Cap. 28

46 2 4
                                    

— Era para o seu pai ter essa conversa com você, e não eu -diz parado na porta após um suspiro longo.

Fico o observando enquanto ele continua parado na porta, consigo ver nitidamente que ele está em uma luta interna sobre continuar a me contar sobre essa história ou manter a promessa que aparentemente ele fez ao meu pai.

— Você faz o papel dele por mim agora Hopper, você é a figura mais próxima que tenho de um pai. Se existe alguma coisa nesta história eu precise saber, por favor -junto todas as forças para ignorar o nó em minha garganta para conseguir implorar.

Soltando um suspiro agoniado, Hopper se senta novamente no sofá, permanecendo em silêncio por mais alguns minutos. Eu o respeito, entendo que provavelmente esse deve ser um assunto bem difícil para ele falar, então não o pressiono deixando ele tomar o tempo necessário. Sento em uma poltrona que está á sua frente. Ele está com a cabeça baixa entre as mãos, não conseguindo me olhar diretamente.

— Adam era um doce de criança - sua voz soa embargada —Seus pais o adotaram quando ele tinha apenas 2 meses de vida, eles se apaixonaram por ele logo de cara.

Ignorando o choque que se passa na minha mente apenas aceno com a cabeça para que ele possa continuar.

— Ava sempre teve muita dificuldade de engravidar antes de você, então eles decidiram adotar uma criança, quando eles viram o Adam foi amor a primeira vista, eles estavam felizes, eu nunca tinha visto eles tão felizes assim-abre um sorriso enquanto fala —Adam era uma criança doce, gentil, muito carinhosa, ele era muito apegado a Ava.

— E o que aconteceu? Por que eu nunca ouvi falar dele? - falo ignorando as lágrimas em meus olhos e o nó na minha garganta.

— Quando ele cresceu Arthur e Ava decidiram o colocar em um colégio interno.

— Por que? - o encaro atentamente, prestando atenção em todos os detalhes.

— Quando ele tinha uns 6 anos ele se mostrou com algumas atitudes que levaram seus pais a tomar essa decisão.

— E por que eu nunca fiquei sabendo dele?

— Eles ficaram durante anos indo visitar o Adam no colégio, eles o amavam muito e não queria que ele se sentisse excluído, mas em um certo momento ele simplesmente decidiu não aceitar mais as visitas, desde então ninguém mais soube dele.

Olho para Eddie que agora está sentado no braço da poltrona ao meu lado em silêncio, dando o espaço necessário para essa conversa, mas ele me conhece bem o suficiente para saber que eu iria precisar de alguém aqui do meu lado, ele passa a mão nas minhas costas sem dizer nada, Hopper apenas observa em silêncio o jeito em que ele me trata.

— Ele está vivo? -volto minha atenção para ele.

— Não sei, tenho tentado descobrir informações sobre ele.

— Isso quer dizer que talvez eu tenha um irmão? Todo esse tempo você sabia que posso ter um irmão andando por aí e nunca me contou?

— Denna eu sei, me desculpa, mas prometi para o Arthur…

— Hopper eu pensei que eu não teria mais ninguém além de você na vida, tenho algo dos meus pais e você não me falou!

— Olha pequena eu sei, me desculpa por isso, eu também te prometi que não iria esconder coisas de você, me desculpa.

Apenas balanço minha cabeça anestesiada com o que acabei de escutar, eu sempre quis um irmão ou uma irmã, e saber que existe uma possibilidade de um irmão meu estar por aí e eu nem saber de sua existência está mexendo com a minha cabeça neste momento. Me levanto em silêncio e vou em direção ao meu quarto deixando Eddie e Hopper ficam sozinhos na sala, ao entrar no banheiro sinto a pressão de tudo o que acabei de ouvir, as lágrimas escorrem pelo meu rosto, como se tirassem algo dentro de mim que eu não sabia que existia, são lágrimas pela dor de perder meus pais, elas vem sido guardadas dentro de mim a tanto tempo. Deixo por um momento de lado toda fachada de “menina forte” que eu construí para me defender e dou espaço para a "garota que está em pedaços por dentro".

