de que sua tendência de evitar problemas em vez de enfrentá-los de frente tem sido particularmente problemática este ano, ela basicamente ignorou o pai e está tentando estudar ao máximo para que ele a note e mas ela não quer que Stênio cometa os mesmos erros

Stênio não parece bem, seus olhos estão fundos, e ele tem aquele olhar sem graça e sem vida que tem mostrado a semana toda que a faz querer abraçá-lo e de alguma forma tornar tudo melhor. Ela o abraça, depois de tirar o casaco. Ela o aperta com força, ficando na ponta dos pés, a cabeça inclinada para cima para que ela possa beijá-lo suavemente. Ele sempre gostou de contato físico, mas ainda mais agora, e ela está mais do que feliz em fornecer isso.

- Eu pedi comida - Ela diz a ele e ele concorda com a cabeça, sorrindo levemente de uma forma que não atinge seus olhos.

- Quando chega?

- Dez minutos

Ele está segurando a mão dela e a usa para conduzi-los até a mesa, sentando-se sem quebrar o contato. Ela também se senta e pergunta - Como foi seu dia?

Ela não fica nem um pouco surpresa quando a resposta é - Horrível - E dá a ele um olhar compreensivo enquanto aperta sua mão. Ele se inclina enquanto explica - Eu não deveria ter ido, foi inútil de qualquer maneira

- O que quer dizer com inútil?

- Essa coisa toda é inútil. Eu deveria ir para casa, é onde precisam de mim

Esse é o tipo de coisa que tem preocupado ela - E a faculdade?

- Dane-se a faculdade! Por que continuar quando não dou a mínima para ela? Quando tudo o que quero é ir para casa e nunca mais voltar

- Você já chegou até aqui...

- E daí? Eu só tenho um tempo limitado com minha mãe. Eu não quero desperdiçá-lo aqui

- Você vai desistir nessa altura do campeonato? Falta só mais 3 semestres, já fez mais que a metade, vai ser o primeiro a se formar

- Eu nunca disse isso

Isso é verdade, só deixa implícito - Mas é o que parece...

- Bem, talvez eu devesse...

É nesse momento que batem na porta, de todos os momentos que a comida podia chegar, tinha que ser agora, no pior momento mesmo. Stênio pula e agarra a porta, claramente feliz com a distração. Ela suspira enquanto observa, sabendo que perdeu essa oportunidade e sem saber se deveria tentar de novo. Ele estava ficando com raiva e ela não queria antagonizá-lo. Ele tem um pavio curto agora, ele deu uma topada no dedo do pé outro dia e gritou mais palavrões do que ela já ouviu sair de sua boca, e ficou legitimamente zangado por uma hora inteira depois. Emocionalmente, agora não é o momento, e ela sabe que não é a vida dela, não é a decisão dela, mas ele estaria cometendo um grande erro se desistisse agora.

Ab initioOnde histórias criam vida. Descubra agora