04). Epíteto

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No dia seguinte, o tempo se tornou dublado, com indícios de chuva a qualquer momento. Todos se recolheram em casa, ocupados com suas respectivas atividades. Louis e Mike cuidavam da administração dos negócios do rancho no escritório, Harry usava Luke como seu manequim pessoal para testar um look que criou para sua importante avaliação na próxima semana. O namorado não tinha paciência para essas coisas e preferia deixar Harry a sós com sua criatividade, mesmo que ver Luke sem camisa perto do ômega fosse uma imagem desagradável de se presenciar. Liam logo voltaria da clínica e Stanley ainda tinha a situação de Z entalada em sua garganta, confiando plenamente em sua intuição sobre ele.

E foi movido pela sua cisma, que aproveitou a distração coletiva para se distanciar e ir atrás daquele que, ao seu ver, devia muitas explicações. 

Sorrateiro, Stanley saiu à francesa pela porta dos fundos e foi até a velha garagem onde o lobo dormia junto a sua gata e Tina Turner, que também se afeiçoou ao animal de sua mais nova amiga. Stan revirou os olhos, achando que a golden era uma exímia bajuladora, pois preferia a companhia daquele estranho do que aceitar seus carinhos. Em silêncio, desprezando o sono profundo do lobo, tirou suas roupas e se transformou, grato por não ter causado tanta confusão com isso. Felizmente o espaço comportava o tamanho de dois lúpus. 

Desde que Z chegou em casa, Louis proibiu a qualquer um que buscasse uma linha direta com os pensamentos de seu hóspede, simplesmente porque não queria ferir sua liberdade e confiança, mas Stanley achou o cúmulo do absurdo e sua curiosidade quase palpável não lhe permitiria sair dali sem respostas. Com a pata, sacudiu o lobo negro, que parecia estar em meio a um pesadelo que o agitou, fazendo seu corpo tremer. Stanley estava atento, principalmente ao visualizar a imagem de uma bela moça ruiva em cima de uma cama de hospital e logo os batimentos cardíacos dela cessaram. A palavra culpa cercando aquela cena, vinda de um homem desconhecido, que de fora segurava um pequeno caixão, observando com tristeza a vida daquela mulher se esvair. O sangue manchando sua roupa… 

Stanley rosnou, compreendendo que a consciência do forasteiro estava lhe mostrando que tinha razão desde o princípio. Seu rosnado o despertou, assim como fez a gata acordar e Tina abrir os olhos, se espreguiçando confusa com a imagem do alfa do seu pai ali.

Eu sabia que não prestava. Assassino. — bradou em sua mente. Z se mostrou confuso, porém ao passar aqueles poucos segundos na tentativa de compreender o que estava acontecendo, se ergueu o mais ligeiro que pôde, dentro de suas possibilidades.

Nada é o que parece. — se defendeu, afetado com os feromônios de dominância de Stanley se sobressaindo. 

Pois está bem claro pra mim. Saia da minha casa agora se não quiser que eu acabe com a sua raça em uma briga ou sendo sensato em colocá-lo na prisão. Você representa um perigo para nós. Saia! — ordenou, rosnando e se aproximando em passos lentos, se controlando para não iniciar uma agressão. 

Sinto muito… — choramingou, se submetendo ao alfa, se curvando para ele, fragilizado. 

Saia daqui agora! — exigiu pela última vez. E Z obedeceu a voz de alfa, escapando dali, sem desejar o mal de seu causador e lamentando o transtorno na vida daqueles que lhe deram abrigo. Tina latiu para o lobo, insatisfeita com aquilo, principalmente ao ver sua nova amiga segui-lo. 

Do escritório, Louis ouviu sua cadela latir e de certa forma entendeu aquilo como um sinal ruim, principalmente ao sentir os feromônios de Stan se espalhando com facilidade pela casa. Mike saiu às pressas e se juntou a Luke, intimidado com aquilo. O alfa rosnou pelo estado trêmulo de seu ômega. Louis se afetou, porém se manteve firme e nada satisfeito, sabendo que Stanley tinha aprontado alguma coisa. 

Morada - ZiamOnde histórias criam vida. Descubra agora