Capítulo 70

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Era uma vez, um homem que foi amaldiçoado a vagar pela terra por toda a eternidade teve permissão para sonhar alguns sonhos de uma vida feliz.

Ele tinha uma família que amava. Amigos de confiança que ele amava. Ele construiu uma cidade só para ele e então se tornou rei. Tudo estava como nunca antes. Pela primeira vez em mil anos, a miséria e a dor eram apenas uma memória distante. A agitação constante em sua mente se acalmou; as nuvens escuras, sempre aparecendo não muito acima, seguindo cada passo seu, se dissiparam. O monstro que rugia dentro dele, tentando abrir caminho com as garras, adormeceu. E quando ele olhou para sua vida e tudo o que conquistou, pensou que finalmente tinha tudo: tudo o que sempre quis e muito mais. Parecia felicidade.

E então, em um piscar de olhos, tudo se foi em uma névoa de cinzas e sangue.

Ele viu como seus amigos foram assassinados bem diante de seus olhos. Ele foi forçado a fugir da cidade que construiu quando ela foi totalmente queimada. Ele abandonou sua casa, suas posses, todos os sonhos que já teve. Ele até perdeu sua família e nunca os recuperou. Não como era antes.

A besta rugiu de volta à vida, mais furiosa e rebelde do que nunca, rasgando-o de dentro para fora. O coração do homem imortal encolheu em uma rocha fria. Nada mais importava - exceto a vingança. Onde antes existia felicidade, agora só havia ódio. Angústia. Tristeza. Vergonha.

Ele culpou a si mesmo e sua arrogância, sua tolice. Não foi apenas sua vida que foi arruinada. Era da família dele também. E ele carregou esse peso no fundo do peito por décadas. Isso o atormentava, um lembrete constante dos perigos de ceder a bobagens intangíveis como amor e felicidade. Isso deixou o homem imortal muito confortável, muito confiante. Ele ficou mole e fraco. E isso lhe custou tudo.

Agora, depois de cem anos carregando tudo isso, ele descobre que não foi culpa dele, afinal.

Aquele que ele ama acima de todos, seu irmão favorito, a quem ele jurou proteger até seu último suspiro, convidou seu pior pesadelo para a cidade deles para acabar com ele para sempre.

Klaus foi traído muitas vezes por pessoas de quem gosta, pessoas em quem confia. Seus irmãos. Os pais dele. Seus amantes e amigos. Até a mãe de seu filho. Mas ninguém jamais o feriu tão profunda e cruelmente quanto Rebekah.

"Vá embora, Rebekah", diz Elijah, parando na frente dela.

"Não se mexa!" ele rosna.

"Deixe-nos agora", insiste Elijah.

"Eu não posso", diz ela. "Estou preso neste cemitério, assim como você."

Ele tira a estaca de dentro do paletó e a lâmina de Papa Tunde do bolso. Os olhos de Rebekah brilham de medo.

"Elijah, ele tem a estaca de carvalho branco", ela estremece.

"Eu trouxe para você, irmã", Klaus espreita em sua direção.

"Saia da vista dele", Elijah resmunga, seus olhos penetrantes nunca deixando Klaus. "Sua presença aqui só serve para irritá-lo. Deixe-o comigo, agora ."

Rebekah se desvanece e os lábios de Klaus se contorcem de raiva. Elijah entra em seu caminho novamente, abrindo os braços no que ele certamente pensa ser um sinal de paz. Para Klaus, é uma declaração de guerra.

Estou pedindo de irmão para irmão. Vamos acabar com essa bobagem agora."

Um músculo se contrai na mandíbula de Klaus. "Você ficaria do lado daquele traidor?"

"Não estou escolhendo um lado, mas não vou permitir que você machuque nossa irmã."

"Não podemos deixar este cemitério, Elijah. Quanto tempo você acha que pode defendê-la?"

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