Cap. 6 - cliché | mxmtoon

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20º Dia de Verão

— Kirishima, o que é amor pra você?

Mais um pôr do sol no cais. Faziam alguns dias que a castanha estava vidrada em um livro de romance, e  Kirishima viciou no Candy Crush depois da mãe de [Nome] mostrar para ele. Basicamente eles estavam só na companhia um do outro, cada um entretido em algo. E isso não era ruim, muito pelo contrário. A companhia bastava.

E, pelo visto, [Nome] acabou de terminar o livro. A única coisa que o avermelhado sabia sobre, era que tinha sido escrito por uma tal de Colleen Hoover.

— A palavra amor, ou amar alguém? – Perguntou Kirishima, tirando seus olhos da tela para observar a garota.

— Bom, amar em questão. Do que o amor se trata pra você?

Ele ficou refletindo por alguns segundos sobre. Não queria dizer o clichê de sempre, mas, quando se trata de amor, tudo se torna clichê. E quer saber? Isso era algo bom, dependendo do ponto de vista. Kirishima, pelo menos, amava clichês. Talvez desejasse estar vivendo um, mas isso não vinha ao caso nesse momento.

— Acho que amor é sobre uma montanha russa. Ela pode começar com uma subida lenta que te deixa nervoso, e causar uma queda curvada que te deixe com borboletas no estômago. Às vezes pode subir e descer, mas no fim, sempre vale a pena. Ou você pode acabar enjoando no meio do percurso. Sempre serão de jeitos diferentes.

— Isso foi uma metodologia muito boa. Já pensou em ser algum filósofo?

— Meu maior pesadelo é ser um. Refletir demais sobre as coisas pode acabar tirando toda a magia por trás, 'cê não acha?

— Essa "magia" que você diz só serve pra fazer algo soar atrativo. Eu prefiro sempre saber da realidade antes que ela me atinga. Claramente detesto truques de mágica.

— Por quê? Podem ser divertidos. – Ele apagou a tela se seu telefone, dando sua atenção para a garota sentada em sua frente, que estava encostada sob a madeira atrás de si, com seus cabelos castanhos atingindo um tom se dourado por conta do sol. Ele adorava pôres do sol por isso.

— Eu também achava, até um certo alguém me mostrar que truques de mágica podem te deixar marcas eternas. E esse certo alguém está bem ali – ela apontou para Monoma, que estava com Lyla em uma barraca de comidas.

— Eles estão... brigando? Até uns dias atrás eu os vi cheios de carícia no Hubust. Que contraditório.

— É disso que estou falando, Kirishima. Algumas pessoas podem te enfeitiçar de um jeito que você tem que se destruir e se humilhar pra poder ser libertado. Lyla provavelmente vai cair na real no primeiro soco.

— Monoma realmente te deixou muitas coisas, não foi? – Kirishima podia não demonstrar, mas ainda sentia puro ódio desse cara. Não somente pela cachoeira, mas por todo o passado.

— Uhum. E, acredite, nenhuma das coisas que ele deixou foram boas. Foi a partir daí que o amor se tornou algo tão inalcançável pra mim.

— Inalcançável? [Nome], amor não é uma conquista. Amor é algo que se constrói. Monoma não teve maturidade pra isso, mas não é por isso que você precisa achar que nada pode ser construído.

— E se chegar um lobo-mau e soprar, soprar, e destruir toda a construção?

— Manda o caçador matar esse tal de lobo-mau, e voltam a construir novamente. Juntos.

— E se...

— [Nome], já percebeu que você vive muito de "e se"? – Com cuidado, e checando algum sinal de desconforto, Kirishima entrelaçou seu mindinho com o da garota. Nenhum sinal de desconforto. — Tem coisas que você tem que se jogar se cabeça pra saber. O "e se" vai fazer você ficar parada no mesmo lugar – com uma curta pausa, ele analisou o rosto da garota, apesar de sempre desviar o olhar de seus olhos. — O que é amor pra você, [Nome]?

Por alguns instantes, a garota permaneceu instável, olhando para os mindinhos entrelaçados. E logo depois, olhou em volta. As ondas, o sol indo embora, a areia tão clara quanto as nuvens do céu, os cabelos vermelhos de Kirishima. E, finalmente, encontrou uma resposta: — O amor é singeleza. É o mais puro sentimento que existe, mesmo que às vezes pessoas vazias façam disso algo tão raso.

  ☆

[Nome] ficou afundada naquele pensamento pelo resto do dia. Passou o jantar inteiro olhando pra Kirishima, e lembrando de seus dedos mindinhos entrelaçados. Isso foi algo tão simples e modesto, mas eram justamente essas coisas que deixavam ela completamente abobada.

Droga. Isso tá acontecendo?

“And that’s what we were
A simple cliché, it wasn’t made to work
But I wouldn’t have it any other way“
“E é isso que nós éramos
Um simples clichê, não foi feito para funcionar
Mas eu não aceitaria de outra maneira”

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