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Dedicatória: a todos que precisaram se curar sozinhos em silêncio.

Hinata, hoje eu pensei em você.

Um dia, no segundo ano do ensino médio, estavamos andando pela cidade como fazíamos de costume, era um dia úmido de outono. Passamos pelo jardim mais bonito de toda cidade, possuía flores e flores, uma mais bela que a outra, era proibido se quer toca-las. Passamos devagar perto de um canteiro de rosas tão rubras como vinho, você as admirava.

- Como será que elas eram?
você perguntou.

Eu não entendi o que você quis dizer com isso, Hinata, mas hoje eu entendo.

- Como assim?
eu indaguei.

- Como será que elas eram antes de serem rosas?
você me disse, se agachando para vê-las melhor.

- Acho que a vida na terra de cada um explica que flor eles renascem, não é?
dou uma risada curta e baixa.

- Talvez você esteja certo.
ele olhou para mim com um sorriso nos olhos, ainda abaixado perto das flores. - Espero ser uma bela rosa cor de vinho quando morrer.
ele se levantou e continuamos seguindo o caminho.

Hoje pela tarde, quando cheguei no ginásio do colégio Karasuno para treinar a molecada, alguns garotos do primeiro ano estavam falando sobre o "Pequeno Gigante", um garotinho de 1,60 e ruivo que era titular no time a alguns anos atrás. Eu disse que havia conhecido esse menino. Me perguntaram sobre como ele estava hoje em dia, se ainda jogava, se estava bem. Eu sorri e disse.

- Eu não desejaria conhecer Shoyo.

Eu não estou errado, eu queria ter tido a opção de não conhecê-lo.

Mas eles insistiram em pedir: Por onde ele anda?

E respondi.

- Eu não sei.

. . .

02 de novembro.

Quando cheguei no hospital pela tarde, fui direto ao corredor onde uma enfermeira disse que Shoyo se localizava.

Hinata teve outra crise por conta da tuberculose.

Quando entrei em seu quarto, o garoto estava deitado em sua cama, olhando para a janela aberta. O clima estava agradável para hoje.

Não tinha ninguém além de nós no lugar.

Me sentei na cadeira ao seu lado.

- Eu poderia estar treinando agora, não é?
ele disse. - Você deveria fazer a mesma coisa.

- Não ligo para o que você diz, vou vir da mesma forma.
digo tocando sua testa. Seus olhos estavam profundos, provavelmente não dormiu direito.

Ele estava mais pálido, mas seu corpo ainda estava magro, o que me deixa ainda mais nervoso.

Hinata precisa tratar de anemia desde os quatorze anos. No ano passado, começou a tossir sangue, o que lhe diagnosticou tuberculose pulmonar.

Esse garoto passou pela beira da morte tantas vezes, e continua tão forte e corajoso.

- O que você comeu hoje?
perguntei.

- Não tive fome.
ele disse, desviando o olhar.

- Vamos lá Shoyo, você quer voltar a jogar vôlei comigo e os meninos?
disse tocando devagar em seu queixo, fazendo o olhar para mim.

- É óbvio que eu quero.
ele disse um pouco irritado, puxando minha mão, mas decidiu segura-la, o que me causou um arrepio. Suas mãos eram quentinhas.

- Então prometa que vai ao menos jantar está noite.

Ele me deu um sorriso sem jeito.

- Não me olhe assim.
ri.

- Queria poder estar lá fora junto com você.
ele aperta minha mão um pouco mais.

- Então melhore logo, seu brocha.
costumamos ter brincadeiras assim, sempre pedi desculpas depois mas ele sempre fala que lhe deixa mais animado.

- Sou doente, não brocha.
ele cruza os braços rindo.

Mal vi o tempo passando, jogamos um jogo que levei para passarmos um tempo e me diverti muito, sinceramente. Esse garoto faz qualquer pequeno pedaço vazio ser preenchido com sua risada e energia, mesmo estando nos piores momentos.

Fomos interrompidos pela voz de uma enfermeira, dizendo que meu horário de visita acabou.

Lancei um olhar triste para Hinata, ele pareceu bem mais chateado.

Passei a mão pela minha camiseta e me levantei.

- Kageyama.
ele me chamou, baixinho.

Olhar para o garoto tão deprimido e deitado naquele leito de hospital me dá enjôo.

- Eu vou voltar.
disse.

Quando me virei para sair, dei meia volta e encostei nossos lábios, devagar. Ele tocou meu pescoço da forma mais suave possível, parecia um anjo.

Quando arrumei minha postura, todo vermelho, me virei e sai.

. . .

Era mais ou menos 19:00h quando meu celular vibrou em cima da cama, estava chovendo lá fora e mais frio.

Olhei para a tela e li o nome de Yamaguchi.

- Oi?
disse encostando o aparelho na orelha.

- Uhm, me desculpe por ligar de repente...
a voz de Yamaguchi soou meio preocupada do outro lado da linha. - Estou tentando convencer Hinata de ao menos beliscar a comida, mas ele se irritou muito e começou a surtar, mantive a calma, entendo o que ele está passando.
continuou.

- Até que tive a brilhante ideia de perguntar para o mesmo se caso alguém muito específico estivesse ali, ele pelo menos encostaria na comida. Ele não disse nada mas parou de falar no mesmo instante e encarou o nada.
Arregalei os olhos.

- Automaticamente pensei em você, teria problema se pudesse aparecer aqui..

- Estou chegando em sete minutos.
disse abotoando minha jaqueta. - Falta muito tempo para se formar em medicina, Yamaguchi?

- Falta, muito obrigado!
ele encerrou a ligação.

Quando cheguei naquele mesmo hospital, entrei no quarto de Hinata.

Yamaguchi me esperava na porta.

- Que bom que veio.
ele suspirou aliviado.

Andei pelo cômodo e me sentei ao lado do ruivo.

- O que trás ai?
ele pediu.

- Meu jantar, vim comer junto com você.
disse levantando minha marmita.

Ele ficou em silêncio encarando o prato de comida em seu colo.

- Acho que para tomar seu remédio, precisa estar de estômago cheio.
disse enfiando um pedaço de carne na boca.

- Sim.
ele tocou nos talheres.

Mal percebi que estava com um sorriso enorme no rosto.

- Estou orgulho de te ver comendo assim.
disse baixinho.

- Você não deveria vir, vai se resfriar com essa chuva toda.
ele deu ombros, focado no seu prato.

- Eu não me importo, desde que seja por você.
ele olha para os meus olhos com essas palavras.

Fui interrompido por uma cotovelada de leve no braço, Yamaguchi sorriu para mim.

Coloquei a mão no bolso da calça, buscando sentir a íris que havia colhido mais cedo indo para a escola. Hinata sempre me disse que ela dava esperança.

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notas da autora :)

Oieeee, to tao animada para essa fanfic meudeus KKKKK espero que gostemmm

Hoje eu pensei em você | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora