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Pablo Gavira

Após o jogo empatado e a grande tragédia de ter encontrado a brasileirinha no estadio, minha cabeça estava uma bagunça.

Depois do jogo, me cobrei bastante por não ter dado o meu melhor, talvez se eu tivesse feito algo a mais, poderíamos ter desenpatado. E sobre a Lily, nem tem muito o que falar, já estáva ciente sobre a possibilidade de encontrar aquela menina no estadio, e por mais que negasse, inconscientemente eu procurava por ela.

“ Esse carregador é tão bonitinho, queria um igual.”– pensei enquanto analisava o carregador emprestado.

Ele era apenas mais um carregador normal, mas ao contrário dos outros era estampado com bolinhas vermelhas e azuis.

— Anda, Gavira!– Aurora que estava no andar de baixo gritou.– se você demorar mais tempo vamos acabar se atrasando.

Tínhamos combinado de passear pela praia enquanto o sol da manhã ainda estava de pé, aquele era o melhor horário para sair sem ser atrapalhado por fãs.

— Tô indo, se acalme.– Eu gritei enquanto me levantava. Troquei meu pijama por um conjunto de calça e moletom roxo e desci.

[...]

Por mais irônico que pareça, fomos de carro. Demorava cerca de uns 15 minutos de carro até a praia escolhida por Aurora.

Para o tempo passar mais rápido, abri meu Instagram e fui olhar na minha conta "secundária" o que acontecia por lá.

Quando a conta carregou, dou de cara com uma postagem da brasileira.

Ela estava com os cabelos soltos e um sorriso inocente no rosto. O seus olhos até mesmo fechados eram especiais, e por mais que aquela carinha me irritasse, era extremamente atraente.

"Que merda hein Pablo" eu me xinguei nos meus pensamentos enquanto encarava aquela foto. um tantão de garotas por aí e eu vou justamente olhar para a que é a minha hater.

— Tá encarando muito...quem é?– Aurora que dirigia perguntou enquanto abaixava o volume da rádio política que estava passando.

— Quem o que?– eu disse e desliguei o telefone colocando o mesmo no bolso e encarando a rua ao meu lado.

— Não seja ridículo, você não tem mais 13 anos para ficar escondendo as meninas de mim, mostra ela.– Ela disse enquanto intercalava os olhares entre a pista e os meus olhos.

— Aurora, presta atenção na estrada, você tem uma celebridade aqui e ela não pode morrer agora.– brinquei com a mesma, querendo desviar o assunto.

— Você não me engana, Gavi.– ela parou de me encarar e passou a olhar somente a estrada a sua frente.

[...]

A caminhada foi tranquila e nada agitada, havia pouca movimentação e Aurora ocupou todos os meus pensamentos com suas charadas que ela via no Facebook.

— As vezes você parece uma tia antiga que ainda meche no facebook.– Eu ri enquanto ela me contava mais piadas sem graças. Aurora realmente sabia como me animar após um jogo.

— Quer tomar um sorvete em lugar de turista?– ela perguntou e ignorou totalmente o que eu havia falado.

— Que?– lugar de turista??como assim?!

— Tem uma sorveteria aqui perto que cada sabor custa 1,20€. Deve ser bom, tá em um papelzinho que os turistas usam.– ela me respondeu e mostrou um guia turístico em Barcelona.

— Mas a gente mora aqui.– eu ainda não havia entendido o porque daquela pergunta.

— Gavira, quanto você tem de QI??eu so perguntei se queria tomar um sorvete.– ata, era só isso.

— Beleza, vamo'– respondi e vi meu reflexo em seus olhos.

Ela abriu um sorriso e saímos para o tal local dos turistas.

[...]

— Certeza que quer comer aqui mesmo?.– eu disse para a mais baixa ao ver aqueles olhos castanhos de encontro com os meus.

Eu não iria devolver o carregador dela, muitos chamariam isso de roubo mas eu apenas precisava dele por mais um certo tempo.

— Sim, vamos logo Pablo.– ela praticamente me puxou e quando entrei a garota que antes apenas me olhava estava com as mãos estendidas na minha frente.

Aurora apenas ignorou e foi fazer seu pedido, enquanto Lily continuava calada a minha frente.

— O meu carregador é o único que o cabo entra no meu telefone, eu preciso dele carregado para caso a faculdade ligue.– ela foi direto ao assunto.

— Não tenho ele aqui, eu não saio por ai com um carregador nas mãos.– ela revirou os olhos e saiu me deixando sozinho perto da porta.

— vai querer de que sabor mesmo, Gavi? Gavi?!– Minha irmã gritou.– tá surdo?

— Qualquer um serve.

[...]

Enquanto esperava na mesa 7 o nosso pedido, dava autógrafos e fotos a algumas pessoas que estavam no local.

De longe, vi que na mesa 9 Lily não estava sozinha, ela falava freneticamente com a outra brasileira.

— Se encarar mais ela vai perceber.– Ela disse e o nosso sorvete chega.– obrigado.– respondi.

— Meu Deus, isso aqui é muito bom! Como nunca viemos aqui??os turistas sabem mesmo como aproveitar Barcelona.

— Tá bem, eu não falo mais sobre garotas com você.– ela disse e da um leve gemido ao experimentar o seu sorvete.

Talvez eu estivesse fugindo do assunto da Lily, mas o sorvete realmente era de outro mundo.

Eu não tinha vergonha de falar de garotas para a Aurora, mas só de pensar que eu estaria falando sobre a brasileira que me odeia - palavras ditas pela a amiga dela- me dava um certo receio.

Quando nós os dois estávamos saindo do estabelecimento, passei pela mesa de Lily e Fernanda, na qual notei que a garota mais baixa estudava para alguma coisa.

O livro estáva em português e era enorme não saberia falar o que ela estava estudando, mas posso afirmar que me deu um certo medo da garota ser menor de idade.

No final, eu notei que estava parado em frente a mesa delas analisando o livro da menina.

— Quer alguma coisa aqui, Gavira?– Ela fechou o livro e me encarou.

— Quantos anos você tem?– perguntei rapidamente me apoiando sobre a mesa.

— Pra que você quer saber?– Ela perguntou e quando eu estava me retirando do lugar a Fernanda responde:

— Tem dezenove.– ela responde e murmura algo em português que não entendi.

Senti um alívio em saber que a menina era de maior e assenti sorrindo para a Fernanda e com a cara fechada para Lily. Ao sair da sorveteria, dou de cara com Aurora que pergunta:

— Eu sei que te disse que não iria mais falar sobre esse assunto, mas quem são? Estudavam com você?– ela perguntou e eu murmurei "aham."

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NOTAS DA AUTORA

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