Cap 17

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Henry mantém uma distância confortável entre nós, já que eu não o conhecia e estávamos em um lugar afastado de tudo.

-Tem certeza que está tudo bem? Posso ir embora se quiser -diz com a voz calma.

-Não, me desculpa pode ficar, eu só me assustei, não estava esperando que alguém estivesse aqui -digo me sentando novamente no banco.

-Tudo bem, não precisa pedir desculpas por isso não, aqui normalmente não vem ninguém mesmo.

-Você costuma vir aqui?

-Posso? -ele aponta para o espaço ao meu lado. Eu concordo com a cabeça e ele se senta no lugar vago.

-Eu costumava vir quando era pequeno, meus pais me traziam aqui.

-Os meus também, desde então virou meu lugar favorito pra quando eu preciso fugir de algo.

-É, me sinto da mesma forma. Senti falta daqui enquanto estive fora. -diz com um tom triste.

-Você ficou fora da cidade?

-Do país, meus pais me mandaram para um colégio estrangeiro, voltei recentemente, mas senti saudades dessa cidadezinha ridícula.

Ouvir ele falar daquele jeito me tirou um sorriso, parecia que eu estava me assistindo.

Algo no Henry conseguia me acalmar, não sei se era a voz baixa e calma dele. Eu me pegava presa nos olhos azuis que ele possui, não de um jeito romântico, e sim por sentir como se ele me conhecesse de certa forma, como se soubesse o que estou passando. De uma forma inexplicável ele me trazia conforto, como se eu estivesse em casa.

Passamos a tarde ali conversando como se nós conhecêssemos a vida inteira, ele conseguiu aliviar toda a tensão que eu estava sentindo.

-Obrigada Henry - agradeço com a voz baixa e sem jeito.

-Pelo o que exatamente? -ele diz com um olhar gentil.

-Eu estava tendo um dia bem difícil, recebi uma notícia que acabou com a minha semana, e você conseguiu fazer com que eu esquecesse disso por um tempo, obrigada.

-Não seja por isso querida -ele pegou meu celular da minha mão e começou a digitar -Aqui meu número você pode me chamar sempre que precisar de um idiota pra te fazer rir um pouco. - acabo rindo novamente, incrível como facilmente Henry consegue arrancar uma risada de mim -Você tem um sorriso bonito, não deve esconder isso.

Me levanto e ajeito a minha roupa, pego minha mochila e me viro para ele -Vou indo, antes que senhor Hopper mande alguém vir atrás de mim.

-E eu te ofereceria uma carona, mas segundo você é melhor eu manter uma distância considerável de você. -dou uma risada novamente.

-Rapaz esperto você, tchau.

Vou andando até minha casa já me preparando para uma conversa com o Hopper - tal conversa que eu não quero - mas sei que vou ter que ter, quero saber exatamente o que está acontecendo.

Assim que entro em casa Hopper se levanta da poltrona que estava e vem na minha direção, ele me abraça forte.

-Eu fiquei o dia todo preocupado com você pequena.

-Desculpa Tio, eu não estava pensando direito, mas agora eu quero saber exatamente o que está acontecendo, por favor. -ele solta um suspiro longo e me puxa para a cozinha, colocando todos os papéis na minha frente novamente e conta tudo o que eu já sabia.

-Acontece que na época não achamos nenhum indício de que poderia ter sido forjado, não achamos nada e não tínhamos suspeitos, mas parece que apareceu uma testemunha depois desse tempo - vejo-o levantar e começar a andar de um lado para o outro passando mão nos cabelos. - É só uma suspeita, não temos nada concreto, mas isso tá me matando por dentro.

-E você já falou com essa testemunha? -digo ainda sentada o encarando.

-Já sim, ela só disse que viu um rapaz mexendo no carro deles na noite anterior, e que quando ele a viu, fingiu que nada estava acontecendo.

-E porque só agora ela veio falar?

-Disse que estava com medo, e que agora queria fazer alguma coisa. Mas é só isso.

-Tá - me levanto e vou até ele - Promete pra mim que qualquer novidade no caso você vai me contar? -ele fica me encarando em silêncio - Jim Hopper não me faça usar meus olhos de cachorro abandonado com você.

Ele solta uma risada baixa e fala:
-Ta garota, vai se trocar que eu vou pedir pizza pra gente.

O abraço agradecendo tudo o que ele tem feito por mim e vou para meu quarto me trocar.

Como se não fosse a primeira vez - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora