3. o vestido azul.

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Era a segunda vez que Visenyra encontrava com Criston. Os olhos castanhos do cavaleiro estavam teimosamente fixados no rosto da garota, enquanto sua boca entreaberta mostrava a surpresa que Criston sentia ao vê-la daquela forma. Ele podia ver, mesmo sem focar em seu corpo, que o longo vestido azul da princesa estava solto no tronco: os braços delicados da Princesa segurando o pano sobre os seios, deixando seus ombros e uma parte generosa de seu colo à mostra.

Visenyra não sabia onde estava Nadyne, a sua dama de confiança, e nem poderia perguntar: não teria a audácia de sair do quarto com suas vestes de dormir. Então, confiando em sua elasticidade física e em seu histórico de ajudar Rhaenyra e Alicent a se vestirem, ela tentou vestir aquele maldito e complicado vestido sozinha. Ah, quão arrependida ela estava. Seu cabelo, que passara horas arrumando cuidadosamente, começava a assanhar.

Havia derrubado alguns castiçais, tropeçado em uma cadeira e derrubado a fruteira de madeira que estava cheia de suas frutas favoritas: mangas, bananas, alguns cachos de uva e morangos -que ela não gostava realmente, mas apreciava o azedo da fruta que considerava tão bonita.

Foi pelo barulho de tantas coisas encontrando com o chão que Criston, alarmado, bateu na porta. Ele só não esperava encontrá-la daquela forma. Ele nem soube reagir. Estava congelado na porta do quarto da princesa.

- Criston, você chegou numa boa hora! - Ela disse, erguendo a mão na direção da dele, para puxá-lo quarto a dentro, mas parou. - O que você faz aqui, na verdade?

- Princesa. - Ele demorou alguns segundos para responder, engolindo em seco. - Vossa Majestade me pôs como seu protetor. Estive esperando sua saída para comunicá-la.

- Assumo minha culpa. Demorei mais do quê o usual nesta manhã, sir Criston. Não estou com Nadyne para ajudar-me a resolver o enigma de vestir esse vestido.

- Devo buscá-la? - Ele questionou, pronto para seguir a primeira ordem de sua princesa.

- Você sabe do paradeiro dela? - Ela perguntou.

- Mandarei a Guarda Real procurá-la e a trarei pessoalmente para a senhora.

- Por favor, Criston! Não há tempo. - Ela continuou o movimento de puxá-lo para dentro de seus aposentos e fechou a porta. Deixando Criston de lado e na expectativa de ser seguida, ela seguiu caminho para sua cama, que, devido a grandiosidade dos Quartos Reais, parecia um outro cômodo. - As armaduras mirabolantes usadas por vocês são repartidas em dezenas de peças que devem ser encaixadas, então acredito que não deve ser uma grande tarefa auxiliar-me com este vestido.

- Não são bem dezenas de peças... E não acho que isso seja correto, Princesa. - Ele disse, incerto. Poderia não ser nada demais para ela, mas qualquer um que entrasse por aquela porta iria tratá-lo como um criminoso. Estar a sós com a Segunda Princesa, que nem vestida está... uma clara afronta a Coroa.

Visenyra virou-se na direção de Criston. Ele estava certo e ela não poderia se importar menos. Visenyra não se importava com a moralidade de uma religião ou com as regras da Coroa, ela fazia o que bem entendia contanto que sua família não fosse gravemente afetada. Com um grande ênfase no gravemente porque seu pai, o Rei Viserys, se afetava por absolutamente qualquer coisa.

Ela seguia as regras e a moral na maior parte do tempo, não por medo ou crença, mas porque ela queria seguir.

- Não se preocupe. Você somente estará ajudando sua princesa como qualquer servo deste Reino faria. - Ela tentou o tranquilizar.

- Não trago segundas intenções comigo, Princesa: trago somente o desejo de ajudar-lhe. - Ele continuou a se justificar e ela riu, concordando com a cabeça.

- A Coroa agradece por sua honestidade e castidade. - Ela disse sorrindo enquanto via Criston avermelhar com a última palavra dita. Ele é engraçado.

Então ela virou-se, esperando por Criston. E Cole foi até ela, sua mão fria tocando a pele quente da Targaryen, que naturalmente se retraiu.

- Perdão, eu...

- Não há nada com o que se desculpar. - Ela o interrompeu. - É apenas estranho que sua mão esteja tão gelada.

- Não está. - Ele a respondeu.- Sua pele é muito quente, Princesa. Quase febril.

- Oh. - Ele ajudou-a a por os braços nas longas e apertadas mangas do vestido. Uma tarefa tanto quanto difícil de realizar sem olhar para o seio desnudo da Princesa, mas que ele fez ainda assim. Ele então pegou as fitas brancas das costas do vestidos e os atravessou por cada pequena brecha circular que tinha. Era como se Criston estivesse vestindo-a num espartilho. - Está fraco. - Ela disse e ele parou imediatamente.- Você precisa apertar mais, Criston. Este é um vestido que imita a cintura de um espartilho, você precisa apertar aí atrás.

- É muito diferente de uma armadura, eu ouso dizer. - Ele a respondeu, apertando as fitas com força e fazendo um suspiro escapar pelos lábios de Visenyra.

- É mais complicado, sim. - Ela disse e ele apenas assentiu com a cabeça, dando um laço tão bruto quanto um mercenário poderia dar. Estava horrível, ele admitia, mas era o melhor que poderia fazer. - Obrigado, sir Criston. - Ela respondeu enquanto ele se afastava. Ela olhou-se no espelho, analisando-se. Virou-se para ver as costas do vestido e quase rira do laço terrível que ali estava mas apenas balançou a cabeça. Seu cabelo era longo o suficiente para esconder.

- Eu tentei. - Ele se defendeu, adivinhando os pensamentos de Visenyra. Rindo, ela pôs seus cabelos para trás.

- Devemos ir. O Rei nos espera. - Ela ignorou a última fala de Criston, gesticulando para a porta do quarto. Num silêncio de segundos que pareciam horas, Criston analisou cada detalhe do vestido que cobria o corpo de Visenyra. Que os Deuses tirassem aqueles pensamentos de sua cabeça, mas ela era tão bonita com ombros desnudos que aquele tecido o entrestecia por cobrir tão bem o corpo dela.

- É um vestido bonito, ao menos. - Ele verbalizou seus pensamentos e nem percebeu. Visenyra arqueou a sobrancelha, confusa com Criston Cole. Como assim ao menos?

- Ao menos? - Ela repetiu suas palavras, os olhos de Criston esbugalhando quando ele percebeu que tinha dito aquilo em voz alta. - Eu sei que foi trabalhoso, mas é um vestido muito bonito para você falar dessa maneira. - Ela brincou e abriu a porta do quarto, saindo e deixando para trás Criston Cole mais atônito que nunca.

Que os Deuses me ajudem.

Observação:

Rhaenyra e Alicent têm 16 anos e Visenyra tem 15, sendo pouco menos de 1 ano mais nova que a Rhaenyra.

orange couple | criston coleOnde histórias criam vida. Descubra agora