5 ANOS ATRÁS

3 1 0
                                    

Primeiro eu não existia, até voltar a existir

Eu tinha que voltar. Aquela foi a maior besteira que eu havia feito na vida. Era a maior besteira que qualquer ser vivo ou morto já havia feito na história.

Porraaaa!
Como um único ser humano conseguia causar uma guerra nuclear e a destruição do planeta inteiro?

A resposta é simples. Frustração.

Em menos de uma semana eu havia passado de uma promissora acadêmica em física nuclear para a vilã lunática que aniquila a humanidade apenas para provar um ponto. Em minha defesa, o Conselho não aceitou a minha teoria de que isso era possível e isso feriu meu ego e quando cheguei aqui o caos já estava instaurado.

"Caos que foi causado por você, sua psicótica" rosnou uma das vozes que rondava a minha cabeça, sempre que eu tentava fingir que era um ser humano normal.

- Cale a maldita boca! - gritei chamando atenção dos rebeldes que me rodavam.

Encolhi de ombros e eles voltaram a caminhar pelos escombros do que a uma semana era conhecida como a capital do estado do Rio de Janeiro. A praia de Ipanema havia se tornado o deserto de Ipanema. Os prédios a minha direita, eram uma vastidão sem fim de destroços e a minha esquerda a areia se estendia até o continente africano... Ou pelo menos foi o que me informou Jean, quando me encontrou caída dentro do instituto de física da UFRJ, desacordada e se apressou em tentar me despertar para que saíssemos logo da vista dos drones.

- Eu não consigo caminhar mais, nós podemos descansar um pouco? - nas últimas horas desde que despertei, a única coisa que fazíamos era correr e nos esconder e eu não sabia se depois da viagem no tempo o meu corpo estava tendo algum tipo de reação ou se aquele cansaço todo era causado pela radiação que queimava nossos copos.

- Se nós pararmos os drones nos encontram e a não ser que você não curta manter a sua cabeça presa ao pescoço, é melhor colocar esses pezinhos pra correr.

Talvez esse caos generalizado tenha mudado algumas coisas. Tudo bem, ignorei suas palavras, focando em correr e pensar como chegamos aquele ponto.

O olhar estranho que todos naquele grupo me davam desde que acordei, não me passou despercebido.

- Me diga, como vocês me encontraram? - era a maior dúvida que rondava a minha mente naquele momento, já que segundo ele, eu estava em meio aos destroços de uma sala trancada em uma farmácia abandonada.

- Nós pensamos que fosse um drone - franzi o cenho sem realmente entender a sua resposta - os drones são movidos a energia nuclear em pequena escala e esse brinquedinho aqui - falou apontando o radiômetro - além de encontrar áreas com menor índice de radiação, serve como um detector de drones.

Suas palavras causaram uma discussão entre as vozes da minha cabeça.

Segundo me disse Lisandra, a rebelde que me paramentou com as roupas antirradiação – as mesmas roupas, luvas, botas e máscara que eles usavam, me impedindo de conhecer seus rostos assim que estive lúcida o suficiente para entender o perigo da exposição, uma semana atrás, explosões nucleares que ninguém soube de onde vieram, devastou países inteiros instaurando uma guerra nuclear e tecnológica que em pouco tempo aniquilou 80% da humanidade pelo simples fato de que cada país, acusava seus antagonistas de estar bombardeando as suas fronteiras.

Agora eu acompanhava os nômades rebeldes na tentativa de sobreviver aos drones que caçavam rebeldes pelo Brasil, e de acordo com a teoria de Lis, o Estado inimigo, tentava limpar o território de qualquer pessoa que pudesse trazer uma retaliação quando fosse novamente ocupado. Ela também tinha outras teorias, mas o que realmente me chamou atenção, foi:
- Antes de tudo ser destruído, eu vi algumas pessoas falando que trabalhavam detectando anomalias e as explosões surgiam do nada em um horário muito específico.

Contosos: amor e outras merd#sOnde histórias criam vida. Descubra agora