Capítulo 11

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Realmente eu estava me apegando, mas como não iria me apegar a esses dois?
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Lula

Agora já estávamos no Brasil novamente. Os gêmeos muito bem acordados e cheios de energia para gastarem. Eles dois falavam comigo e Janja o quanto gostaram da viajem e também de estarem com a gente. Eu tenho que confessar que me senti bem ao ouvi-los dizer isso, principalmente que com o passar dos dias a convivência vinha os trazendo mais para perto de nós, confiando em nós, fazendo parecer que tudo isso era uma ilusão de uma família feliz. Claro que isso para quem visse por fora. Eu ainda continuava firme na minha decisão de não nos envolvermos com eles e criarmos laços e sentimentos que pudessem complicar uma possível despedida assim que algum parente viesse ao encontro dos gêmeos. Não me leve a mal, eu só estou querendo prezar por mim e minha esposa. Janja sempre demonstrou interesse em ligações maternais quando aproximou-se de meus filhos no início de nosso relacionamento, sempre tendo um limite entre o que acreditava ser aceitável e o que poderia parecer forçado em uma relação de madrasta e enteados feita por si mesma. Um dos meus filhos mais novos foi um de seus maiores desafios para conquistar e ainda assim eu ainda desconfio que ele só a trata bem por conta de sua namorada ter conversado com ele e pedido isso ao mesmo. Eu sei que se minha esposa se apegasse seria mais complicado ainda.
Fui tirado de meus pensamentos quando vi que chegamos ao palácio, a viagem foi cansativa demais para que sequer eu pudesse pensar em ir trabalhar naquela tarde. Vi Janja dar as máscaras e bonés aos gêmeos para que colocassem e não fossem pegos pela chuva de fotografias e filmagens que teria ao sairmos. Assisti os dois saírem correndo, com toda energia de uma criança, enquanto minha esposa e eu saímos calmamente do veículo.

—Quem chegar primeiro vai ficar com todos os doces! — ouvi Heitor falar enquanto saía disparado à frente de Milena.

— Isso não é justo! — tentou o alcançar e quando não conseguiu virou-se para nós dois que estávamos atrás — Ôh mãe... — disse prolongadamente e toda birrenta e eu me espantei com tal palavra vinda da garota.

Janja Lula

Senti meu coração dar um pulo com o chamado de Milena. Ela realmente havia me chamado de mãe?.

— Vá atrás dele oras! Corra pelo que quer pequena. — eu disse e dei-lhe um pequeno empurrão para que seguisse com sua perseguição pelo seu gêmeo, e assim ela fez.

Os encarei sorridente, enquanto via-os correndo pelo caminho entre o jardim até a entrada do palácio da Alvorada. Eu estava com os dedos entrelaçados com os de meu marido enquanto ainda caminhavamos calmos apenas acompanhando os gêmeos com olhos atentos. Os dois foram muito bem recebido com animação de Paris e Resistência, que pularam para cima dos dois com seus rabinhos abanando e continuavam agitadas parecendo compartilhar da energia dos dois encrenqueiros que partilhavam da saudade que sentiram das cadelinhas enquanto estavam ajoelhados no gramado brincando com as duas.

— Levantem 'daí se não vão se sujar! — falei autoritária e os vi me obedecer, e logo dei algumas batidinhas em suas bermudas brancas para limpa-las — Parecem crianças. — eles riram e eu revirei os olhos liberando-os novamente.

—Eles são crianças, só que crianças grandes. — Lula falou aproximando-se de mim e entrelaçando nossas mãos novamente.

— São sim.. — suspirei audivelmente, eu estava me apegando a cada dia mais, e após ser chamada de mãe por Milena sinto que mais ainda estou sendo domada por esses dois de um modo irreversível, vai ser difícil me despedir deles agora.

— Meus filhos disseram que querem fazer um churrasco no final de semana... O que acha de levarmos os gêmeos para socializarem com eles? — meu marido perguntou, provavelmente querendo mudar de assunto sem ser ríspido.

caos em 2023 - Janja e LulaOnde histórias criam vida. Descubra agora