(Aperte o play e aproveite a música junto com a fic. Espero que gostem ;)
Tiro meus sapatos antes de subir ao palco, Akira faz a mesma coisa. Eu olho ao redor e vejo um violino.
Perfeito.
Eu pego o instrumento musical e o afino. Ele é grande demais para meu ombro e minha cabeça, já que não sou muito grande, mas ajusto ele para eu me encaixar.
Quando consigo encaixá-lo e ajusto o microfone, olho para Akira e aceno. Ela acena de volta já com o microfone, ou algo parecido, na mão.
Então, soltamos nossa arte através da voz.
Começo com o violino, é uma música animada, viva e feliz, como estou me sentindo agora. Fico mais feliz em saber que Akira já sabia a música que eu queria cantar. Aprendi essa melodia com minha mãe, que me ensinou as notas. Aprendi a tocaralguns instrumentos observando pela janela uma pequena escola de música da nossa antiga vila. Óbvio que nosso pai não deixou eu entrar na escola, mas mesmo assim, todo dia eu ia lá para observá-los, cada estudante.
Observara cada detalhe dos dedos, cada respiração, jestos, olhares, sentimentos e cada linguagem corporal. Cada mínima coisa eu observara para tentar replicar mais tarde.
Certa noite, invadi a escola, que se parecia mais como um estúdio e toquei todos os instrumentos.Depois daquela noite, invadi o espaço até me aperfeiçoar em cada instrumento. Dia após dia eu invadia com Akira em meus braços para tocar. Ela cresceu ao redor de música, as notas sempre fizeram parte de sua vida. Ela aprendeu a tocar alguns instrumentos, mas não gosta de tocá-los. O que ela gosta de fazer é cantar. Eu a ensinei cada tom de voz que aprendi.
Essa música que estamos cantando é a nossa preferida, pois nossa mãe nos ensinou e eu ensinei a Akira. É uma relíquia de família. A única coisa viva de nossa mãe que está presente em Akira. Preservo cada detalhe para que ela não se esqueça.
Para que eu não esqueça.
As notas musicais correm com água entre meus dedos. Akira dança enquanto canta, ela agora está dançando na grama, não mais no palco, não mais ao meu lado. Eu a imito. Quando chego na parte do violino, rodopio segurando o violino.
Livre.
Me sinto livre.
Transmito meu sentimento em cada nota musical que toco. Quero que cada feérico e feérica saiba como estou me sentindo.
Quero que Feyre, Rhysand, Morrigan, Azriel, Amren e Nyx saibam que me sinto viva e feliz
Cada gota de sentimento que sinto, cada rachadura minha se curando, cada gota de suor que percorri para chegar até aqui, cada memória feliz que eu tive. Transmito tudo e um pouco mais no violino.
Estou rodopiando entre os feéricos cantando e tocando. Estou pulando e girando de felicidade. Akira faz a mesma coisa, sinto a felicidade emanando dela e meu coração fica mais feliz ao sentir isso.
Quando a música está prestes a acabar, Akira e eu pulamos de volta para o palco e finalizamos ali. Meu violino cessa e nossas vozes descansam.(Se a música não terminou até aqui, pare de ler e deixe a música percorrer o seu ser. Ou deixe a música guiá-lo e dançe como as duas irmãs. Você só continuará a ler quando a música parar. Não é um pedido, e sim uma ordem. Aproveite o momento, querido leitor)
Escuto palmas e gritos.
Palmas e
gritos...
Me curvo para a frente em agradecimento e quando levando, gargalho.
Eu gargalho.
Pela prieira vez desde que nossa mãe morreu eu rio até lágrimas de formarem em meus olhos.
Feliz.
Estou feliz.
Olho para Akira e a vejo gargalhar também.
Eu a puxo para um abraço. Sinto seus braçinhos ao redor da minha cintura e penso em como eu a amo.
-Eu te amo Akira-Digo a ela a primeira coisa que vem em minha cabeça-Muito-Ainda escuto as palmas e os gritos dos feéricos.
-Eu a amo ainda mais-Ela diz sorrindo, pegando em minha mão enquanto saímos do palco.
-Impossível-Eu sssurro.
Quando chegamos ao Círculo Íntimo, onde estavam nos olhando não muito longe, pude perceber cada um deles sorrindo, até Azriel.
Akira corre para os braços do feérico e pula, por instindo, Azriel a pega no ar e a leva para cima de sua cabeça.
Akira fica apoiada em cima do pescoço do encantador de sombras.
Não sei onde enfio minha cara.
Mas não tenho tempo para pensar nisto, Feyre e Mor vem correndo me abraçar. As duas ao mesmo temo. Eu as abraço de volta.
-Você arrasou!-Mor diz
-Você estava radiante, querida-Feyre elogia.
-Obrigada-Eu digo quase sussurrando, mas sei que elas me escutaram.
Mor e Feyre param de me abraçar, mas seus sorrisos não saem de seus rostos. Nem do meu.
-Parabéns, garota-Amren diz-Vejo que esconde mais talentos do que eu imaginava.
Quero abrir a boca para protestar, mas me pego atenta na conversa de Akira com Azriel.
-Gostou do nosso show?
-Sim-Az responde.
-Suas sombras estão agitadas-Ela estica a mão para tocá-las, mas elas recuam-Calma sombras, não vou machucar vocês.
Azriel abre a boca para falar algo, mas fica paralisado.
Não consigo acreditar em meus olhos. Devo estar sonhando.
Akira está tocando em suas sombras. Sua mão está estendida com a mão aberta e as sombras se enroscam por toda a extensão de seu braço.
-É a primeira vez que vejo algo assim-Rhysand diz ao meu lado.
Franzo a testa.
-Não é normal?-Pergunto.
-Não. Isso não é nada normal-O feérico diz surpreso-Em todos os anos que eu conheço Azriel, ninguém jamais tocou em suas sombras. Ou melhor dizendo, as sombras jamais deixaram serem tocadas a não ser pelo próprio encantador de sombras.
Eu o encaro atônica.
-Vocês realmente não são normais, precisamos investigar seus antepassados para compreendê-las-Rhysand se vira para mim-Você gostaria de conhecer suas origens?-Ele aponta para minha irmã, ainda brincando com as sombras-E as dela?
-Sim-Balanço a cabeça-Eu gostaria muito.
Rhysand sorri.
-Então, Júlya, você não gostaria de trabalhar para mim?
Sinto uma alfinetada em meu peito.
Trabalhar para ele.
Não. Absolutamente, não. Eu não vim até aqui para trabalhar para alguém, mesmo que seja um Grão-feérico, eu não ligo.
Agora sou um espírito livre. Ninguém jamais mandará em mim outra vez. Não seguirei ninguém, só se for por livre e expontânea vontade da minha parte.
Sou dona do meu caminho.
Prometi a mim mesma que serei livre.
-Não, obrigada pela oferta, Rhysand. Mas, não trabalharei para você, e nem para ninguém.
Ele me fita, não consigo ler a sua expressão. Porém, sinto empatia emanando dele.
-Se mudar de ideia, é só me procurar-Ele diz-A propósito-Rhys sorri-Sua música foi a melhor que já escutei. A melodia combinou com Velaris. Espero que vocês venham cantar mais vezes.
As entrelinhas estão ali, mas sou esperta para não entendê-las. Rhysand acabou de me dizer que, mesmo eu não aceitando sua oferta, sou bem-vinda em Velaris. A alegria me preenche e não consigo deixar de sorrir em reposta.
-Iremos sim, obrigada-Digo-De verdade.
