O COMPRIMIDO

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O COMPRIMIDO não estava em lugar algum, eu acordei essa manhã pensando que eu não precisava mais dele, pois as coisas estavam melhores, então decidi jogar ele fora. Acontece que ele não está no lugar em que eu deixei, mas ontem ele estava. Sinto que meu coração dispara, levo as mãos em meu cabelo em um ato de desespero, eu revirei o meu quarto e o banheiro inteiro e nada do comprimido, o quarto está uma bagunça.

Tento me tranquilizar pensando que ele está apenas em outro lugar e não que meus pais ou Judd o acharam, fico parado até normalizar minha respiração e desço. Se eu ainda tinha dúvidas de algo, a expressão nos rostos dos meus pais tirou qualquer uma delas.

- Vocês entraram no meu quarto, – tento manter a minha voz o mais tranquilo possível – e mexeram nas minhas coisas.

- TK, senta. – Minha mãe diz, em um tom baixo, que para mim significava que vinha um grande discurso ou uma grande bronca, mas eu recuso e permaneço em pé. Meu pai não era diferente, ele não tinha olhado nos meus olhos quando entrei.

- Eu levei você na estação de bombeiros por anos, todos lá têm um carinho enorme por você e é assim que você retribui? – Meu pai olha em minha direção, com um olhar repleto de magoa e decepção. Sinto meus olhos arderem, a vergonha que eu estava sentido naquele momento era enorme. - Nos roubando?

- Onde nós erramos? – Pergunta minha mãe. Queria dizer que eles não erraram em nada que era somente eu, mas eu estava chateado por eles terem mexido nas coisas, então não digo nada.

- Nós confiamos em você, te demos o seu espaço, esperamos e esperamos, e é isso que temos em resposta. Drogas?

- Eu não estou usando drogas.

- Então o que era aquilo? – Minha mãe pergunta. – Por que tinha comprimidos pesado, que precisa de prescrição médica, no banheiro do seu quarto, Tyler?

- Foi só aqueles, ok? – Em determinado momento eu passei a apenas olhar para o chão e não para os rostos, repleto, de decepção dos meus pais. - E eu nem tomei.

- Como podemos confiar em você de novo. – Tudo bem, sei que meus pais estão bastante chateados comigo, porém eles não podem dizer que perderam a confiança em mim, quando eles disseram inúmeras vezes que me dariam tempo que eu precisasse para eu me abrir com ele, eles não respeitaram isso, eles invadiram o meu quarto e tentaram achar as respostas. Se eu não ficasse o tempo todo com o meu celular, eles também teriam fuçado ele? Agora vou ter que apagar o meu histórico de conversas com Carlos?

- Como... Como vocês podem confiar em mim? Como eu posso confiar em vocês? Vocês disseram que não iriam me força a falar nada e então como não tiveram a resposta, invadiram o meu quarto a minha privacidade. Eu deveria me sentir seguro lá e não invadido. – Passei, ao em vez de me sentir envergonhado, a sentir raiva. Sei que é errado que não poderia tratar os meus pais assim, mas há muito tempo venho guardando uma raiva dentro de mim, e meus pais estavam ali e me chatearam, então estou descontando essa raiva, dentro de mim, neles.

- E o que você esperava que fizéssemos, em? Estávamos cansados disso, de ver você triste o tempo todo, Tyler, sem entender o que está acontecendo. – Fala minha mãe, ela se levanta e fica na minha frente e eu dou um passo para trás. - Nós não sabemos se tem a ver com Alex ou se é outra pessoa ou outra coisa, isso está nos matando.

- Não coloque essa culpe para cima de mim, eu não queria falar e vocês tinham que respeitar. – Algumas lágrimas de raiva, frustação, tristeza, todos os sentimentos ruins, escapam dos meus olhos, também percebo que minha mãe está com os olhos um pouco vermelho, mas não posso dizer se ela chorou antes ou é de agora, e saber que ela chorou por minha causa me dar um aperto no peito.

Estrela Solitária - TarlosOnde histórias criam vida. Descubra agora