Não sei exatamente por quanto tempo fiquei ali sentada no chão do meu banheiro, me levanto e jogo água no meu rosto tentando lavar tudo o que eu senti, tentando esconder que chorei por tanto tempo, não gosto de mostrar fraqueza, mas quando olho no espelho consigo ver nitidamente a bagunça que estou.

— Você deveria sentir vergonha de ficar bonita até nesse estado -Eddie está encostado no batente da porta me olhando.

— É, eu acho sexy ter rimel escorrendo pela minha bochecha - forço um sorriso e limpo meu rosto.

— Como você está, princesa? -diz parando ao meu lado sem tirar os olhos de mim, abro um sorriso fraco me virando para ficarmos de frente.

— Eu estou bem, quer dizer vai ficar tudo bem, sempre fica.

— Você sabe que o Hopper não tinha muito o que fazer nessa situação né? -O encaro com uma sobrancelha levantada.

— Edward Munson, você está defendendo o delegado? -com um sorriso no rosto, ele encolhe os ombros.

— Não conta isso para ele, ele já não gosta de mim. -me abraçando por trás me da um beijo demorado na bochecha -Quer fazer alguma coisa para se distrair? Ir para algum lugar?

— Sinceramente, eu não sei.

— Podemos ir para minha casa, ficar lá. -aceno com a cabeça.

Levo um tempo arrumando algumas coisas dentro de casa, pergunto para Eddie onde Hopper está, pois não o vejo em lugar nenhum, ele me diz que ele foi trabalhar, decido mandar uma mensagem para ele antes de sair.

~Mensagem~

— Vou para casa do Eddie essa noite, tudo bem?

— Tudo bem.

— Só isso? Nenhum xingamento por eu estar andando com ele?

— Tive uma conversa com ele hoje, então sem nenhum comentário sobre isso.

— Tio, eu te amo, me desculpe por hoje.

— Depois conversamos pequena.

O caminho para a casa do Eddie é curto, dentro da van está tocando uma música baixa que consegue me relaxar o suficiente. Muitas coisas ainda estão passando na minha cabeça, mas resolvo deixar isso para depois, agora só quero aproveitar o momento que tanto demorou para acontecer. Ao entrar na casa sinto a exaustão batendo no meu corpo, já que está quase amanhecendo, Eddie percebe e me da um beijo leve e doce, sem nenhuma intenção por trás. Interrompendo o beijo ele cola a sua testa com a minha, sorrir e fala:

— Vai tomar um banho que você tá precisando - isso me faz ri.

Tomo um banho quente e curto, apenas para relaxar mais um pouco, quando saio vejo Eddie deitado mexendo no celular, assim que deito ele o coloca de lado e me abraça, ficamos ali em silêncio, antes que eu pegue no sono eu me viro para o encarar.

— Eddie…

— Hum? -diz com uma voz sonolenta.

— O que você e o Hopper ficaram conversando enquanto eu não estava?

— Nada de mais princesa, esquece isso. -diz ainda com os olhos fechados.

— Vai, você me conhece bem, sabe que eu não vou esquecer -soltando um suspiro longo ele me olha diretamente nos meus olhos.

— Ele me ameaçou - solto uma risada rápida - Me pediu para cuidar de você, ele sabia que você ia precisar - fico em silêncio apenas olhando para aqueles olhos castanhos que eu tanto gosto, ele beija a ponta do meu nariz - E me perguntou o que eu realmente sinto por você.

— Espera o quê?! -apoio meus braços na cama para olha-lo direito - Por que ele fez isso?

— Porque ele te ama e cuida de você, né Denna.

— E o que você disse? -pergunto na esperança de saber o que ele realmente sente por mim, mas em vez de alguma resposta recebo um sorriso irônico.

— Você adoraria saber, não é princesa? -diz se virando fechando os olhos novamente.

— A qual é Eddie, me fala.

— Vai dormir Denna.

Me viro de costas para ele e deito, em seguida sinto um beijo em minha cabeça e seu braço me abraçando. Meus olhos estão pesados de sono, a última coisa que escuto antes de apagar.

— Como se você já não soubesse a resposta para isso...

Como se não fosse a primeira vez - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora