12). Vicissitude

299 37 45
                                    


Faltava apenas um dia para Louis perder o controle e ser dopado em seu heat. Se considerava virgem de certa forma, porque só houve uma única vez em que foi ajudado em seu período, quando ainda era jovem. Depois disso, nunca mais quis outra pessoa com ele, porque não sentia que era certo. Se importava pouco com os fatos que comprovavam que não fazia bem para a saúde passar tanto tempo sem ninguém em um heat. Ele estava bem daquela forma e enquanto desse para levar, assim seria. 

Romance não era sua pretensão, nunca foi. Se apaixonou apenas uma vez e entendia que aquilo não era para ele, especialmente pelo detalhe máximo de que seu amor platônico, jamais passaria disso e sofrer por ele já era mais do que suficiente para aplacar sua vontade de estar com outra pessoa. 

E se convenceu de que ficaria melhor sozinho, mesmo não parecendo. Sem contar que depois do que Simon fez, estranharia e temia rejeitar qualquer um que tentasse se aproximar romanticamente. A sensação era frustrante e tinha dúvidas se ela acabaria algum dia. 

— Isso vai passar, pequeno Lou. — disse Margaret, se aproximando do neto com uma xícara de chá em mãos. Louis sorriu, pois adorava os dotes culinários da avo e essa era uma das coisas que mais sentia falta quando estava longe dela. Eram cúmplices desde sempre, pois o dom que cresceu com ele, foi uma herança dela e era simples conversar sobre o que lhe afligia. Exceto, pelo acontecimento recente e marcante em sua vida. 

— Não estou preocupado com isso… Estou bem. — bebericou o líquido fumegante. A vista da janela sendo um alento. O jardim florido e as árvores, alem do canto dos pássaros. E o contraste da paisagem se dava ao olhar para o lado esquerdo e se deparar com os prédios e a vida agitada da cidade. 

— Quer mentir logo para mim? Te conheço do avesso, menino. — abraçou Louis pelo ombro. Um beijo casto em seus cabelos. — Tudo isso de ruim que esta em você, vai embora.

— A senhora é vidente? Posso te oferecer a minha mão? — debochou, oferecendo a palma direita. 

— Mais respeito comigo. — estapeou a palma estendida do neto. O jeito brincalhão e de garoto levado, sequer havia o deixado. — Espere chegar a minha vez. Quando você for avô de alguém e ouvir esse desaforo…

— Eu não quero ser pai. — voltou a seriedade, bebendo mais um pouco de seu chá. 

— Você acha que não quer. Mas quando o seu parceiro se encaixar em você... 

— A senhora sabe que é impossível. Que eu não consigo… — se entristeceu ao lembrar a razão de sua relutância em relação aquele assunto. Margaret suspirou, sentindo a mágoa do neto. 

— No amor, nada é impossível. 

— Diga isso para Romeu e Julieta. — foi irônico, deixando a louça vazia sobre a mesa de escrivaninha e voltou para o centro da sala, acompanhado de sua avó. 

Se sentaram juntos no sofa, grudados como Louis gostava de ficar quando era criança. O cheiro dela lembrava o aroma acolhedor de seu pai e a doçura gentil de sua mãe que, mesmo apos ficar viúva, se tornou tão filha da sogra quanto o falecido marido. 

— Se Romeu esperasse mais alguns minutos... — refletiu sobre a solução. — Como está o Mike?

— Ansioso pra se casar com Luke. Quero dar uma casa pra ele, mas os dois insistem em querer ficar perto de mim. — sorriu ao lembrar da relutância de Michael em morar fora do rancho.

— Deixe os dois… Pra eles você é sinônimo de segurança. Mike perdeu os pais e ganhou você. Luke têm um bêbado como pai, amadureceu antes do tempo por culpa das trapalhadas daquele homem e mesmo assim é piedoso. Você o incentivou a ser o homem que é hoje. Você e Mike, na verdade.

Morada - ZiamOnde histórias criam vida. Descubra agora