Estrela Solitária - Tarlos

O DIA DO TRABALHO

O DIA DO TRABALHO chegou, mas isso não era a minha maior preocupação do dia. Os resultados do exame, que eu fiz com a Dra.Sanders, sairão hoje. Por isso que na hora da saída da escola esse fato desapareceu completamente da minha mente. Quando estava preste na saída da escola Carlos em chama.

- Ei! - Ele diz, com um sorriso no rosto, ele sempre parecia estar sorrindo. – Hoje não é o dia do trabalho? Pensei que você ia querer uma corona. Eu sempre te vejo voltando a pé para a sua casa.

- Ei, Carlos, me desculpe, eu esqueci completamente do trabalho. – Também esqueci do fato de contar para os meus pais, não que eles se importem com isso. – Vamos lá.

Durante o caminho para minha casa, Carlos se mostrou mais extrovertido do que eu imaginava, até fez algumas piadas, que foi uma distração para aquele dia estressante. Não me dei o trabalho de ser cortês com Carlos quando cheguei em casa, tudo que eu queria era que aquilo acabasse para eu poder dormir para sempre, mesmo que viessem uns pesadelos de brinde.

- Podemos fazer o trabalho aqui na sala. Você não vai querer entrar no meu quarto, você pode até se perder no meio daquela bagunça. – Aquele não era o real motivo de eu não querer Carlos no meu quarto, mas ele não precisa saber disso. – Eu vou pegar o que precisamos, já volto.

Por incrível que seja esse tempo com Carlos foi a melhor parte do dia, quase esqueci dos meus problemas. O tempo passou tão rápido que quando olhei as horas me surpreendi com quanto tempo se passou, e então me lembro que não ofereci nada para Carlos comer.

- Eu vou pegar algo para comer, você deve estar morrendo de fome.

- Não precisa se incomodar, TK.

- Carlos, está tudo bem, se salte um pouco. – Digo. – Você não precisa ser sempre tão formal.

CARLOS REYS

Eu juro que não sou uma pessoa curiosa, mas quando vi o celular do TK dando um toque bem ao meu lado, anunciando uma nova notificação, meus olhos foram automaticamente para o seu celular, e então eu vi a mensagem, e me arrependi na hora. Com certeza o TK não queria que ninguém visse essas mensagens.

TK STRAND

Jogos os lanches que eu peguei em cima do sofá, e noto o olhar do Carlos em mim. Diferente do seu costume sorriso, seu rosto tinha uma careta estampada, era mesmo olhar que minha família tem me direcionado nos últimos dias, de pena. Vejo que meu celular está aceso bem ao seu lado, sinto que meu coração falha uma batida. Como pude deixá-lo desbloqueado? Pego meu celular, e lá estão as temidas mensagens.

Dra.Sanders

Olá, Tyler. Eu te liguei, mas você por algum motivo não me atendeu, seus resultados de IST's estão limpos. O que é ótimo, porém gostaria de conversar com você pessoalmente, sobre o outro assunto.

Sei que você está negando a si mesmo o que aconteceu naquele dia.

O que você está passando é difícil. Você deveria procurar ajuda. Denunciar o que aconteceu.

Eu tenho o DNA do agressor, caso precise.

Olho para Carlos, que está olhando pata mim, a mensagem não fala o que realmente aconteceu, mas qualquer podia entender do que se tratava. Não há como você ler algo que está escrito, IST's e denunciar, na mesma frase e pensar que é algo de bom. E apesar de Carlos não dizer nada, posso perceber que seus olhos transmitem pena. Sua boca se abre, como se ele estivesse querendo dizer algo, e fecha de novo com incerteza, mas seus olhos não desviam de mim nem por um segundo. E tudo que eu queria naquele momento era sumir, queria nunca ter tido que fazer o trabalho com Carlos, queria nunca o ter conhecido. Sinto um desespero se abater sobre mim. Posso dizer que meus olhos estão cheios de lágrimas, apesar de nenhuma delas cair.