A manhã de Sofia passou rapidamente após ter ido resolver seus assuntos com o figurino, agora estava livre e sem pendências, deixou sua irmã caçula na casa de seus pais e foi se preparar para as três aulas que ainda daria até à noite.Escolheu por usar uma calça moletom preta com a blusa padrão da escola de teatro, com um tênis preto em seus pés, com anéis em alguns de seus dedos com as unhas pintadas de preto, brincos discretos em suas orelhas, com um escapulário de madeira que tinha ganhado de um de seus alunos.
Passaram-se as horas e foi chegando sua última turma que era de adolescentes, Sofia tinha uma paixão inexplicável por ensinar, principalmente algo que ela amava de verdade como o teatro e a arte.
As aulas duravam em torno de duas horas, mas nunca era o suficiente, sempre passavam da hora sem perceber, os alunos nem reclamavam, também mergulhavam nos conteúdos vastos que a professora trazia.— Bom, galera de mal, ficamos por aqui, todos foram muito bem! — o método de ser positiva com seus alunos realmente funcionavam, a cada aula, mostravam-se mais desempenhados.
— Ah não, tia! — Larissa, sua aluna de 16 anos, disse fazendo uma careta — Estende mais um pouco aí! Tão vendo? Só depois que fez a Tieta, ela volta toda esnobe! — A garota usou um tom sarcástico.
— Foi mal, Lari, mas já passamos do horário e os pais devem estar morrendo de saudade dos bebês lindos que são vocês! — Sofia disse sendo abraçada por mais da metade da turma.
Era incrível como todas as suas turmas adolescentes sempre foram muito carinhosos com ela.
Eles sentiam-se seguros com a presença dela, como se aquela aula fosse um refúgio de toda a confusão que eram suas vidas, principalmente na fase da adolescência onde tudo parece ser mais complicado.— Eita como vocês estão carentes hoje! — Sofia disse risonha.
E assim, foi se despedindo de seus alunos, alguns quiseram conversar com a mesma e assim fizeram, tiraram dúvidas, às vezes precisavam apenas de uma palavra amiga que em casa não se tinha.
— Tchau, meu querido, até próxima semana! — Sofia acenou para seu último aluno que foi embora com sua mãe.
A mesma deu um longo suspiro olhando para seu relógio de pulso, vendo que já tinha dado 19:20h, a aula tinha acabado às 18h.
Muitos de seus alunos conversam sobre assuntos sérios com ela, Sofia se preocupava com cada um, realmente tentava ao máximo ajudar seus pequenos pupilos, apenas queria o melhor para eles.
Ela resolveu esperar Lucas para poderem ter a conversa, dando tempo de conversar com seu namorado Daniel.
O relacionamento iria fazer três anos, e nos últimos meses andaram distantes, pois o mesmo estava trabalhando em Brasília junto de seu pai que era deputado federal.Acabou dando o horário e Sofia fica próxima da saída do estabelecimento, com suas coisas já em seu carro.
Sofia cumprimentou os alunos adultos que estavam saindo da aula que tinha acabado de terminar. Ela conhecia quase todos, já foram colegas de alguns quando fizeram teatro na adolescência, outros só foi conhecendo depois que voltou para ser professora.
— Sofia!
A mesma direcionou seus olhos castanhos claros em direção da voz que já sabia de quem era, viu a figura alta se aproximar, mostrando seu ex-professor, cabelos ficando grisalhos iguais sua barba, com seus olhos castanhos escuros a fitando.
— Lucas, love of my life! — Sofia disse dando poucos passos até o homem, sempre o chamava assim, pois era música favorita do homem.
Se abraçaram como sempre fazem quando se veem, já fazia uma década de que já se conheciam, o tempo passou muito rápido, nem Lucas e Sofia do passado imaginariam que tantas coisas aconteceriam com eles durante esses anos, tantas experiências e história que se têm juntos.
— Me deixou curiosa desde manhã! — Sofia disse enquanto andava junto do homem a caminho da saída.
— Sei que você odeia isso, mas eu não poderia te contar por telefone, vou querer ver a sua reação! — Ele disse quando pararam na calçada.
Sofia que olhava para os carros que passavam, virou o rosto para ver a cara do mais velho.
— Minha reação? O que você aprontou?
Enquanto isso caminhavam até o ponto onde quase sempre tomavam açaí depois do expediente, costumam passar horas e horas conversando até que algum dos dois perceba que já está quase dando 22h.
Pegaram seus recipientes, se serviram, colocando seus gostos na vasilha, Sofia e Lucas nessas horas esqueciam de suas dietas. Terminando por escolherem uma mesa que não estivesse tão longe assim.
— Vamos logo, cara, fala a bomba! — Sofia disse sentada ao lado do homem que sorriu.
— Tu adora estragar a surpresa, eu hein!
— Eu odeio surpresas, cara! — Ela respondeu.
— Tá... — Lucas apenas provou seu açaí e resolveu soltar a notícia — Então, de ontem para hoje andaram me procurando, só que o assunto que queriam tratar comigo era para saber informações sua!
— A polícia está me procurando? — Sofia arregalou seus olhos perguntando baixo.
— O quê? — O mesmo riu — Não, Sofia, eram amigos meus do Rio!
Sofia não sabia se era para ficar mais nervosa ou tranquila com essa resposta.
— Pelo amor de Deus, conclui isso! — Ela pediu passando a mão por sua testa.
— Uns amigos meus que são produtores, tinha lhe assistido no último espetáculo em que você esteve, até falei que tinham gostado! — Sofia assentiu lembrando vagamente — Então, basicamente, querem uma chamada de vídeo com você para te conhecer, sabe o que isso quer dizer, não é?
— Puta merda! — Sofia paralisou — Espera, a chamada é para quando?
— Amanhã, às nove da manhã!
— Meu Deus! Porra, Lucas! — Sofia não conseguia mais tocar no seu açaí, estava ficando eufórica — Eles querem fazer um espetáculo?
— Não, um longa. — Ele respondeu se divertindo da reação que já imaginava que veria.
— Eu só não caio dura aqui porque estou sentada!
— Ah, e eu dei o seu e-mail para eles, e vai ser por lá que vão te mandar o link da chamada!
— Lucas, eu te amo! — Ela abraçou o homem que apenas sorriu.
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Telephone - Pedro Pascal
Short StoryBem-vindo(a) a uma trama curta na qual envolve sorte, azar, coincidência, ou você pode apenas dizer que é simplesmente o destino. Seria o destino de Sofia Lopes, uma jovem professora de teatro em ascensão cinema, conseguir o número de telefone do at...