Capítulo 11: Não solte.

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A restauração do lugar corria bem, o vagão estava limpo, a andarilha precisava achar uma forma de reparar cada pequeno arranhão, ela sentia que se os deixasse ali aquela ferida nunca iria parar de doer, mas como arrumar aquilo? A jovem sentou-se no chão escorando as costas na parede do vagão, ficou em silêncio olhando tudo com calma, agora que estava devidamente limpo e vazio, os detalhes ficavam evidentes.

Foi então que ela pode ver algo, uma porta. Curiosa Dreamer se aproxima e tenta em vão abrir a porta, para onde daria? Seria outro vagão? Como entraria? Por que essa porta se manteve fechada? Mais e mais perguntas surgiam deixando-a atordoada.

Em um sobressalto a andarilha sai do trem e verifica algo que tinha deixado de lado, uma informação crucial, o trem tinha muitos vagões, diferente das outras locomotivas que pode ver, esse trem carregava muita coisa consigo, se seu raciocínio estivesse certo ela teria de obter permissão para entrar em cada vagão até que o trem a aceitasse como real passageira.

Essa constatação a fez suspirar cansada, voltando ao vagão ela se deitou no chão, olhando para o teto sentindo o peito apertar em uma vontade boba de chorar.

- Eu nunca cheguei nem perto. . .

Como se para aumentar seu tormento a voz da ruiva soava em seus ouvidos, "Você chegou longe, é a primeira a chegar tão perto, mas devo voltar a repetir seu lugar não é aqui" ela tinha razão em uma coisa, ela chegou mais longe do que os outros, mas ao mesmo tempo não chegou perto o bastante.

Dreamer precisaria de mais forças, de mais empenho, mas seu corpo já carregava cicatrizes, sua mente não lhe dava paz e seu peito se comprimia em desânimo, nada adiantou, seus esforços mais uma vez foram inúteis, ela não era o bastante, talvez nunca fosse.

As portas do trem se fecham fazendo Dreamer sentar rapidamente, a mochila dela estava do lado de fora, não podia ficar presa ali, poderia acabar morrendo, estar numa caixa de metal durante o período que antecede o inverno era suicídio, mas já era tarde o trem partiu da estação.

Medo gelava suas veias como se todo o frio de fora já não fosse o bastante, o vagão vazio parecia grande demais, silencioso demais, a velocidade utilizada a fazia ter dificuldades para se manter de pé, em um ato assustado a andarilha se agarra em uma das barras de metal em busca de apoio.

Aos poucos ela consegue se acalmar e pensar com clareza sem que o medo estivesse nublando sua mente, ela não tinha a menor ideia de para onde aquela linha seguiria, os trilhos se tornam ainda mais irregulares fazendo o trem tremer e chacoalhar.

Os minutos se transformam em horas e Dreamer continuava grudada a barra, mesmo que suas mãos estivessem doloridas pela força feita e sua pele ardesse por conta do frio metal, ela não queria soltar, não queria se machucar mais, o impacto poderia ser demais e ela não queria desistir, tinha de conseguir, sua teimosia era tudo que tinha para se agarrar e grudaria nela como estava grudada na barra de metal.

Thє Ghσst Trαin αnd thє WαndєrєrOnde histórias criam vida. Descubra agora