Rhysand apenas sorri, e saí caminhando em direção a sua esposa, que falava com Mor. Eu os admiro tanto. A relação deles é tão saúdavel, sempre apoiando e escutando um ao outro. De todos os dias que estou aqui, nunca vi algum deles levantarem a voz ou brigarem. Nunca os vi fazendo isso. Por outro lado, me sinto triste em achar estranha a relação deles. Como cresci em um ambiente conturbado, agressão física e verbal sempre fizeram parte da minha vida. Da nossa vida. Minha e de Akira. Não sei como ela se acostumou tão rápido aqui, ainda me sinto um pouco deslocada. Não tanto quanto antes, mas ainda me sinto um peixe fora da água. Observo cada um, Akira brincando com Azriel, Rhysand e Feyre conversando abraçados, Amren falando com Mor. E eu? Onde eu me encaixo nisso tudo?
-No que você está pensando?-Nyx aparece subtamente ao meu lado. Não me assusto desta vez. Ele me encara e segue o caminho traçado pelos meus olhos.
Seus pais se abraçando, e logo, se beijando suavemente.
Não consigo parar de encará-los. Eu daria tudo para ter pais como os dele. Daria qualquer coisa. Sei que eu seria uma pessoa diferente se tivesse crescido rodeada de amor. Me sinto culpada por me sentir assim, nada do que eu fizer mudará qualquer coisa. Tento deixar minhas memórias no passado, mas não consigo, elas me perseguem como trevas. Não consigo me livrar delas porque sei que estão cravadas como estacas em meu coração. Não consigo me sentir feliz por eles, e nem tento.
-Eu invejo você, Nyx-Digo ainda olhando para seus pais, que estão abraçados, só escutando a música que a banda toca. Sinto que ele me observa, mas não faço o mínimo esforço para olhá-lo de volta.
-Por quê?-Ele me pergunta inexpressivelmente.
-Não está na cara, Nyx? Viemos de mundos totalmente diferentes. Você cresceu com todo amor do mundo ao seu redor, enquanto eu...-Minha voz falha-Enquanto eu cresci em um vazio sem fim.
Paro de observar o casal. Passo a olhar Akira. Minha única família. A única pessoa que amo mais do que eu mesma. Eu a vejo sorrindo e sinto meu coração quase parar de bater.
Nem Akira me entende. Parece que ninguém me entende, sinto um vazio tão grande em meu peito, que tenho que forçar minha voz a sair.
-Estou cansada-Olho para Nyx.
-Não quer conhecer mais Velaris? Você estava tão animada hoje mais cedo. Tem certeza?
-Estou cansada-As palavras parecem agulhas em minha garganta. Não consigo entender o que sinto, pareço um ser ambulante sem sentimentos que, de uma hora para outra, me sinto triste sem nenhum motivo.
-Tio Az-Nyx chama-Vou levar Júlya para casa, pode levar Akira depois?
Akira parece preocupada.
-O que foi?-Ela pergunta.
Forço um sorriso.
-Nada, Kira. A mana só está cansada.
-Verdade?-Seus olhinhos emanam preocupação.
-Claro, vou voltar para descansar um pouco. Azriel lhe levará depois, ok?
-Ok-Diz ela relutante-Eu gosto de ficar com o tio Az.
Se eu tivesse energia para rir, eu já estaria no curvada sob o chão.
Olho para Nyx, achando que ele estaria rindo, mas o que encontro em seu rosto me diz algo totalmente ao contrário.
São muitas emoções emanando dele. Muitas. Mas a que prevalece é a dor. Ele está com dor por mim. Não consigo entendê-lo.
Nyx me pega em seu colo, passando seu braço esquerdo pelas minhas pernas, e seu braço direiro pelas minhas costas.
Ele salta e não consigo precessar o que sinto, até sentir de verdade.
Solidão.
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O Dia em que te Conheci
Fanfiction-Estamos quase chegando Akira-Uma mentira descarada para tentar manter minha irmã acordada-Aguenta só mais um pouco. -...nunca chegamos...-Senti sua respiração trêmula em minha nuca, partindo meu coração já despedaçado a muito tempo. Minha irmã e eu...