É Noite

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As informações era das mais assustadoras possíveis: assassinato por traição, acertos de contas, separação, abandono. Tudo começou a surgir, mesmo de forma lenta, e estavam estampadas nos plantões da TV. Uma onda de pânico varreu os corações das cincos. A cidade já sentia em suas ruas, casas e nos habitantes despreparados algo poderoso a se aproximar. Tudo estava acontecendo muito rápido. Maria e Amélia sabiam disso e estava assustadas. Algo como nunca estava instalado no vilarejo, se espalhando pela cidade ao redor. Havia uma explicação para aquilo. A VERDADE estava escapando pela fenda que havia sido aberta. O encanto incompleto causara isso e a poucos minutos do pior, as cincos mulheres; duas experientes e três incumbidas de algo que só então ouvira falar, estavam correndo, mais uma vez, contra o tempo.

— Rita, você trouxe as suas coisas? — Amélia encarava a filha com o desespero à ponta.

— Estão aqui. — Rita exibiu os tecidos cuidadosamente.

— Certo. A loucura está no ar. Vamos nos apressar.

As cinco caminhavam em direção ao destino perigoso. Pelas ruas ela podiam ouvir os gritos, as afrontas, os choros e os piores segredos sendo revelados. O vilarejo parecia estar debaixo de uma cachoeira de consequências. As águas invadiam as casas inundando sem receios, trazendo à tona o sofrimento antecipado. O Sol se fora, os últimos raios coloriam o céu de um laranja neon, dando lugar ao luminar da noite.

— Olhem! A lua!

Seguindo os passos acelerados das outras, Lúcia Valéria fitava a esfera alaranjada subir no céu do crepúsculo.

— Ela está enorme — observou Betina.

— Ela não vai ficar assim por muito tempo. Logo ela estará no ponto mais alto e a cor e tamanho mudará. — informou Maria.

— Já estamos saindo do Vilarejo. Logo estaremos em espaço aberto. — Amélia seguia firme com o novo vaso nas mãos.

A lua inundara o céu com o seu forte brilho. As mulheres agora caminhavam sobre a relva baixa, passando pelo conhecido cercado que dividia do limite do Vilarejo ao caminho do rio. O vento rugia sobre os braços expostos aguçando os cabelos soltos. As saias chacoalhavam ao sopro, as testas franzidas emolduravam os rostos apreensivos. As dúvidas, o receio, o medo era companhia, de igual modo uma pitada de esperança.

Chegaram ao morro, depois dele o destino as aguardavam. A lua se movia de forma assustadora pelo céu. O breu ao redor camuflado na mata já emitia seu canto, fazendo-se ouvir seus moradores em uma sinfonia macabra.

— Vamos. — Maria tomou a frente, fazendo o convite de coragem. As pernas cansadas há tempos viveram aquele momento, diferente de antes, o morro estava menor e aquilo fora um surpresa.

Elas subiram. Rita, Lúcia, Betina, Maria e Amélia juntas forçavam as pernas, ficando os pés na areia fria, enquanto subiam com pressa. Chegando no pico todas pararam. A visão as assustaram: o rio corria rápido, na mata as altas árvores tremulavam como roupas no varal fazendo um barulho intenso de palhas se chocando contra as outras. Parecia um protesto da natureza. Uma magia estranha descera naquele lugar. Uma sensação ruim se apoderou das mulheres que, assustadas, olhavam uma para a outra buscando entender o que acontecia.

— O que está acontecendo? — Lúcia indagou assombrada.

— Mãe? — Rita segurou o braço de Amélia.

— E-Eu não sei. — disse Amélia trêmula.

— É a fenda. — revelou Maria, fitando o estranho evento — Está tudo uma bagunça. O tempo, A VERDADE, as consequência. A magia dos lenços e do vaso então agindo, tentando reverter a situação, mas se a gente não se apressar algo pior pode acontecer.

— Pior do que isso?

— Sim, Betina. Bem pior.

AS LAVADEIRASOnde histórias criam vida. Descubra agora