Capítulo 12 - Descobertas

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Alê está atenta e apreensiva com o que Yoon vai falar. Cada segundo de espera é uma eternidade para alguém tão ansiosa. Suas mãos estão muito frias e teme que ele perceba seu nervosismo, apesar que ele continua com um tipo de TOC com aquelas pulseiras que usa.
O observa como se estivesse em câmera lenta. Ele havia tomado banho e estava usando uma calça de moletom cinza e uma camisa preta.

Yoon passa a língua levemente em seus lábios para aliviar a sensação de seca em sua boca.
Acreditava que não teria este tipo de conversa tão cedo com alguém, principalmente com uma mulher.

Ele ri de canto nervoso, mas enfim começa a conversa necessária.
- Bem... Sou filho único de um casal de advogados renomados, que não reagiram tão bem quando desisti de fazer a faculdade de direito. Minha mãe um tempo depois respeitou minha decisão, derrepente na esperança de que quando eu terminasse o ginásio mudaria de idéia novamente. Mas ela era meu anjo da guarda, que sempre me defendia das críticas do meu pai. Infelizmente quando eu tinha completado 16 anos, a perdi num acidente de carro.
- Sinto muito.
- Obrigado... - Ele respira fundo para continuar - Ela estava indo me buscar num festival de bandas, eu e os rapazes já tocamos juntos desde os meus 13 anos. Depois dessa fatalidade, meu relacionamento com meu pai foi ficando muito pior, ao ponto de eu ser convidado a me retirar de casa meses depois. Eu e meus amigos, que são de verdade irmãos pra mim, decidimos lutar pelo nosso sonho de tocar, compôr e fazer sucesso! É lindo pensar assim, mas a realidade foi dura com a gente. Tivemos que trabalhar duro para pagar aluguel, alimentação, aluguel de Studio de gravação... Enfim, estava difícil, mas estávamos juntos.

O sorriso de Yoon desaparece ao lembrar do que vai dizer a seguir.
- Toda vez que eu trombava com meu pai por aí, era discussão na certa! Não era sempre que o encontrava, mas cada encontro era pior que o outro. Certa noite, estava fazendo um bico com Nam num posto de gasolina. E um carro estacionou e fui atender, era ele. Não reconheci o veículo porque ele tinha comprado há pouco tempo. E foi feia a briga Alê... Muito feia mesmo! Falamos coisas ruins, muito pesadas um para o outro, coisas de que me arrependo até hoje! Sempre amei meu pai, era meu herói! Mas parecia que ele só me amava se eu seguisse os planos que ele idealizou pra mim.
- Que barra Yoon...
- O pior sempre existe Alê, nunca duvide disso. Nesta mesma noite, meu pai sofreu um grave acidente de carro devido a um infarto fulminante que o levou a morte antes do veículo colidir com o caminhão que vinha em outra mão.
- Meu Deus! - Alê põe as mãos na boca impressionada com o que acabou de ouvir.

Os olhos de Yoon ficam marejados, sutilmente limpa seu rosto e prossegue
- Fiquei muito mal, me sentia culpado pelas últimas palavras que eu disse ao meu pai... E isso começou afetar a minha vida de forma geral, sofria de insônia, ansiedade e muita irritabilidade durante o dia. Era rude com os rapazes e com a... - Yoon segura o choro, mas seus olhos entregavam a angústia que ainda sente ao falar sobre o assunto.
- Se não quiser falar, tudo bem. - Alê põe a mão sobre as dele e Yoon a segura.
- Mas preciso falar, preciso dizer sobre a... Sobre a Giovanna.
- E quem é Giovanna?
- O grande amor da minha vida que perdi um ano depois da morte do meu pai.

Alê não sabe o quê dizer, então apenas continua o ouvindo com atenção.
- Conheci a Gio na escola, éramos muito amigos desde o primário. Mas só começamos a sentir algo a mais um pelo outro no ginásio. Sempre éramos nós oito juntos, mesmo com a pequena diferença de idade que temos, onde um estava... Estava o outro! - Yoon sorri apesar do olhar triste. - Eu sabia que ela era a mulher da minha vida, que casaria e formaria uma família! Era tão linda, inteligente. E nunca me abandonou, mesmo eu fazendo merda pra caralho! Depois da morte do meu pai, eu desandei. Cansado dos medicamentos e de não saber lidar com minhas ações e emoções... Misturei os remédios com álcool e saí que nem um louco! Gio e os meninos me seguiram, me encontraram no túmulo do meu pai... Segurando uma arma, apontada pra minha cabeça. - Yoon gestua com a mão. - E sabe o quê aconteceu para eu estar aqui agora falando com você? Gio no desespero veio até mim e tentou tirar aquele revólver das minhas mãos... A arma disparou, acertando a Gio. Ela morreu nos meus braços... E eu nunca, nunca me perdoei por isso e nunca irei me perdoar!

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