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Cinco anos depois.

⤿ Torre de Vigia, atmosfera terrestre.

Ignis, 21.— a voz metálica soou pela Torre assim que passei pelo tubo de explosão.

Depois de ter que escutar aquelas coisas do Bruce, eu vivi os cinco anos mais difíceis da minha vida.

Seu sorriso e jeito brincalhão quando estávamos sozinhos não saíam da minha cabeça. Sua voz rouca ainda estava na minha cabeça, assim como o que ele me disse.

Você deveria ir embora. Vá embora e não volte nunca mais, suma da minha vida. Sei que pode terminar o soro do Victor de casa, então quando eu voltar, não quero te ver aqui. Nem você nem nada seu. Isso já deu o que tinha que dar, então vá embora.

Fazia dois anos que eu o conhecia quando fui para a mansão, mas apenas dois meses que o conheci de verdade. Continuei vivendo em Gotham até o dia em que Dick bateu à minha porta.

Ele se sentou no sofá e contou tudo. Bruce estava depressivo, amargo e agressivo. Mal vivia sua vida fora da capa, se dedicando praticamente o tempo todo ao Batman. Ele não saía mais da Batcaverna, não se alimentava direito e deixava os vilões a beira da morte, tendo inclusive que ser hospitalizados.

Naquele dia, Richard implorou para que eu fosse até a mansão e conversasse com seu pai, mas eu não podia e não ia me sujeitar a isso. Depois das coisas horríveis que ele me disse, eu não queria vê-lo tão cedo.

Tanto que me mudei para Metrópolis, a fim de esquecer o Batman.

Passei quatro anos e dois meses em Metrópolis, ajudando Clark e ganhando sua confiança. Quatro meses depois fui recrutada para treinar uma equipe de adolescentes, os Jovens Titãs. Eu seria sua mentora e isso foi muito bom para a minha saúde mental, até que o conheci.

Timothy "Tim" Drake. Ele usava um traje de Robin, e toda vez que o olhava eu me lembrava da maior decepção da minha vida, mesmo sabendo que ele não tinha culpa ou ligação com aquele acontecimento. Ele me contou que havia começado a ajudar Bruce a apenas um ano depois da morte de Jason, e que vinha sendo o Robin Vermelho a quatro anos, junto com Stephanie Brown, a Batgirl. O mais curioso foi o que disse depois, que um garoto chamado Damian havia aparecido a uma semana antes que ele saísse de Gotham, afirmando ser filho biológico de Bruce.

Mas o pior não foi isso. O pior foi quando eu cheguei na minha casa exatamente cinco anos e nove meses depois da morte de Jason. Era dia primeiro de dezembro.

Abri a porta do meu apartamento e entrei cautelosa, com uma sensação de estar sendo observada. Acendi a luz da sala com fogo brilhando na minha mão, que se apagou ao ver quem era.

Oi.

Bruce estava mais abatido, mas mesmo assim ele conseguia estar mais bonito do que antes.

Alguns fios brancos penteados minimamente o davam um ar de galanteador, e sua voz baixa denunciava seu nervosismo.

—O que faz aqui?— joguei as chaves da porta na bancada da cozinha.

—Tim me contou que você é a mentora dos Jovens Titãs.

Aquele fofoqueiro. Franzi as sobrancelhas.

—Ele não sabe sobre o que aconteceu entre nós, não o culpe.— foi como se lesse a minha mente.

Ele estava mais que ansioso. Suas palavras saíam cautelosamente, praticamente medidas.

—Vou repetir minha pergunta, Wayne. O que faz aqui?— o encarei.

Minha vontade naquele momento era de pular em seu colo e beijá-lo como nunca fiz, mas eu não iria. Eu não voltaria correndo para ele, por mais que quisesse.

𝕋𝕙𝕖 𝕀𝕘𝕟𝕚𝕤Onde histórias criam vida. Descubra agora