12 • Traga a livraria de volta

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— A senhorita me acompanharia até a livraria?

O segundo entre o escutar da pergunta de lorde Chapmont até que eu a assimilasse foi como estar em câmera lenta. Mesmo o galopar alto de um cavalo atravessando a rua e o bater de uma porta em algum lugar nos arredores soaram como ecos distantes. Piscando os olhos, eu encarei o homem, muito austera. Não sabia o que ele queria com a oferta, mas dados nossos últimos encontros, já podia imaginar que aquilo não acabaria bem. Além disso, como eu poderia esquecer o pequeno papel que ele entregara ao meu pai na noite anterior? E se, com seu humor sarcástico, ele estivesse zombando de mim por não poder entrar na livraria?

— Obrigada, mas é melhor não — respondi num tom mais ríspido do pretendia.

Parecendo nada abalado por minha resposta, lorde Chapmont apenas meneou a cabeça um pouco para o lado, pensativo, como se aguardasse que eu o dissesse algo mais.

— Eu agradeço a oferta, mas não precisa fazer isso porque não posso entrar na livraria — completei.

Nesse momento, a expressão de Chapmont mudou de tranquila para surpresa num segundo. Seus olhos arregalaram-se e ele balançou a cabeça em negativa veementemente. Enterrando as mãos nos bolsos da calça de risca de giz, ele se aproximou um passo.

— Me perdoe se soei dessa forma, senhorita, não foi isso que quis fazer. Jamais. Na verdade, eu já estava planejando ir à livraria com Harold, mas como viu, ele foi resolver o caso na loja com Lady Lawburn. Então, como ainda quero ir e a senhorita também disse querer entrar, não vi problema em juntarmos o útil ao agradável — explicou, muito mais sério que de costume. — Me desculpe se pareci estar insinuando algo assim. Já tivemos desavenças demais em tão poucos dias, Lady Greaves, e está longe de mim querer criar outra. Apenas quero um acordo de paz.

Em silêncio, eu o escutei atentamente. Ele parecia estar sendo sincero, mas eu não podia dizer com certeza por baixo de todo seu charme e sequer podia confiar nele. Ainda assim, pensando mais um pouco, ponderei a oferta com cuidado. Inegavelmente, eu desejava entrar na livraria, mas acima de tudo, queria saber o que era o bilhete secreto do jantar. Com aquela chance, talvez eu conseguisse algumas respostas.

Quase sem acreditar no que estava prestes a fazer, eu respirei fundo e assenti levemente com a cabeça antes de dizer:

— Nesse caso, em nome da paz, eu aceito.

Alguma surpresa relampejou no rosto de lorde Chapmont outra vez, mas logo se recompondo, ele sorriu e me deu o braço para que o acompanhasse. Quando o tomei, nós dois ficamos tensos e caminhamos até a livraria com o peso de nossas desavenças sobre os ombros. Nós passamos pela porta e um pequeno sino tilintou, me assustando em meu estado aflito. Passei tão rija quanto um bloco de mármore pela soleira de entrada, mas quando o cheiro de livros antigos e o horizonte repleto de prateleiras surgiu, metade dos sentimentos ansiosos foi engolida pelo deleite de estar naquele cômodo.

Suspirando, eu deixei meus olhos perderem-se no lugar. Estantes de madeira mogno formavam corredores repletos de lombadas iluminadas por luzes amarelas, e raios solares vinham de algum lugar no fundo do estabelecimento. Os livros tinham capas de couro com cores em bloco e estavam metodicamente organizados por autor, coleção e cor... exatamente como era na sala do Sr. Nurbury na editora.

A semelhança entre os lugares me atingiu. Eu respirei fundo, precisando de muito esforço para não parecer tão mesmerizada perto de lorde Chapmont. Com meu braço ao redor do seu, ele esperou calmamente que eu decidisse me mover e quando o fiz, acompanhou meus passos. Eu andei até a estante mais próxima e deslizei um dedo sobre a lombada de um livro carmesim, sentindo tudo ficar ainda mais familiar. O título da obra estava impresso em letras pretas no couro, nomeando a belíssima edição de Um Estudo em Vermelho.

Trago Seu Amor de VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora