Ryan Azarado

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Ryan sempre foi um rapaz azarado, ele nunca foi o melhor da turma, nem mesmo o mais mediano, nunca foi um garoto bonito, com seu cabelo preto oleoso, corpo magro e a sua pele cheia de espinhas grandes, vermelhas e dolorosas desde o inicio da adolescência, não estava nem perto de ser atraente, com seus 1,78 de altura, ele poderia participar do time de basquete da escola, mas a sua péssima coordenação motora fazia com que ele tropeçasse até mesmo nas partículas de oxigênio. Oh pobre Ryan sempre foi azarado, mas seu azar começou desde antes do nascimento, sua mãe Mary Beth já estava grávida do quarterback do time do colégio, Scott McDonell, quando ele fraturou o quadril na final do campeonato, bem em frente aos olheiros das Ivy League.

O garoto mal tinha completado 8 meses de idade quando sua mãe decidiu que ganharia muito mais tirando a roupa para um bando de caminhoneiros do que limpando a bunda de um bebê e atendendo as necessidades de um rapaz alcoólatra e viciado em analgésicos, então largou o garoto com o pai, as latas de cerveja e os constantes gritos de dor e xingamentos, batendo a porta sem olhar para trás.

Ele nem ao menos lembrava do rosto da mãe, quando no seu aniversário de dois anos, ela se arrependeu e decidiu voltar pelo filho e saiu naquela noite chuvosa pedindo carona e seu sangue e pedaços do crânio enfeitaram o para-choque de um caminhão. O garoto poderia ter ao menos dado a sorte de receber os cinco mil dólares que a mãe guardava dentro da bolsa, se o motorista não tivesse arrastado o corpo por duas cidades para longe da bolsa e dos documentos que identificaria ela. A pobre garota de 19 anos foi enterrada como indigente naquela mesma semana e o pobre Ryan nunca mais teve notícias da mãe.

Nos seus outros aniversários o único o único presente que Ryan recebeu foram os xingamentos do pai.

- Parabéns seu vermezinho inútil, mais um ano comendo da minha comida e não servindo nem pra buscar uma cerveja pra mim. Se eu soubesse o merdinha que você seria, teria gozado em uma meia e não na puta da sua mãe. – Era o discurso de aniversário que o seu pai fazia erguendo uma lata de cerveja para o garoto todos os anos até que ele aprendeu a buscar a lata de cerveja.

O único que realmente se importava com o garoto era o cachorro vira-latas que ele encontrou dentro de uma caixa de papelão no caminho para casa. Ryan escondeu o animalzinho por semanas dentro do seu quarto, com medo do que o pai diria quando soubesse, mas o senhor McDonell não se importava o suficiente com nada além de quantas latas de cerveja poderia comprar com o seguro social, se estava passando futebol na tv e se a luz não seria cortada naquele mês.

É meus caros, a vida sorriu para Ryan através daquele pequeno cachorro magro de orelhas caídas e pelos curtos caramelados.

Então depois de mais um verão escutando os xingamentos do pai, Ryan que nunca teve sorte na vida, naquele primeiro dia de aula no ultimo ano, ele não sabia, mas a sua vida estava prestes a mudar.

Enquanto guardava as suas coisas no armário a garota mais bonita que ele já havia visto, era como a Monalisa, para ver, não para ter para si. Ryan se encolheu quando a garota passou por ele acenando com aquele sorriso no rosto, um sorriso que ele nunca recebera de garota nenhuma, mas antes que pudesse fazer seu cérebro voltar a funcionar, Josh socou a sua cabeça na porta do armário amassando o metal.

- Hora do pedágio otário. – O garoto era mais novo que Ryan, mas tinha o dobro do tamanho quando se tratava de músculos.

- Eu não tenho nada cara. – O pai nunca lhe dava dinheiro para o lanche, e o que o garoto ganhava trabalhando no mini-mercado, não era o suficiente para as compras da casa. E isso lhe rendia socos diários no estômago e as vezes uma ida a enfermaria com uma concussão. Nesse dia foi só um soco no estômago.

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