caos em 2023 - Janja e Lula

Capítulo 7

Aviso importante!
Esse capítulo poderá conter gatilhos sobre assédio moral sexual, tentativa de estupro e machismo. Caso forem sensíveis a esse tipo de conteúdo
⚠️⚠️NÃO LEIAM⚠️⚠️
Estando avisados, fiquem com o capítulo...
·
·
·

Respirei fundo e encarei meu irmão que estendeu a sua mão para mim, na qual eu peguei e sorri para ele, que sorriu de volta para mim, e então entramos na casa...
·
·
·

O som era alto, as luzes piscavam atordoando todos os sentidos, meus olhos olhavam vidrados tentando enxergar algo além de um palmo a minha frente. Agarrei a mão do Heitor, apertando-a forte querendo prender-me à ele como uma âncora em um convés no cais.
Tinham adolescentes se beijando, agarrando e esfregando-se uns nos outros.
Nojo, essa era a definição do que eu sentia nesse exato momento, eu não sei o porquê muitos dizem que a minha fase é a que mais se interessa por sexo ou coisas relacionadas a isso, eu não sentia isso, na realidade eu sentia-me.. neutra?.. sexo não era algo que me despertou vontades ou chamou minha atenção. Talvez o fato de ter que lutar para sobreviver tenha desencadeado algo em mim que prioriza essa e outras coisas antes de entrar ou ter um relacionamentos e sexo, tinha chance de ser coisa minha como um trauma ou coisa assim já que meu gêmeo não era assim, não menosprezando o que ele passou apenas reforço em minha mente que apesar de passarmos por isso juntos eram querendo ou não experiências diferentes. Eu olhava aquela sala enojada com as cenas que presenciava no momento, meu irmão olhou fascinado para uma garota que estava pouco longe de nós e olhou para mim como quem pedisse para deixá-lo ir de encontro a ela. Soltei sua mão e disse que ficaria em um canto pouco afastado e menos barulhento, vendo-o assentir senti-me bem mais segura e fui até um pequeno sofá que tinha perto da entrada da cozinha. Após sentar-me peguei meu novo celular vendo terem se passado nem um minuto desde que Rosângela havia se despedido de nós dois e dito para nos divertirmos, suspirei pesado vendo que seria uma das noites mais longas para mim.
Apenas três minutos se passaram desde que me sentei naquele sofá, eu estava em “paz” ou ao menos ninguém se aproximava para conversar comigo o que para mim era ótimo eu odiava ter que socializar, preferia ficar no meu cantinho, desde que chegamos  na casa do presidente e da primeira dama meus passatempos favoritos eram ler algum livro enquanto ouvia música deitada na cama, eu também gostava ver alguma série ou filme na Netflix enquanto comia pipoca ou fazia um lanche. Socializar nunca foi muito o meu estilo sempre foi mais de meu gêmeo, as únicas pessoas com quem eu costumo conversar é Heitor e agora o presidente e sua esposa, o que para mim já era muita gente.
Fui tirada de meus devaneios quando senti um peso posar-se ao meu lado, um braço circular meu pescoço e um cheiro ser depositado em meu pescoço. Desconforto. Tentei afastar-me porém a pessoa segurou-me mais forte ainda, um cheiro pouco e vagamente conhecido penetrou minhas narinas, era Miguel, aparentava estar embriagado suas roupas cheiravam a perfumes caros e cerveja. Ele tentou forçar um beijo e então dei um soco na boca de seu estômago desvencilhando-me de seus braços e sumindo, ou tentando ao menos, despistar-lhe em meio aquele povo todo que dançava por ali. Meu coração batia acelerado, minha ansiedade fazia com que eu me escorasse na parede mais próxima de costas para a multidão eu procurava por um ponto fixo enquanto hiperventilava freneticamente sentindo todo meu ar indo embora e não querendo voltar, minha garganta fechava e o ar parecia não entrar de jeito algum. Tudo piorou quando novamente senti aquela mão em meu pescoço e agora segurando-me com brutalidade, ele me virou para si e encarou-me nos olhos.

— Está com medo de mim Milena? — perguntou olhando-me como um louco.

— Não!— exclamei alto e com a voz trêmula, claro que eu estava com medo mas não medo dele em si e sim de ser abusada novamente.