Ab initio

Capítulo 8

Stênio não tem visto muito Helô desde a conversa com Moretti, ambos estão tentando colocar o trabalho em dia, ela com muito mais sucesso do que ele. Ele está começando a sentir o aperto agora, ele ficou pensando que eles tinham todo esse tempo, mas eles só têm mais algumas semanas de aulas, e as entregas de trabalham sempre se acumulam para o mesmo dia.

Heloísa é uma influência incrível, ela é tão inteligente, sempre tão preparada e toda vez que ela diz a ele que está atrasada ou que está trabalhando até tarde para recuperar o atraso, isso o leva a estudar. O quase pânico dela sobre o pouco tempo que resta o impediu de dizer a si mesmo que tem muito tempo e usar isso para justificar sua procrastinação.

Ele tem certeza de que está trabalhando menos do que ela, mas é muito mais do que normalmente faria. Ele tentou o pequeno truque do cronômetro, onde tinha um cronômetro ligado e tinha que pará-lo toda vez que saía de uma tarefa, verificava o telefone ou ia ao banheiro e ficava chocado ao descobrir quanto tempo perdia em uma hora de "trabalho".

Atualmente, ele está revisando suas anotações de direito penal, certificando-se de que entendeu o que escreveu e, se não, revisando os casos. Seu progresso é interrompido pelo toque do telefone. Era o seu pai e de alguma forma isso o preocupa

É tarde lá, bem, não é tarde em si, mas são oito e meia e seus pais geralmente vão para a cama por volta das nove.

Seu pai soa igualmente preocupado e responde ao olá de Stênio com um - Oi, filho

- Está tudo bem? - E seu pai suspira, o que só aumenta a dor nervosa em seu peito, aquela sensação de que algo terrível aconteceu.

- Eu... eu não quero que você se preocupe, mas... - Essa não é a melhor maneira de começar se não houver motivo para preocupação - sua mãe está desaparecida

- Ela tá o quê?

Seu pai hesita, ele sabia que algo estava errado, sabia que era algo ruim - Ela saiu para caminhar há duas horas e ainda não voltou. Tenho certeza que não é nada, mas queria avisar primeiro para você não se preocupar se alguma das amigas dela ligasse a procurando

- Já estou preocupado. E se algo aconteceu com ela?

- Tenho certeza que ela consegue se virar, provavelmente estará em casa em breve, só estou sendo cauteloso

Isso não o faz se sentir melhor, mas ele não quer ficar com o pai por mais tempo do que o necessário, quer que ele comece a procurá-la. Mas primeiro - Você checou a rota habitual dela? Talvez ela tenha se machucado - Ele é atingido por uma imagem de sua mãe amassada, tremendo no parque, tendo tropeçado em uma raiz e torcido o tornozelo, incapaz de voltar.

- Eu dirigi quando comecei a ficar preocupado, mas não a vi. Vou tentar um caminho diferente que ela às vezes faz, mas é tudo a pé, então quero deixar todo mundo avisado primeiro

Porra, porra. Isso é ruim, muito ruim, ele sabe que seu pai está dizendo para não entrar em pânico, que provavelmente está tudo bem, mas sua mente está evocando todos esses cenários, cada um mais terrível do que o resto.

- Ok, você deveria ir fazer isso. Por favor, por favor, mantenha-me atualizado. Avise-me assim que você encontrá-la.

- Eu irei, eu prometo

- Eu te amo, pai

- Também te amo, tenho que ir. Tchau por enquanto

Ele desliga antes que Stênio possa se despedir. Ele sabe que não pode fazer nada para ajudar, só tem que esperar para ver, mas está muito impaciente para se concentrar, e ler suas anotações sobre assassinato não vai ajudar em sua paz de espírito. Até liga para o hospital da cidade, mas não sabe se fica mais aliviado ou preocupado quando respondem que ninguém com as características de sua mãe deu entrada.