II

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Eu estava quase a conclusão que os estágios de uma gravidez era bem parecidos com os estágios de um grande luto.

Negação. Duda e eu ficamos em uma grande discussão. Eu negava tudo. Não aceitava de jeito nenhum estar grávida.

Raiva. Estava super estressada ao saber que iria perder uma grande vaga tão desejada no emprego dos meus sonhos. Eu queria culpar e processar todo mundo. Comecei a xingar a tudo e a todos no banheiro.

Depressão. Eu estava novamente sentada em um chão gelado. Abraçando minhas pernas, começando a chorar vendo uma boa parte de tudo desabar em apenas alguns minutos.

A coisa mais difícil pra mim era aceitar que tinha um ser humano dentro de minha barriga. Um ser humano. Era para ser algo mágico. Não trágico. Era uma vontade grande ter filhos mas não por agora onde eu estava a um triz de chegar a etapa final do meu sonho de infância, tinha alguém que precisava de mim e eu tinha que protegê-lo, mas isso destruiria meu tão esperado futuro.

Mais um tempo pensando tive coragem de sair do banheiro.

Durante o caminho eu e Duda fomos em um silêncio horrível.

Eu olhava pela janela do carro pensando sobre uma certa coisa.

O pai da minha criança.

E logo quando tirei a conclusão Duda se vira para mim perguntando.

- E o pai?

Eu fiquei em um silêncio de 10 segundos e logo suspirei e comecei a contar sobre.

- conhece aquele jogador de futebol? Número 11 do Arsenal. Você já deve ter visto ele na TV.

Eu vi a Duda ir de 0 a 100 em uma velocidade incrível.

- O pai do seu filho é Gabriel Martinelli?! - Sua animação foi tão enorme que a vi perder a visão da estrada por alguns segundos. Ela nunca foi boa motorista e essa junção foi perigosa.

- Duda, olha a rua! - Tive uma tentativa de a distrair do assunto mas falhou com ela me olhando esperando eu assumir. - Sim, ele é.

- Me lembro de ter visto jogos dele. - Logo suas expressões mudaram para um sorriso totalmente atrevido. - Ele é um gato. Você é sortuda.

- Duda, eu estou grávida!

Uma das coisas mais assustadoras foi falar isso em voz alta. Duda, me olhava totalmente arrependida do que falou, segurou minha mão e por poucos segundos me olhou seria.

- Me desculpa

- Estávamos comemorando minha vaga em uma boate a umas semanas atrás. - Fiz um breve silêncio. - Pude notar olhares dele de longe durante a festa toda. Ele é alguém divertido. Dançamos e fizemos competições de bebidas. E...

- E..?

- E rolou. Eu fui embora de presa na manhã seguinte. - Assim que terminei minha frase comecei a escutar Duda rindo.

- Ele precisa saber. - Ela lamentou. Concordei com a cabeça. Não sabia como seria sua reação. Tinha certeza que iria me abandonar com isso. E eu seria totalmente julgada.

our son | Gabriel Martinelli  (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora