01. MEIA NOITE

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PRESENTE — PORCHAY

Eu estou naquela cena de novo, estou preso meio inconsciente, mas consigo notar que estou preso e a vários homens ali, eles estão armados e meu irmão está no meio deles.

Porque o Porsche está ali.

De repente escuto muitos gritos e o barulho de tiros, não de novo não, parem com isso, meu irmão vai se machucar.

Alguém pega meu corpo e me puxa para longe, mas os tiros continuam nos perseguindo. Não vamos conseguir sair dessa vez, eu vou morrer, eu vou morrer. Merda eu menos queria ter escutado de Kim que ele me amava também.

Mas parece que não vai dar tempo, espero te encontrar em outra vida Kim. Eu penso quando os tiros ficam mais próximos e então sinto uma dor imensa no peito e…

Acordo

Com o susto dou um pulo na cama, estou no meu quarto, eu mentalizo. Minha respiração está pesada, meus pulmões doem, meu corpo está todo suado e as roupas de cama estão todas puxadas arrancadas dos lugares.

Foi um pesadelo.

Você está bem, Chay, você está seguro.

Foco meu cérebro em acreditar nessas palavras. Minha mão direita está em meu coração a dor dele não diminuiu, ao contrário parece ainda maior.

Pego meu celular para ver a hora, são exatamente 11:45, quer dizer que não faz nenhum uma hora que fui dormir.

Dou uma risada seca, essa tem sido minha realidade atualmente sempre que fecho os olhos os pesadelos surgem e não me deixam dormir pelo resto da noite. Mas há uma coisa em comum em todos eles: o meu último pensamento sempre é Kim.

Kim

Minhas mãos parecem agir por conta própria passando por entre os contatos, ele ainda está bloqueado, a última mensagem em seu nome foi o vídeo com aquela música.

A maldita música que ele me enviou após a confusão com a segunda família.

Deuses como eu posso amar e odiar tanto uma pessoa ao mesmo tempo, e sentir que da mesma forma que ele me quebrou, ele me quebrou pode me consertar.

Então desbloqueio seu número, e aperto o botão de ligar posicionando o telefone contra meu ouvido.

Por favor, Kim, sentiu algo por mim atenda esse telefone.

●●●

PRESENTE — KIM

Li uma vez em uma livro que:

"O pior tipo de solidão que você pode enfrentar é o da pessoa amada."

Bem, eu sou a prova viva que isso é verdade.

Estou na varanda do apartamento com um cigarro na boca, olhando para a maldita caixa, a única que consegue extinguir um pouco minha saudade. A caixa cheia de fotos minhas de Porchay.

Eu fui covarde eu sei, deixei meus medos e limitações o afastarem de mim e ainda por cima o magoei, magoei a única pessoa que já me amou de verdade, amou cada parte de mim das mais feias as poucas bonitas que restam.

Inspiro a fumaça para fora de meus pulmões vendo ar partículas cinzas voando sobre mim, cinza essa tem sido a cor dos meus dias ultimamente.

As vezes gostaria de voltar no passado e nunca ter tido a ideia de investigar Porsche, porque no fim o que eu ganhei com isso?

Não descobri nada de relevante e ainda tive meu coração partido. Por minha própria culpa, perdi provavelmente minha única chance de ser feliz, com alguém que realmente me amava.

Pego meu telefone e vejo o horário.

Meia noite.

Uma chuva fina cai sobre Bangkok, está um pouco frio e eu deveria estar dormindo, mas ao invés disso estou perfeitamente acordado com uma regata na varanda da minha casa, pensando em Chay.

Chay é esse o nome que brilha na tela do meu celular.

Eu estou ficando louco, só pode ser ou ele ligou por engano, mas realmente não me importo depois de tantas semanas de silêncio só ouvir sua voz será o suficiente para mim.

Então atendo a chamada.

— Kim — escuto sua voz abafada chamar.

— Chay — respondo com a voz embargada e escuto sua respiração descompassada.

— P'Kim, eu preciso de você — ele diz.

E no mesmo momento eu pulo da cadeira onde eu estava jogando o cigarro que estava em minha boca em qualquer lugar.

— Onde você está? — pergunto assustado com a probabilidade dele estar em perigo.

— Na casa da primeira família — Chay responde e postos ver a dor na sua voz, pois aquela não é a casa dele nunca vai ser — Por favor P'Kim, vem me buscar, eu não aguento mais, os pesadelos não me deixam dormir. Eu preciso ficar seguro.

Engulo em seco o bolo que se forma na minha boca, mesmo depois de tudo meu menino ainda confia em mim.

— Eu já vou, consegue me esperar na garagem inferior?

— Sim — ele diz baixinho.

— Ótimo, eu já chego aí anjo — digo e desligo a chamada pegando minha jaqueta e a chave da Ferrari

Zahir (KimChay)Onde histórias criam vida. Descubra agora