Capítulo 35 - Família

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Narrador:

Domingo, 29 de Agosto de 1999 - Às 21:35pm

O movimento do carro, a escuridão do lado de fora, vidros embaçados e o som da chuva aumentavam seu sono durante a viagem.
Faltava pouco para chegarem em casa e lutando para não dormir, Micael se enche de pensamentos sobre os momentos de diversão que viveu nas férias em família e estava ansioso para no dia seguinte contar tudo para seu melhor amigo.

"Meus irmãos mais novos até se comportaram"

Pensou e sem perceber sorri ao lembrar quantas vezes eles o tiraram do sério.
-Tudo bem filho? - Perguntou seu pai ao volante.
Ele acena com a cabeça positivamente.

Apesar de ter apenas 10 anos, Micael sempre foi visto como uma criança madura para a sua idade. Estudioso, centrado e bem comportado. Ele também é um irmão muito protetor para os seus irmãos seis anos mais novos que ele. Os gêmeos idênticos Davi e Gabriel, que não são fáceis de se lidar.
Davi é agitado, esperto e bem curioso. Perguntava sobre tudo e em todo momento, e nem sempre as pessoas tinham paciência para responder. E quando não o respondiam, ele falava sem pudor para elas.

"Sabe menos que eu, que vergonha!"

E saía indignado, porém, determinado ia perguntar para outra pessoa.
Dependendo do resultado, ele dizia.

"Até que enfim!" ou "O fulano não sabe de nada e você menos ainda né?"

Gabriel já é mais tranquilo, estudioso como o irmão mais velho, ama ler e desenhar. É o mais introvertido, mas é muito educado e carinhoso.
Seus pais, Andreas e Micaela estão juntos desde o ensino médio, com um total de 20 anos juntos contando os 12 anos de casados. Ambos trabalham em laboratório farmacêutico e moram em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Uma família normal de classe média. Boas pessoas, bons vizinhos... Mas tudo isso num piscar de olhos tudo mudaria. Seus irmãos estavam dormindo, Micael sorri ao ver Davi com a boca suja de chocolate, ele não se impressionava mais com o seu jeito desleixado.

Aos poucos o sono que entrou em guerra com ele, faz seu corpo ceder ao cansaço. Seu cochilo foi interrompido com uma manobra perigosa na pista molhada. A chuva estava muito forte e mal conseguia enxergar pela janela. Davi e Gabriel estão com os olhos assustados, Micael percebe os faróis acesos de outro automóvel que insistia em persegui-los.
Derrepente o carro de trás bate na traseira do veículo, fazendo as crianças saltarem para frente. Graças ao cinto de segurança não se machucam seriamente.

Mas o susto foi o suficiente para fazer os pequenos chorarem. Micaela se desespera, solta o cinto e tenta acalmá-los. Micael segura a mão de Davi, que está sentado ao seu lado.
- Você está bem filho? - A sua mãe pergunta, mas antes que ele respondesse, um clarão ilumina o rosto de sua mãe, a fazendo olhar para a luz.
Ela tenta se sentar para pôr o cinto novamente, mas é tarde demais.

O choque é tão violento, que faz o carro deslizar na pista. Seu pai não consegue controlar a direção.
Um caminhão vindo na contra mão o faz virar e acabam saindo da estrada.
O veículo desce uma ladeira capotando, atravessando vasta vegetação, as crianças gritam de desespero. Até que ele pára, ao se chocar numa grande árvore.

Micael procura se mover, mas não consegue. Uma forte dor de cabeça o deixa tonto e com sua vista embaçada tenta enxergar seus irmãos. A escuridão e a chuva não permitiram que ele os vissem. Ouviu um choro abafado, parecia ser do Gabriel.
- Mãe! Pai! - Nenhuma resposta.
De sua testa sente algo escorrer, ao passar a mão vê que é sangue.
Micael sente um forte cheiro de terra molhada e sangue, fica enjoado e cada vez mais tonto. Sente alguém tocando a sua perna, mas sua vista escurece, desmaiou.

Esbaforido, Luigi entra no hospital procurando a recepção e uma enfermeira o atende.
- Boa noite, posso ajudar?
- Boa noite, me ligaram informando de um acidente que meu irmão foi envolvido.
- Qual o nome dele?
- Andreas William de Oliveira.
- Só um instante... - Em poucos segundos a enfermeira consultou o computador, mas para Luigi era uma eternidade. - Achei. Andreas William de Oliveira e sua esposa Micaela Fernandes de Oliveira, e seus três filhos.
- Isso! Como eles estão?
- Aguarde aqui senhor, vou chamar o médico plantonista pra atendê-lo.

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