Capítulo 15 - Fogo!

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Passo pela porta escutando o sininho singelo da livraria. Adentro o local olhando os livros e pensando se pego um para me tirar da minha realidade ou se apenas fico sentada em um canto no lugar mais silencioso da cidade.

— Senhorita Ilusão! – ou não tão silencioso assim.

— Oi Jughead! – passo o dedo pelos livros, acho que ficar sozinha não será mais possível.

— É sempre tão encantador ver sua alegria ao me encontrar. – diz irônico e eu apenas continuo olhando os livros, na verdade só fingindo mesmo porque não fazia ideia nem em qual ala eu estava – Ué, Senhoria Ilusão... sem respostas na ponta da língua... e... olhando a seção de livros de comédia? – segura meu braço e me vira em sua direção em um movimento suave – Algo aconteceu?

— Nada, Jughead. Talvez eu só esteja cansada de sempre ter as respostas certas... ou te sempre ler as mesmas coisas – me viro novamente andando rápido até outra seção de livros, sinto ele me seguindo, mas apenas ignoro me sentando no chão e pegando um livro qualquer da estante.

— Olha eu posso não ter um rabo de cavalo loiro, ou ombros largos e cabelos ruivos, mas saiba que eu ainda estou aqui caso queira conversar, ou se quiser apenas uma companhia enquanto lê "O Jogo da Sedução: Cinco Segredos Para Dominar a Arte da Conquista"? – pergunta soltando um mini riso, e eu contenho o meu. Devia ter lido antes de pegar – Bom, já vou indo...

— Jughead, espera! – ele para e se vira – Pode ficar, mas só se me trouxer algo melhor para ler. – sorri genuinamente.

— Pode deixar, Senhorita Ilusão! Não se decepcionará com meu gosto literário! – pisca para mim enquanto vira para outra seção e desaparece.

Não demora muito para que o rapaz de cabelos escuros volte novamente com os braços atrás das costas.

— Feche os olhos.

— Isso é sério? – rio da infantilidade.

— Seríssimo – sorrio e fecho meus olhos. Ouço seus passos em minha direção e consigo sentí-lo sentando ao meu lado. Ele coloca o livro em meu colo.

— Pode abrir – diz baixo e abro os olhos me deparando simples e linda capa branca do livro com apenas um único desenho.

— "O pequeno príncipe"... acertou em cheio torombolo – digo contente, foi o primeiro livro que li e que me fez amar leitura, tenho um carinho e uma nostalgia enorme por ele.

— Acredito que seja uma verdade universal de que esse livro consegue cativar qualquer pessoa... – olha em meus olhos, mas corta rapidamente – O que é torombolo?

— Talvez um dia eu te conte. – ia começar a falar mas eu corto – Não começa se não eu te expulso daqui.

— Tá bom, estressadinha. – faz sinal de rendição e começamos a leitura.

* * *

Eu parecia invisível, naquela manhã. O primeiro sinal acabara de soar quando eu cheguei no colégio. Não tive coragem de juntar-me ao tumulto dos estudantes correndo para as classes. Apenas me encostei na parede, abraçando o fichário e o livro de química inorgânica, observando o pátio se esvaziar

Imediatamente começo a lembrar da tarde que tive com Jughead, foi um momento bom, afinal não foi tão ruim assim encontrá-lo. Depois de lermos, conversamos um pouco e me despedi dele para ir para casa, pois estava ficando tarde. Achei fofo sua preocupação de me levar, mas dispensei, disse que precisava caminhar um pouco e pensar. Cheguei em casa e não posso conter o riso com a cena mais engraçada da minha vida: assim que abri a porta me deparei com minha mãe xingando Archie e Betty, os chamando de sem vergonha e os mandando embora. De acordo com minha mãe, ela havia chegado em casa com enxaqueca e se surpreendeu ao encontrar Archie com Betty aos beijos no sofá da sala.

Os Olhos Errados - VugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora