VIII - Pessoalmente.

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— Vamos lá, Sofia, você consegue! — Sofia disse em português, já vestida de seu figurino, na frente de seu trailer — Você consegue, garota...

Já encorajada a encarar o que veria a seguir, Sofia virou-se de cabeça erguida e confiante o bastante para ir à lua.

— Falando sozinha? — ouviu uma voz estranhamente familiar e franziu o cenho, aquele tom em espanhol já tinha ouvido em algum lugar.

Ela olhou para o trailer ao lado e viu a cara do homem que tinha acabado de falar, não reconhecendo inicialmente, mas achando familiar. Era um homem alto, dos cabelos castanhos e bigode.

— Mais um menos! — Sofia sorriu para ele, saindo do lugar e vendo o homem dar um sorriso de canto.

Ficou com aquele rosto em sua mente, mas quando o trabalho começou, sua cabeça o esqueceu rapidamente.
O diretor, o mesmo, dava as instruções do que queria e ela foi ouvindo atentamente, pois o homem falava espanhol com uma certa rapidez.

Sofia entregou tudo com os colegas e, quando chegou o momento em que chegaria o outro ator com quem contracenaria, não demonstrou sua surpresa em ver ser o mesmo homem que a tinha visto falar sozinha.

O moreno alto chegou ao meio da cena, ambos os personagens estavam se conhecendo, era uma cena curta, na qual tinham precisado de fazer ensaio antes, tudo fluiu espontaneamente.

— E corta! — O diretor disse alto, pela sua feição, tudo estava a seu agrado.

Sofia, quando foi liberada, saiu conversando com uma de suas colegas de cena, Raquel, que de primeira tinham se dado muito bem.

— Acredita que nunca tinha vindo à Colômbia? — A jovem peruana de 26 anos indaga, olhando para a colega que estava bebendo café ao seu lado.

— Também nunca estive aqui, na verdade, o máximo que conheci da América do Sul, tirando meu país, foi a Argentina.

— Ah, eu também já fui para a Argentina! — Raquel assente com um copo de água na mão — Meu Deus, como ele é gato...

Sofia olhou para a colega após ouvir um longo suspiro.

— O quê? — A brasileira não tinha entendido.

— À minha esquerda, bigode e óculos escuros! — Raquel disse rapidamente, com os olhos da outra seguindo o caminho, vendo o homem tirar os óculos e colocar na mesa em que se apoiava.

— Nada mal! — Sofia disse, olhando o moreno de cima para baixo, antes de o mesmo perceber estar sendo observado e olhar justamente em direção dela.

— Nem para disfarçar, mulher! — Raquel desviou o olhar igual Sofia, ambas olharam para o teto ao mesmo tempo — Vamos saindo e disfarçando, ele deve achar que somos doidas!

— Mais do que já aparentamos? — Sofia a olhou com diversão.

— Diga por você! — se afastaram por seguirem direções diferentes.

Em menos de um dia de trabalho, Sofia descobriu a razão de tantas produções escolherem gravar no país colombiano. Existia uma lei "Promoção ao Cinema" no qual reduzia os custos operacionais da produção, sem falar que não tinha aquela famosa exigência de vistos de trabalho para a equipe.

— Hm... — Sofia murmurou baixo enquanto ouvia sem querer a conversa paralela de alguns funcionários — Falando em saudade, vem buscar logo a sua metade! — cantarolou sozinha para disfarçar enquanto via as pessoas passarem por ela.

Não viu a figura alta que se aproximava sem o figurino que antes usava, agora estava de jeans e blusa acinzentada. Sofia sorria, pensando na conversa que tinha acabado de escutar.

— Desculpe, mas passamos o dia contracenando e ainda não sei o seu nome! — O moreno falou, mostrando seu sotaque chileno, parando próximo a ela.

— Ah? — Ela o olhou e sorriu desconcertada — Eu sou Sofia, Sofia Lopes! — esticou a mão em direção a ele, que sorriu.

