Prólogo - Gêmeos encrenqueiros

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Heitor e Milena são gêmeos moradores da ala pobre de Brasília. Seus pais, que são bolsonaristas, estavam no meio ao atentado aos três poderes, enquanto os dois estavam em sua casa se distraindo com seriados antigos que passavam na televisão aquele horário da tarde. Quando já estavam cansados, mudando sem rumo pelos canais, depararam-se com as filmagens dos três poderes invadido, completamente destruído. Se olhando, os gêmeos colocaram seus tênis e saíram correndo para onde seus pais estavam. Infelizmente tarde demais, já que nesse exato momento, os dois adultos estavam sendo presos. Foi a última imagem que viram de seus pais algemados sendo levados. Um militar vendo-os ali, tentou aproximar-se, porém os dois novamente correram, e dessa vez para longe do local.

Segundos que foram se tornando horas. Horas que foram se tornando em dias. E dias que foram se tornando semanas.

Havia se passado quase três semanas desde o atentado em Brasília. Os gêmeos se viram em uma encruzilhada ao perceberam que a comida estava prestes a acabar, e as contas já de fevereiro começavam a chegar. Sem trabalho algum, sem familiares para pedirem ajuda, os dois foram fazer o que mais sabiam. Roubar. A culpa nunca os ocupou, principalmente por ser apenas por suas sobrevivências. O comércio de Brasília era o lugar onde mais tinham pessoas com dinheiro e joias para que ambos pudessem roubar.

— Eu não quero fazer isso, Heitor! — Milena tinha o lado interno da bochecha mordida de nervoso.

— E nós temos outra escolha a não ser fazer isso? — ele olhava fundo nos olhos da gêmea, que negou com a cabeça — É por nós. Precisamos de dinheiro. —ela mantinha a cabeça baixa, segurando para não chorar — Deixa comigo então, você sempre foi a mais emotiva! — ele pegou o canivete das mãos da gêmea mais nova e colocou o boné na cabeça, saindo andando em seguida.

— Hey! Espera por mim.. — ela pulou da pequena mureta e correu ao alcanço do seu gêmeo.

Uma pequena muvuca se fazia no local onde os gêmeos estavam. Várias pessoas juntas, adultos, crianças, idosos. Mas uma em específico chamou atenção dos irmãos. Uma loira que se encontrava pouco mais afastada do resto das pessoas, sem companhia, e distraída olhando os artesanatos da barraquinha de uma senhora. Eles sorriram cúmplices com a oportunidade única que estava caída sobre seus pés.
Eles se aproximaram pacificamente da mulher em questão, fingindo verem os artesanatos, cada um de um lado da mulher. Cautelosamente, após analizarem a situação, a carteira da mulher foi pega por Milena que saiu e em seguida seu irmão também lhe acompanhou. Foi então que uma voz masculina lhes chamou atenção, fazendo com que os garotos assustados partissem disparado dali. Porém logo sendo alcançados por dois homens de ternos, de quase dois metros de altura. Ambos os gêmeos foram pegos pelos colarinhos de suas camisas, sendo levados de volta para o encontro da mulher, visto agora por eles, ser a própria Rosângela Lula da Silva, esposa do atual Presidente da República.

— É a primeira dama... — Milena cochichou para o irmão gêmeo.

— Merda! — ele exclamou baixinho.

—Devolvam a carteira da primeira dama! — um dos homens de terno falou.

— Nós não estamos com nada que pertence a essa comunista! — Heitor disse, e em resposta Milena deu-lhe um chute na canela.

— Não complique mais ainda nossa situação! — ela falou apavorada, com lágrimas nos olhos.

— Por favor, não façam escândalo! — a loira falou, com um sorriso amigável contornando seus lábios — Venham comigo, vamos conversar em um local mais reservado.— dito isso, ela passou à frente, logo seguida pelos seguranças que levavam os dois adolescentes consigo.

Já em um lugar onde as pessoas não ficariam olhando ou gravando as coisas. A primeira dama mandou os homens soltarem os dois. Mesmo a contra gosto, eles obedeceram as ordens e soltaram os gêmeos. Heitor logo puxou a gêmea para trás de si e mostrou o canivete que tinha em suas mãos.

— Se encostarem na gente novamente, eu mato vocês! — ele disse olhando nos olhos da loira, que sorriu para o mesmo.

— Não iremos machuca-los, querido. Apenas queremos resolver isso de forma pacífica, para que vocês não sejam levados para a prisão juvenil. O que me diz? — disse, ainda afastada por precaução, e o menino acabou aceitando, entregando em seguida o canivete para um dos homens — Qual a idade de vocês? — ela perguntou para os dois, que agora já estavam sentados de frente à mulher.

— Treze.. — a menina respondeu baixinho, quase não dando para ouvi-la.

— E por que estavam roubando minha carteira? Não eram para estarem na escola? — ela olhava intercalando entre os dois gêmeos.

— Para sobrevivermos, já que nossos pais foram presos sem direito a fiança e não temos nenhum parente próximo a nós. — Heitor respondeu — E nós não estudamos desde que a pandemia de 2019/2020 começou. — ele tinha o rosto fechado encarando a loira diretamente nos olhos, como se pudesse lê-la dessa forma.

— Entendo... E seus pais foram presos por...? — ela perguntou, já imaginando a resposta.

— Por causa do comunista do seu marido! — gritou.

— Mil desculpas...— Milena tapou a boca do irmão, implorando por desculpas pelas atitudes impulsivas do mesmo — Ele é um pouco impulsivo nas atitudes e palavras... — os olhos da garota se mantinham baixos, como desde o início da conversa.

— Não há problemas.. mas não podemos deixa-los na rua assim dessa forma. Já sei exatamente o que fazer com vocês! — os dois engoliram em seco, já esperando também serem levados para prisão.

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— Tem certeza disso, primeira dama? — um dos seguranças perguntou.

— Absoluta!— ela respondeu, entrando no palácio da Alvorada, trazendo consigo os dois delinquentes de mais cedo — Ficaram aqui até eu decidir o que farei com vocês. — sorriu para os gêmeos, que se olharam sem entender nada.

— Nós te assaltamos, e você nos trouxe para a sua casa? — Heitor perguntou confuso.

— Exatamente. Gostam de sushi? — perguntou pegando seu celular, e Milena sorriu fazendo que sim com a cabeça — O que acham de pedirmos uma barca? — os dois se olharam, e o menino revirou os olhos quando sua irmã sorriu para ele.

— Tá, tanto faz! — ele respondeu e a menina abraçou seu irmão feliz.

O pedido já feito, a primeira dama não quis atrapalhar o momento dos dois, que estavam jogando um jogo com as mãos para esperar o tempo passar.

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A pedido de um* seguidor* eu trouxe esse prólogo! Se for bem recebido pretendo voltar em breve com mais desses gêmeos, é isso até outra hora meus amores!!!

caos em 2023 - Janja e LulaOnde histórias criam vida. Descubra agora