Reveladas

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Parecia uma sessão: três cadeiras, comportando três rostos curiosos. Uma mesa no centro sustentando o objeto de barro e dois rostos castigados pelo o tempo, apreensivos, escondendo algo que logo seria revelado. Figuravam pacientes e médicas. Diferente do que de costume se sabe sobre sessões com psicólogos, naquela noite, sob a luz fraca da cozinha de D. Menina, o que seria dito era algo totalmente diferente. Nada seria exposto pelas "pacientes" como: medos ou frustações, ao contrário, as palavras seriam das "médicas" que tinham um segredo para contar.

Rita, após o pedido de D. Menina, desceu o morro em busca da mãe. Uma senhora de braços fortes e feição tranquila que soube no exato momento o que se daria: uma revelação retardada há anos. Sem questionar, seguiu a filha. A caminhada fora rápida. Ambas mal trocaram palavras, no entanto não precisava. Camuflar a verdade com conversa prolixas era perda de tempo e a mãe sabia disso. Rita estava sendo consumida pela curiosidade, uma esfera de segredos se acoplava a um objeto encontrado. A mãe em seu interior se preparava para o pior. Enfim chegara o momento.

O encontro das duas amigas da terceira idade foi sem muitas palavras. O olhar dizia muito e mais. Aquilo já era esperado. Rita, Betina e Valéria ainda não entendiam o que estava, ou melhor, iria acontecer. Lúcia estava intrigada com o comportamento estranho da mãe. Nunca antes vira daquele jeito. Pelo modo como as coisas estava sendo conduzida, algo muito sério estava para acontecer.

As cinco se reuniram. Três delas eram meras ouvintes, como em uma plateia esperando o desfecho da peça. D. Menina reajustou o vaso no meio da mesa e diante das feições começou:

— Foi há 30 anos.

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