Capítulo 3 - Os olhos errados

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Maquinalmente, Veronica tinha apanhado mais um copo de uma bandeja que alguém lhe estendera sem ao menos saber o que estava bebendo, só sabia que o líquido era amargo demais para um refrigerante e que esse já devia ser o terceiro copo que ela tomava, ou talvez fosse o quarto.

Tinha escapado silenciosamente pela porta-janela envidraçada que dava para o jardim e agora estava na penumbra, sozinha com seu copo, acompanhando pares de dançarinos consumindo as músicas românticas. Apesar daquela iluminação que não a permitia distinguir quase ninguém e dos muitos casais na pista, Veronica conseguia ver um par de namorados envolvidos pela música.

Era como uma tela de cinema, e como se gostasse de todo aquele sofrimento de ver Archie e Betty juntos, Veronica continuava concentrada, imaginando cada fala, e até se iludindo com a possibilidade de estarem falando dela. Estava tão entretida que até se sentiu irritada quando uma silhueta alta entrou  em sua frente a tirando de seu foco.

— Oi. É uma festa particular? Você poderia me convidar – diz o rapaz alto de olhos azuis e cabelos ondulados negros contidos por uma touca cinza em forma de coroa. – Eu sou Jughead. E você?

— Eu? Eu sou a Ilusão... – digo sem saber se estava mais chateada pela intromissão ou pela cena que foi interrompida.

— Ilusão? Este é um nome estranho para quem está sozinha. A ilusão nunca está sozinha – diz Jughead com humor, para a bela garota interessante que havia encontrado no jardim de seu melhor amigo.

— Pode me chamar de cretina então, é o meu apelido

— Cretino é aquele que crê em tudo que ouve. Você acredita em tudo?

— Eu? Não. Só naquilo que me ilude.

— Acreditaria se eu dissesse que você é a garota mais linda da festa? – sorri e se encosta na parede sendo iluminado pela luz da lua. Por um momento me perco em sua beleza e no seu comentário, mas logo volto.

— Não. Eu diria que você está zoando com a minha cara e te esbofetearia.

— Seria uma nova experiência ser agredido por uma ilusão.

— Ou por uma cretina.

— Você tem resposta para tudo, não é?

— Não. Só para quem tem pergunta para tudo. – e em um gole bebo o resto do líquido do copo e o vejo se aproximar de mim.

— Quer outro? – pergunta pegando o copo de minha mão e por um momento sinto sua mão quente tocar na minha e logo sair junto do copo – Vou buscar.

Jughead sumiu pela casa e Veronica aproveitou para voltar para sua sessão de tortura. Pela porta-janela saia um vulto de um casal, que mesmo que não desse para ver quem eram, Veronica sabia que eram eles, Archie e Betty. Ela pôde ver quando sua melhor amiga ergueu o rosto e quando o seu sonho a envolveu em um logo beijo.

Como um gatilho, Veronica finalmente sentiu o efeito da bebida que agora ela percebera que era alcoólica. Sentiu-se tonta e o mundo parecia oscilar até que sentiu seu corpo colidir com a terra úmida.

Ela não tinha perdido a consciência, mas não conseguia e nem queria se mexer. Sentia a tudo mais do que nunca, principalmente seu coração palpitando ao ver a silhueta escura e borrada — devido à bebida — de seu sonho.

Não conseguia falar, mas em sua cabeça teria dito "Cristiano... você veio...".

Apertou-se intensamente contra seu peito quando ele a puxou pela cintura para fazer-lhe ficar em pé. Sentiu tudo formigando, principalmente o interior de sua barriga quando sentiu aqueles braços firmes lhe apertarem e ao sentir o cheiro de sua colônia masculina, pôde sentir uma correntinha roçando-lhe o rosto devido a inclinação do rapaz pela grande diferença de altura.

Veronica ergueu a cabeça e olhou para seu rosto, quase não conseguindo ver nada além dos lindos olhos azuis de Archie. E assim o rapaz passa a mão por seu pescoço o puxando para mais perto e finalmente colando seus lábios com o da garota. Ambos sentiram uma sensação única, principalmente Veronica por estar beijando seu sonho, apesar daqueles olhos parecerem errados.

"Archie..."

"

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Os Olhos Errados - VugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora