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28 de junho.

Essa noite, levei Shoyo para jantar.

Pela primeira vez em algum tempo, o ruivo parecia fingir estar feliz, então me esforcei o máximo para o alegrar.

- Vamos no fliperama, Kageyama!
ele gritou correndo na frente.

- Pare de se aproveitar do meu dinheiro!
disse, o arrastando para dentro do estabelecimento.

Decidimos jogar boliche, mas me arrependi rápido, Hinata era estranhamente bom naquilo.

- Desde quando seus braços são tão fortes?!
indago enquanto vejo Shoyo comemorar seu strike.

- Talento são para poucos!
ele se exibiu.

O empurrei para o lado, arremessando a bola determinado a derrubar alguns cones.

Um silêncio pairou entre nós enquanto o objeto rolava.

E miseravelmente acertando a canaleta.

Caímos numa risada exagerada, sem saber exatamente o motivo que estava gargalhando.

Mas senti o peito se preencher.

- Já que foi incrivelmente esculachado, está ficando tarde.
ele disse limpando uma lágrima que se formou no canto do olho.

- É melhor, antes que sua mãe me mate.
ri segurando sua mão.

Ao atravessar a porta do local, estava chovendo.

- Merda!
exclamei.

- Não seja tão dramático!
ele disse me arrastando.

- Você pretende pegar uma pneumonia ou algo do gênero?
disse sínico.

Mas ele deu ombros.

Por mais que a chuva tirlintasse, ainda era possível ver a Lua no céu, brilhando.

Chegando próximo ao jardim, Shoyo saiu correndo na minha frente e me gritou algo que não entendi.

Corri atrás dele.

- Se ficar mais tempo dessa forma na chuva, vai pegar uma doença e morrer.
disse agarrando sua cintura.

- Vamos dançar.

Eu não entendi o que ele quis dizer com isso.

- N-não sou bom nisso...
esfreguei a nuca.

Seus olhos brilhavam para mim.

- Então... Eu posso dançar com a lua.
ele riu exageradamente.

E começou a dançar uma valsa, cantarolando algo.

Acompanhei seus movimentos com os olhos, sem entender o que fazia.

- Por que é tão difícil te compreender?
revirei os olhos, sorrindo.

E comecei a dançar como ele, sozinhos.

A música que o garoto cantarolava era suave como a chuva sobre nossos corpos.

Ficamos um certo tempo rodando, e rodando.

Até que encontrei seu corpo.

Prendi sua cintura em uma das mãos e segurei sua mão.

E começamos a dançar juntos.

Quando diminuímos o ritmo, Hinata me olhou nos olhos, eles brilhavam. Como é possível ter olhos tão brilhantes mesmo na noite escura?

Ele passou as mãos sobre meu cabelo molhado.

E então me beijou.

Respondi seus lábios quentes e macios.

Ele me beijava como se fosse a última vez que faria isso.

Quando soltei nossos lábios, o olhei mais um vez e sorri.

- Eu amo você.

Em resposta, tive um sorriso, parecia triste.

Por um momento, tive a impressão de o ver chorar.

Quando ele entrou dentro de casa e me virei para ir para casa, meu celular vibrou no bolso.

"Quando chegar em casa, olhe o bolso da sua calça;)"
era uma mensagem de Shoyo.

Quando encostei a ponta do dedo dentro do bolso da calça, senti a ponta de um papel.

Sorri feito um bobo.

Ao chegar em casa, me sequei e vesti roupas quentes.

Deitei sobre a cama com o papel que Shoyo deixou no meu bolso.

Desdobrei o mesmo e comecei a ler.

Todas as rosas daquele jardim juntas não formam o significado do amor que tenho sobre Tobio Kageyama.

Nunca amei alguém como você, como amar alguém como você?

Você tem cabelos escuros como a noite, olhos grandes como a Lua.

Nunca conheci alguém tão cuidadoso, gentil e compreensivo como você, em que parte da minha vida acertei ao ponto de conseguir como recompensa alguém como você?

É engraçado como me vejo repetindo:
Você, você, você.

Com você, o amor pode ser lindo, como nunca ninguém pôde imaginar.

Nenhum sofrimento pode ser pário para um mundo que tenha você. No meu mundo, sempre fui eu e eu; Até você chegar e arrombar a porta dele.

Estou a muito tempo pensando e pensando alguma palavra correta para descrever tudo isso, mas é impossível resumir o meu sentimento em uma palavra somente.

Elas parecem tão insignificantes.

Mas nos meus olhos, está estampada, não está?

Você a ve?

Por que você foi o único que permitiu a existência dela.

Vou confessar uma coisa. Algumas vezes, na madrugada, fui até a janela do meu quarto e comecei a conversar com a lua.

Mas ela nunca me deu uma resposta tão concreta, então decidi escrever o que ela me disse.

Aproveitei cada segundo que pude enquanto consegui, mas sempre me arrependo de não me agarrar em seus braços e não sair mais.

E como um bebê, já sinto sua falta.

Mas ainda vamos nos encontrar.

Eu te amo.

Shoyo.

Pressionei o papel sobre o peito.

Hinata se suicidou naquela mesma noite.

Hoje eu pensei em você | KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora