Ab initio

Capítulo 4

Deus abençoe Heloisa Sampaio, isso é tudo que Stenio consegue pensar enquanto se maravilha com o fato de ter conseguido uma entrevista na Navarros. O feedback dela sobre seu currículo foi inestimável, modificado por ela para que fosse profissional e comercializável. Ela até o examinou mais uma vez depois que ele implementou suas sugestões e reescreveu a única seção que precisava de trabalho. Na verdade, ele se sentiu bem em enviá-lo, como se tivesse uma chance real, não totalmente confuso, estava remotamente bom.

E valeu a pena, ele tem uma entrevista mesmo com pouquíssimas vagas abertas no segundo semestre. Ele está todo sorridente quando liga para marcar um horário na quarta-feira para sua entrevista, rezando para não estragar tudo.

Ela foi a primeira pessoa para quem ligou e avisou que conseguiu a entrevista. Ela com entusiasmo perguntou se ele estava nervoso, o que ele estava e muito. Helô o tranquilizou dizendo que era mais uma formalidade do que qualquer coisa, mas ficaria feliz em repassar o que se lembrava de ter visto ser perguntado em entrevistas.

- Por favor, não faço ideia do que esperar - Stenio admitiu ao telefone. Ele segue com - Se não for incomodar

Ele pode praticamente ouvir o tom dela nela - Eu não teria oferecido se não quisesse

- Você é minha salvadora!

- Não sei como é sua agenda, mas estou livre agora ou depois da aula, se for melhor

Ele olha a hora e faz uma careta, é meio-dia, e ele não fez quase nada, nem almoçou ainda, mas se preparar para a entrevista é o mais importante - Vou sair em um segundo, vejo você em 20

Ele bate na porta ao chegar. Ela o cumprimenta quase instantaneamente, dá uma olhada em sua aparência e oferece a ele um café. Ele quase diz que não, não quer irritá-la, mas se pega bocejando e percebe que estava tão envolvido em sua excitação que ainda não tomou um café.

Então eles decidem fazer a entrevista simulada na mesa da cozinha dela com cafés, um Latte para ele e um expresso para ela, assim como na primeira noite. É muito bom, faz com que ele deseje ter dinheiro para uma máquina de café expresso chique, mas tudo bem, talvez quando ele for realmente advogado.

- Preparado? - Ela pergunta, pegando sua caneca e bebendo o último gole.

Ele concorda. Ela o surpreende ao se levantar e oferecer a mão com um - Prazer em conhecê-lo, Sr. Alencar

Ele entra no jogo e aperta a mão dela com um - Prazer em conhecê-la Srta. Sampaio

- Então me diga, por que a Navarro?

- Bom, como você viu na minha inscrição, direito criminal é o que quero fazer da minha vida. E vocês são os melhores na área, tem os casos mais difíceis e os clientes mais impossíveis, o que normalmente amedronta qualquer novato tentando seu primeiro estágio. Mas acredito que se eu conseguir vencer aqui estarei pronto para qualquer desafio que o mercado me apresentar. - Ele se pergunta se está falando demais, mas se estiver, ele confia que ela lhe contará no final - Tenho o privilégio desta oportunidade e pretendo não desperdiçar nenhum segundo dela

- Muito bom, então seu interesse em nossa empresa é conseguir fama fácil para lucrar mais?

- Para ser honesto, fui pobre a maior parte da minha vida. Não estou na faculdade de direito só para ganhar dinheiro, estou aqui para fazer um trabalho significativo e valioso. Vou ser o primeiro da minha família a se formar na faculdade e esse título não será a toa, quero fazer todos os sacrifícios varem a pena. Não preciso ganhar milhões ou trabalhar em uma empresa importante. Mas nem tudo é preto no branco, a Navarro defende os casos que mostram que existem motivos e escolhas que fazem os clientes realizarem tais ações, nem sempre é só sobre ser culpado ou inocente. Qual é o mal querer ganhar bem enquanto se realiza isso?