CAPÍTULO CINCO

10 1 1
                                    


Sentinel

No momento em que Blade chega carregando uma enorme mala de suprimentos eu me coloco de lado, e apenas o observo rasgar a blusa fina do uniforme da mulher e retirar o lenço ao redor do seu pescoço. Assim que o lenço sai uma onda de maldições enche o armazém ao mesmo tempo que todo o meu corpo fica tenso. Ao redor do pescoço da pequena mulher havia uma enorme cicatriz esbranqueçada. Dava para ver que era bem antiga, mas mesmo assim imaginar o que ela sofreu ao ter sua pela cortada desse jeito me deixa em um frenesin de raiva.

— Meu deus, que porra é essa? — Blade rosna quando a camisa cai e mais cicatrizes aparecem nos braços e costas da mulher.

Viper chuta algo atrás de mim e sai do armazém, Hunter se senta na cadeira ao lado do cachorro que agora está atento a cada movimento de Blade e Hanged estava lá fora de plantão. Sem dizer nada eu tento controlar a raiva que me está enchendo e coloco a mão na cabeça da pequena mulher.

Blade não diz mais nada e começa a limpar todo o sangue que tinha parado de cair alguns momentos trás da pele branca da mulher. A ferida de faca estava claramente irritada e vermelha, o sangue seco preso na porcaria da faca que ainda estava no mesmo local.

— Como você vai retirar isso dela? Vai machuca-la? — Eu sussuro com medo que qualquer tipo de barulho vá despertar a mulher que claramente precisa de um momento de descanso.

— Eu ainda tenho um pouco de anestésico da nossa ultima viagem a Oklahoma. Eu vou colocar ao redor da ferida para poder ajudar com a dor dela. — Ele sussura jogando os gazes que ele estava usando para limpar a ferida na sacola de lixo no chão. — Essa merda é fodida. A pessoa que a esfaqueou estava apontando para matar. — Ele rosna a virando para que ela fique de barriga para baixo. — Um pouco mais para baixo e ela estaria morta.

O pensamento de ela quase ter morrido faz com que o meu peito se aperte e um rosnado de fúria se forme em meus lábios.

— O que posso fazer para ajudar? — Eu pergunto fechando as mãos ao lado do meu corpo, me impedindo de agir como um homem das cavernas e a puxar para os meus braços.

— Apenas segure os ombros dela, eu tenho a certeza que ela vai acordar quando sentir a faca sendo puxada. — Ele resmunga preparando a seringa com o anestesico. — Não é muito, mas vai ajudar na questão da dor generalizada.

Eu aceno com a minha cabeça e me posiciono na cabeceira da mesa e seguro seus ombros, pronto para amortecer o máximo que posso da dor que eu tenho a certeza que ela vai sentir. O nariz frio e molhado do cachorro ao meu lado chama a minha atenção, então eu olho para os olhos azuis do pitbull e suspiro. Eu podia sentir a suplica dele, sabendo que ele estava receoso pela a sua cuidadora.

— Vai ficar tudo bem. — Eu sussuro para o cachorro e para mim.

Assim que Blade está pronto para puxar a faca o cachorro rosna ao meu lado, mas se mantem quieto. Eu olho para o ex-médico de combate e assisto avisando que estou pronto quando ele estiver. Olhando para as costas da mulher deitada na minha frente eu respiro fundo e cerro meus dentes juntos, sabendo que de alguma forma sentirei cada dor que ela sentir no momento que aquela faca sair das suas costas.

— Sinto muito querida. — Blade sussura e sem aviso puxa a faca de cozinha das costas da mulher, fazendo ela acordar em grito de pura agonia.

— Shiuu. Calma Sunflower. Você vai ficar bem. — Eu sussuro largando seus ombros e segurando sua cabeça antes que ela a deixe cair com força na mesa de metal. — Blade vai cuidar das suas feridas e você ficará bem.

01.SentinelOnde histórias criam vida. Descubra agora