Plantão Noturno

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O homem invadiu a sala e olhou uma garota dançado lentamente, completamente nua. As caixas de som no último andar tocavam um jazz envolvente.

-Hei, Aprenda a bater - ela gritou se cobrindo com um lençol.

Ele fechou a porta e se afastou nervoso.

"Por essas e outras que eu não gosto de ficar sozinho no plantão noturno do necrotério" pensou antes de bater na porta.

-Entra- obedecendo a ordem ele passou pela porta metálica encontrando a mulher loira com cabelos úmidos recém lavados enrolada em um lençol branco no meio da sala com tons verde claro e branco intercalados por aço inoxidável. O cheiro de álcool formol já havia se instalado no lugar a muito tempo.

-O que você está fazendo aqui. Nua. Dançando às... 3:33 da madrugada? – ele perguntou olhando o seu relógio de pulso que aparentemente estava parado.

-ops, você me pegou -ela disse erguendo as mãos em sinal de rendição e dando uma risadinha -Eu e o Nick estamos fazendo residência juntos e pegamos o plantão noturno da cirurgia e você sabe, né tédio de quarta-feira, pronto-socorro vazio, uma coisa leva a outra...

- Tá, tá eu já entendi, eu só quero saber o que você está fazendo aqui exatamente?

-Ah sim, é que nós estávamos nos chuveiros e meu pijama cirúrgico sujou e o Nick disse que ia pegar outro na lavanderia pra mim.

Ele já estava sem paciência pra esses residentes com vida sexual ativa. Ele também tinha seus desejos, mas no momento não podia fazer nada porque tinha que ficar preso nesse necrotério. Cobrindo a vaga do médico que deveria estar ali. "Malditos residentes".

- olha só, você não pode ficar aqui- ele falou agarrando o braço da residente desconhecida e puxando para que fosse atrás do tal Nick "Malditos residentes".

-Aii, calma, olha só, aqui tá bem vazio porque a gente não se diverte até o Nick chegar- A garota com rosto sardento e uma pinta logo acima dos lábios carnudos disse puxando a ponta do lençol é deixando o mesmo cair em um bolo amarrotado ao redor dos pés brancos descalços.

Ele olhou ao redor, e olhou novamente para os enormes seios com mamilos rosados da garota, e não pensou duas vezes antes de trancar a porta e agarrá-la pela cintura puxando-a para um beijo quente e molhado. Deitou ela em uma das macas de autópsia de aço inoxidável, se ela quisesse iria ser ali mesmo, mas ela não reclamou do metal frio e duro contra as suas costas em nenhum momento do ato, nem quando ele virou ela de bruços e a segurou pelos cabelos, percebendo um pouco de sangue ainda úmido atrás da cabeça ele se preocupou mas ela pediu que puxasse ainda mais os seus cabelos.

-Você curte um pouco de violência hein?

-Ah você notou isso?

Sim, ele havia notado, aproveitando a deixa ele sabia que poderia utilizar qualquer um dos orifícios e foi o que fez. Duramente, do jeito que ela disse que gostava entre os gemidos.

Quando terminaram ele vestiu suas calças e o tal Nick ainda não tinha chego.

-Fica aqui é tenta não assustar mais ninguém eu vou atrás de umas roupas pra você. -ele falou jogando o lençol de volta pra ela que estava sorrindo balançando os pés sentada na maca.

Ele foi até a lavanderia e não encontrou ninguém além dos funcionários do local que não tinham visto nenhum Nick "babaca, comeu a garota e vazou". Ele pegou um pijama cirúrgico verde da residência e um par de calçados de um dos cestos de roupas que tinham acabado de sair da secadora e levou até a sala de necropsia.

-Olha eu não achei o seu colega, mas trouxe... ué, cadê ela?- a sala estava vazia.- O tal Nick deve ter voltado.

Deixando as roupas no banquinho de metal próximo a porta ele saiu para verificar se não haveria outros residentes "perdidos" por ali. Subiu pelo elevador e novamente caminhou pelo andar seguinte, chegando perto do vestiário dos residentes ele ouviu uma comoção. Caminhou até o final do corredor para saber o que estava acontecendo, virando a esquerda um rapaz branco com seus cabelos pretos puxados para trás como se estivessem recém lavados enxugando os olhos injetados balançando a cabeça saiu de lá acompanhado de outros dois residentes em roupas verdes todos parados próximos a porta do vestiário.

-Calma, não tinha nada que você pudesse fazer- outro residente um rapaz negro com olhar triste consolou o que chorava.

Ele se aproximou, muito mais para saber da fofoca do que por preocupação, já sabendo que o novato rompeu um apêndice ou pinçou a artéria errada ou qualquer um desses erros bobos e acabou tirando a vida de um paciente, era raro mas todo semestre acontecia.

Ele parou do lado da enfermeira encostada na parede e perguntou:

-O que houve? O garoto não consegue lidar com um óbito na mesa? Pra ter vindo chorar no banho deve ter ido sangue até o teto.

-Ah oi Bruno, na real nem foi na mesa de cirurgia.-Ela disse com um semblante de pesar.

-Agora eu tô curioso, diz aí.

-Cara, maior b.o.os dois tavam no plantão da madrugada e vieram pro vestiário e... ah eu não preciso te falar né, cê sabe. Bom, depois de "consumar"- ela disse fazendo aspas com as mãos- aquele que tá chorando, foi sair pra pegar uma roupa pra ela porque a dela tinha sujado ou sei lá, e ela escorregou, caiu e bateu com a cabeça no piso.

-Ah, já entendi, eu vou lá acalmar ele então, ele deve tá doido procurando a garota né? -o pesar nos olhos dela foi substituído por confusão, mas Bruno continuou falando - pq eu acabei de ver ela lá embaixo na sala de autópsia, ela tava esperando ele trazer a roupa eu avisei pra ela que eu ia atrás do tal Nick.

-O quê? Você falou com ela?

- É falei.

Antes que a enfermeira pudesse dizer mais alguma coisa, uma maca com um saco preto passou pela porta do vestiário, o maqueiro se dirigiu a Bruno:

-Ah que bom que tu já tá aqui, essa é sua.- O platonismo do cemitério sentiu o sangue se esvair do rosto enquanto a passos lentos caminhava até a cabeceira da maca e abria o zíper. Dentro do saco os cabelos loiros, o rosto sardento e a pinta sobre os lábios carnudos.

-Ela não saiu daqui Bruno, morreu na hora, traumatismo craniano - em tom baixo a enfermeira falou.

FIM.

Contosos: amor e outras merd#sOnde histórias criam vida. Descubra agora