Por um segundo, paralisou, pois viu ser o mesmo homem que tinha percebido haver sido observado por ela e pela colega.

— Sofia... É um belo nome! Muito prazer, sou Pedro, Pedro Pascal! — Ele se apresentou enquanto apertava a mão dela, usando a mesma forma em que ela usou para falar.

"Pedro... Pascal?" — Sofia pensou e franziu o cenho, percebendo que a ficha estava caindo.

E foi ali que ela percebeu que era ele.

Aquele homem na sua frente era o mesmo que conversava quase todos os dias nos meses anteriores, passava algumas madrugadas falando sobre diversos assuntos, dos mais bestas até os mais sérios.

"Meu Deus..." — Sofia pensou, vendo que estava de fato conhecendo Pedro, o ator famoso que era seu "WebAmigo".

E com Pascal não era diferente, sentia que aquele rosto era familiar, no fundo, de sua mente lembrava-se de Nova York, mas não sabia a razão exata.

Aquele rosto era familiar, a voz, só não sabia de onde, mas sabia que aquele nome, a silhueta que viu das costas dela.
Ele passou o dia observando, não era possível que aquilo poderia ser apenas uma incrível coincidência em ver que ela seria sua amiga virtual.
Pedro simplesmente não acreditava no que acontecia.

"Vou testar, isso não custa nada!" — Pedro pensou já formulando o que diria.

— O que você acha de Fleetwood Mac? — perguntou de repente, a pegando de surpresa.

Pedro a olhava, em dúvida se desejava que aquilo fosse loucura da cabeça dele ou que ela realmente fosse quem ele pensa ser, sua mente estava em pura confusão.

— Ah... eles são bons, mas sendo sincera, não acho Fleetwood Mac lá essas coisas! — Sofia respondeu, sem perceber, da mesma forma com que tinha falado na primeira conversa de verdade deles.

Ele riu desnorteado, mas parou e disfarçou, olhando desacreditado.

— Sofia?

A mesma sorriu timidamente, virando o rosto, não precisava falar, ele já tinha entendido e se situado.

— Meu Deus! — Pedro exclamou.

O mesmo sorriu e se aproximou, a olhava cimo se tentasse perguntar se poderia se aproximar mais dela, ela riu dele e Pedro a abraçou, finalmente conhecia sua amiga virtual.

— Meu Deus do céu! — Sofia disse com seu rosto no ombro do homem.

Ouvindo sua voz, mesmo que fosse em espanhol, Pedro lembrou-se do musical que tinha visto e que tinha se fascinado com a atriz principal, e olhando para o sorriso de Sofia, viu a semelhança.

— Era você? — Pedro quebrou o silêncio enquanto a olhava.

— Onde, exatamente?

— Anastacia. — Ele levantou levemente suas sobrancelhas.

— Ah... — Ela abriu a boca e suspirou, passando uma mão na lateral do seu pescoço — Sim, era eu!

— E... Você sabia que eu tinha te assistido?

— No dia não, apenas quando você me contou no dia seguinte. Acredite em mim, eu fiquei em choque! — Sofia conta.

Ele sorriu.

— Você não tem redes sociais, né?

— O máximo que já tive foi uma conta privada no Instagram onde eu postava fotos com meus amigos, mas já faz uns anos que não uso mais! — Pedro percebe a mania que Sofia tem de usar as mãos para falar — E o WhatsApp, claro!

— Faz muito tempo que não conversamos, hein!

— Pior, Pedrito! — Ela o chamou pelo apelido.

— Seu número ainda é o mesmo? — Pedro perguntou rapidamente.

— Ah, não. Eu tive que trocar, faz um tempinho que mudei! — Sofia responde — Por quê? — viu o olhar que o homem deu e entendeu — Tá, depois te dou!

— Bom mesmo!

Fim!

Telephone - Pedro PascalOnde histórias criam vida. Descubra agora