007

969 76 25
                                    

               Slenderman

Sinto seus olhos sobre mim, a mesma me encara como se estivesse prestes a explodir.

— Por que? — indaga ela — por que? — repete dando socos em meu peito.

— Por que? — pergunto segurado seus ombros para que ela pare de me socar, e então sua expressão muda completamente.

— Eu não entendo — volta a me encarar — por que caralhos você morreria por mim? — ela se afasta — você me conhece a uma semana — franze o cenho.

Me aproximo novamente colocando minhas mãos em seu rosto, que a mesma se encolhe com o ato.

— Por que você escolheu Sitka para fazer o intercâmbio?

A expressão dela se torna sombria.

— A cidade é pequena — ela tira minhas mãos de seu rosto — queria um lugar tranquilo.

Ela vai em direção a porta mas antes de abri-la eu volto a falar.

— Errado — ela se vira em minha direção para me encarar — você tem memórias.

— Memórias? — ela força um sorriso — minha família nem era daqui, porra.

— Você amava passar a primavera com seus pais aqui — a mesma cruza os braços — mas você voltar para cá de uma hora para outra não faz sentido.

— Eu não me recordo de memória alguma aqui.

— Mentirosa — digo suavemente — você matou os seus pais nessa pequena cidade — ela arregala os olhos — não se recorda, criança?

— Ora seu... — ela parte para cima de mim furiosa.

Apenas seguro sua cabeça, nos mantendo em uma boa distância.

— Não encoste em mim — voscifera a menor — espera...

S/n para de se debater e então eu a solto.

— Como você... — ela exita — como você sabe?

— Eu te observava.

— Oi?

— Você sempre exalou uma energia diferente, você sempre foi diferente das outras crianças — me aproximo — e eu tive a prova no dia em que você hipnotizou seu pai.

Ela aparenta ter ficado surpresa.

— Hipnotizei meu pai?

— Antes da tragédia você queria ir ao show infantil que teria no litoral, mas como já estava tarde seus pais negaram — ela arregala os olhos — você ainda se lembra dos olhos do seu pai na sua última tentativa?

— Merda — ela coloca a mão na nuca — ele havia repetido tudo que eu tinha falado, como eu não percebi?

— Você era apenas uma criança, S/n — vou em direção a janela — pensava apenas em si própria.

Vejo pelo reflexo do vidro que a mesma fez uma careta.

— Afinal de contas — me viro para ela — por que voltou?

— Meus sonhos — sussurra — sempre diziam para voltar...

— Isso acontece a quanto tempo? — ela ergue as sobrancelhas — os sonhos.

— Ah... faz tipo uns quatro anos, por que?

Quatro anos? Se Atena já sabe a bastante tempo, por que ela não tentou nada?

— Como são os sonhos?

— Eles sempre me lembram do incidente, mas uma mulher loira sempre está presente nele.

— Tudo isso não teria acontecido se você ainda estivesse no Brasil — coloco a mão no meu rosto — ela quer te matar aqui, S/n, assim como você o matou.

— Ela?

Concordo impaciente.

— A mulher loira dos seus sonhos é sua tia, irmã do seu pai, rainha de Penumbra.

S/n arregala os olhos, incrédula.

— Isso não pode ser verdade, pode? — caminha em direção a cama, se sentando — eu era apenas uma criança, se eu pudesse voltar no tempo, nada disso teria acontecido — seus olhos começam a lacrimejar.

Caminho também, em direção a cama. Ajoelho-me em frente da mesma e coloco minhas mãos apoiadas em suas coxas.

— Tudo isso é muito difícil para uma garota de 17 anos lidar, mas eu peço que você seja forte, S/n — a mesma me olha secando suas lágrimas — seus poderes vão aparecer novamente, assim como da última vez, eles estão ligados aos seus sentimentos.

— Aquela não foi a última vez — sussurra em meio aos soluços.

— Não foi?

Ela assente.

— Eu matei uma menina, quando tinha treze anos — ela cerra os punhos — ela e o grupinho de amigas estavam me espancado logo após o término das aulas, eu já estava acostumada com tudo aquilo, mas quando tocaram no nome dos meus pais — ela soluça — eu só queria que a cabeça da garota explodisse... — ela faz uma leve pausa — e assim foi.

— Qual foi a sensação?

Ela volta a me olhar.

— Eu me senti a porra de um monstro!

Sorrio fraco.

— Bem vinda ao meu mundo, cuidado para não se perder no caos.

MEU QUERIDO SLENDERMAN Onde histórias criam vida. Descubra agora