𝐀𝐍𝐀 𝐉𝐔𝐋𝐈𝐀 é uma assistente pessoal especializada em agendas de pessoas importantes. Quando Lucia, sua velha colega se torna mãe, Ana é convidada para substituí-la em seu antigo emprego:
Gerir a vida de Richarlison de Andrade.
Avisos:
~ drog...
Despedidas nunca foram o forte de Richarlison. Ele segurava com força o ardor insistente em seus olhos, impedindo com que a água salgada rolasse por seu rosto.
— Enxuga esse olho, Richarlison. — a voz de Lucia cortou o silêncio do comôdo, fazendo com que o homem levantasse a face, mas não encarasse quem lhe proferiu a frase. — Para de chorar.
— E quem disse que eu 'tô chorando? — responde, andando na direção oposta, esfregando o olho para impedir que ela o visse.
— Filho, eu te conheço!
Ele para apenas quando sente as mãos quentes e a barriga rígida da mulher acariciando suas costas. Ele se vira, ainda sem olhar fixamente para seus olhos castanhos, pois os dele estavam avermelhados e grandes, quando uma pequena lágrima cortou sua bochecha magra e a pele morena. Lucia limpou a mesma com o polegar, acariciando seu rosto magro.
Richarlison olhou para a barriga da assistente, já enorme e pontuda.
— Eu posso? — perguntou, indicando a barriga com a cabeça.
— É claro que pode, querido.
Ele a segura com as duas mãos, passando os dedos pelo tecido fofo do vestido branco, acariciando de leve a pele esticada, sentindo as vibrações vindas do ser vivo formado ali dentro.
— Você pode morar com ele aqui — disse, cabisbaixo, numa última tentativa de manter a mulher em sua casa, e, de certa forma, em sua vida. — Eu dobro seu salário, faço até um parquinho pro menino brincar!
Lucia ri, afofando os cabelos black-power. Ela tira as mãos de Richarlison de cima de sua barriga, encarando-o com seriedade dessa vez.
— Sinto muito, Richy... — ela pega as malas do chão. — Mas é minha hora de ser mãe.
Ele coça a ponta do nariz congestionado pelo choro, pegando as malas das mãos da mulher negra — mesmo contrariado com sua partida — e as levando até a porta da frente.
— Eu entendo... — murmura, apoiando as costas na parede.
Ela sorri para o menino, olhando a tela do celular.
— Como vou organizar minha vida sem você? — resmunga. — É difícil achar pessoas de confiança dando sopa por aí.
— E é exatamente por isso que eu já cuidei de tudo. — Os olhos de Richarlison se alargam brevemente, junto com um sorriso ligeiro de Lucia. — Achou que eu iria te deixar sem ninguém? Você mal consegue organizar sua cama se não tiver alguém para ajudar!
