Capítulo 1

72 2 0
                                    

Na segunda feira, assim que entrei na escola, vi que algo de diferente se passava...

- As minhas amigas não estavam à minha espera

- Não havia ninguém fora da escola

- Havia um ruído ensurdecedor vindo de lá de dentro

Alguma coisa se passava...Como apenas o Leo estava sentado nas escadas a ler, fui falar com ele:

-Então Leo! O que se passa? É estranho...não está aqui ninguém! - ele corou e percebi o que eu tinha feito sem querer, chamei-o de ninguém... - Sem seres tu claro! - aí vi que a expressão dele suavizou. 

- A... Eu. . . A-cho que. . . - e desatou a correr. Por eu não falar com ele nem lhe prestar atenção nunca, ele deve ter ficado tão surpreendido por eu notar a sua presença e falar com ele, que entrou em pânico...

De repente, alguém sai da escola a correr e bate em mim.

-Aii! - grito. Virei-me para ver quem me tinha empurrado e deparei-me com uma rapariga de beleza surpreendente: Cabelos castanhos ondulados e do mesmo cumprimento dos meus, olhos verdes brilhantemente sedutores. Usava um top de um verde acinzentado e uma mini-saia branca exageradamente curta. Parecia não ter nenhuma camada de maquilhagem na pele. Surpreendentemente, era mais bonita que a Vanessa, e talvez, mais poderosa...

A rapariga vira-se para mim e noto que os seus olhos estavam marejados de lágrimas. Já vos tinha falado do meu enorme talento para detetar falsidade? Não? Eu notei...aquilo eram lágrimas puramente falsas, derramadas propositadamente para causar drama e escândalo.

Devo ter feito alguma expressão de conquista, pois ela retribuiu-me com um sorriso malicioso no rosto, e afastando seduzentemente o cabelo da cara disse:

- Acho que tens de tratar melhor o teu amiguinho - referindo-se ao Leo - parece gostar tanto de ti, mas é uma pena que alguém como tu não possa perceber isso...

E foi-se. Continuando o drama e enchendo a cara novamente de lágrimas falsas, entrou pela porta das traseiras da escola.

O meu detetor mental de falsidade explodiu: COBRA. A facilidade em descobrir a sua maneira de ser foi tão grande, que reparei que a minha mente tinha ganhado mais uma medalha: a grande conquista em detetar a maior estúpida do universo. Eu só via dois finais para isto: Ou ela e a Vanessa se tornavam amigas, ou fortemente rivais. E não sei porquê, a segunda opção fez-me sentir feliz, e era a que teria provavelmente mais facilidade em tornar-se real. A Vanessa certamente não permitiria que alguém notavelmente bastante mais competente que ela andasse por perto...

Com isto tudo, já tinham passado 3 minutos da hora do início das aulas, e corri o mais rapidamente que consegui para a sala.

Bati à porta e entrei. Olharam todos para mim. A Jen e a Lu sorriram e acenaram-me, devolvi o sorriso, mas este, rapidamente desvaneceu: Ela estava na minha turma. Lançou-me um sorriso simpático e disse-me "Olá" quando reparou que estava a observá-la. O meu detetor de falsidade explodiu outra vez, e aí, eu entendi o jogo dela... Ela fazia-se de boazinha para agradar aos outros, mas eu percebi que aquilo era uma máscara... 

A professora também ainda não tinha chegado. Sentei-me num lugar entre a Jen e a Lu. A víbora estava na fila da frente. Ótimo, então ela também ia fazer-se de interessada nas aulas para cair nas boas graças dos professores. Ok, sei que parece uma conclusão muito precipitada, mas o meu talento natural para distinguir pessoas que têm mais intensões do que as que demonstram, nunca falhou, e até a Lu e a Jen reconhecem este dom. Normalmente, quem se senta à frente só é uma destas coisas: Ou nerd, ou alguém que quer aumentar as notas, ou quem quer cair nas boas graças dos professores... Claro que podemos concluir facilmente que este tipo diferenciado de víbora está inserida na terceira opção... mas acontece que infelizmente, os professores não pensam desta maneira...

Quando as aulas acabaram, chamei a Jen e a Lu para virem a minha casa. Precisávamos de falar sobre a tal...

A campainha tocou e fui logo abrir a porta. A Jen e a Lu entraram e direcionei-as para o meu quarto. Elas vinham com uma cara de preocupação, pois eu não lhes tinha contado qual o motivo desta reunião...

-Bem... - comecei - Queria saber o motivo da concentração inesperada das pessoas dentro da escola hoje de manhã, e o porquê de, do nada, sair uma rapariga a "chorar" do meio da multidão...

- Ah! Só isso? Pensei que fosse mais preocupante. - disse a Lu - Bem, a tal rapariga que saiu a chorar, é nova na escola, como deves ter percebido. Ela é extremamente bonita, e por incrível que pareça, é muito simpática! Só a Vanessa não gostou dela, mas bem... é a Vanessa, é uma parva. Continuando, quando ela entrou foram todos falar com ela, e a coitada é tímida, resultado: Entrou em pânico e desatou a fugir da multidão. Só isso...

Perfeito, então fingia-se de tímida... E parece que eu e a Vanessa éramos as únicas que sabíamos da verdade...

-Olhem - disse - ela não é o que parece. - E contei tudo.

- Impossível, Willow. Ela só deve ter ficado constrangida e teve essa reação. - rematou a Jen.

- Não meninas! Ela é uma cobra! Vê-se só ao olhar para ela! - falei elevando o tom de voz.

- Olha Willow, parece que mudaste muito. Já não sabes reconhecer boas pessoas?! Acho que elogiávamos demasiado esse teu dom para detetar falsidade... agora pensas que toda a gente é falsa?! Sinceramente... Se é para continuares a convencer-nos de que a Stephanie é do mal, vamos embora.

E com este remate bem na minha cara, saíram...

Stephanie. Já tinha visto que tinha dom para a maldade. Logo no primeiro dia e já me põe contra as minhas amigas...

Esta é que ia ser boa...


Igual aos Outros? - Horrivelmente lindoOnde histórias criam vida. Descubra agora