Capítulo 8

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Waytá

Parecia um de meus sonhos, demorei a crer que era real. Depois de dias fantasiando com ela, Karina estava em meus braços, seus lábios macios abraçavam os meus, sua língua quente duelava com a minha.

A mão que mantinha em suas costas desceu o contorno da coluna, queria tocar todo o seu corpo, no entanto me detive na cintura estreita, precisei fincar os dedos na carne para impedir de seguir o caminho para sua bunda redonda.

O corpo de Karina era uma tentação, ela toda era. Vê-la de biquini foi minha perdição, não aguentei mais me manter longe. A pele dourada era coberta por algumas tatuagens, as pernas compridas e torneadas, os seios redondos e empinados.

Nunca havia ficado com uma mulher que tivesse próteses de silicone, confesso que tinha certo preconceito por cirurgias estéticas, contudo foi só vê-la sair da água como uma sereia, com os cabelos longos e loiros caindo sobre as costas e o ombro, para minha boca encher d'água, em uma ânsia quase dolorida de prová-la.

Tinha consciência de que parecia um maldito perseguidor, esgueirando-me entre as árvores, apenas para ter um vislumbre seu. E quando a vi atuar, porra! As palavras sobre proteger a floresta, lutar contra quem a destruía, foram ditas de forma tão apaixonada que, por um minuto, parecia que ela realmente acreditava em tudo aquilo.

Ao saber, através de Aiyra, que Karina não iria ter cenas para gravar durante a tarde, fiquei decepcionado por não poder vê-la. Entretanto, no minuto seguinte, assim que minha irmã disse o tipo de cena que os outros dois atores iriam gravar, fiquei aliviado por saber que a personagem da loira não estaria no meio.

Senti saudades de admirá-la trabalhando, de acompanhar sua entrega ao papel e do sorriso bonito que abria toda vez que Ignácio ou outro membro da equipe elogiava sua atuação.

Justamente por isso, sabendo que ela estaria em seu quarto, fui até a casa para vê-la através das frestas da janela. Percebi que conversava com seus pais pelo celular, entretanto foi interrompida pela chegada de Sabrina.

Não querendo ser descoberto e me achando um idiota por invadir a privacidade das duas, parei de bisbilhotar e escorei as costas na parede ao lado da janela. Fechei os olhos e respirei profundamente.

Tupana*! O que eu estava fazendo? A que ponto havia chegado!

Foi quando ouvi a conversa das duas e não consegui me afastar. Agucei os ouvidos para captar o máximo de palavras possível. Saber que também já havia gravado cenas sensuais e que, inclusive, havia se relacionado com um colega de elenco retorceu minhas entranhas e trouxe um sabor amargo à minha boca. Algo como... ciúme.

Então, veio a parte em que falaram sobre Caleb. A amiga de Karina achava que o atorzinho estava de olho comprido para cima da loira, como nunca havia reparado nisso? Também pudera, passava o tempo todo olhando apenas para ela, os outros não me eram importantes. Agora, passaria a reparar mais.

Ao ouvir Karina concordar com a colega em ir tomar banho no rio, precisei ir vê-la. A necessidade de a observar em um lugar tão importante para a aldeia, para a minha cultura, para mim, falou alto em algum ponto em meu peito.

Era a visão do paraíso. O sol tocando sua pele, seu riso solto, os pés balançando na água. Ela parecia perfeita nesse cenário, feita para estar ali. O poente dando tons alaranjados ao seu corpo, sua expressão quase infantil ao nadar e boiar.

Ela sentiu minha presença. Sabia que eu a observava, como um louco, alguém com necessidade de estar à sua volta, de ter cada mínimo vislumbre que me fosse permitido.

Karina não se incomodava com a minha observação, pelo contrário, parecia gostar de me encontrar, percebia como seu olhar me procurava durante as gravações e nos momentos de descanso, como durante as refeições na aldeia.

Razão para Viver - Série Meu Final Feliz (Conto 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora