Como se não fosse a primeira vez - Eddie Munson

Cap 20

É  fim de tarde e eu estou jogada na minha cama pensando em muitas coisas, a voz de Henry dizendo que talvez eu goste do Eddie não sai da minha cabeça. Estou tentando o máximo que eu posso dizer pra mim mesma que não tem como isso acontecer, não teria como o Henry me conhecer bem o suficiente para perceber isso, ninguém percebeu até agora, o que eu sinto pelo Eddie é apenas atração e nada mais… não é?

Resolvo ir atras da única pessoa que pode me ajudar esclarecer isso, eu sei muito bem que ela vai me trazer de volta a realidade e me mostra que tudo isso não passa de uma doidera da minha cabeça, mas confesso que eu estou bastante nervosa em falar disso com alguém que não seja o Henry, mas eu preciso falar antes que isso me enlouqueça.

Assim que saio de casa eu vou andando para ter tempo de pensar no que eu vou falar, em quais palavras eu vou usar. O caminho é curto e assim que eu bato na porta me sinto nervosa e tento achar coragem, eu tenho medo do que exatamente ela vai me falar, e se eu não ouvir o que eu quero aceitar? Assim que a porta se abre vejo um rosto confuso e eu falo a primeira coisa que me vem à cabeça:
- Temos um problema!!

Robin me olha confusa, mas abre caminho para que eu possa entrar. Sinto que meu corpo inteiro trêmulo e eu acredito que eu não esteja conseguindo disfarçar muito bem o nervosismo porque Robin continua me encarando com o rosto mais confuso do que antes.

-Vai falar logo ou vou ter que te obrigar Denna?

-Calma eu to pensando em como falar – tento pensar em como conta-la.

-É tão sério assim? -diz se jogando no sofá ao meu lado.

-Eu ainda não sei, ainda não me decidi ao certo –encosto minha cabeça em seu ombro.

-Então vai logo Denna, desembucha.

-O que você acha do Edward?  - pergunto de uma vez.

-Edward? O Eddie? Ah eu gosto dele, mas não faz meu tipo –solta uma risada.

-Deve ser porque seu tipo é a Vicky? Mas sério, o que você acha dele?

-Ah Denna.. Eu gosto dele, ele tem uns gostos meios estranhos, o jeito que ele se veste é meio esquisito, mas ele é uma boa pessoa, diferente do que todo mundo fala dele. Ele é totalmente diferente do tipo de cara que você se envolveria –ela ri achando graça da própria fala dela.

-E qual tipo de cara que eu me envolveria Robin? -me afasto e cruzo meus braços.

-Você sabe, do tipo de cara que não tem nada a ver com você, você sabe o quão difícil você é, então você tenta achar alguém diferente de você, fácil de lidar –fico em silêncio, odeio que ela me conheça tão bem assim. -Mas por que você está me perguntando sobre o Eddie, Denna? Aconteceu alguma coisa? 

Fico em silencio alguns longos segundos pensando em quais palavras usar. Sempre foi tão fácil falar sobre tudo da minha vida com a Robin, mas agora parece que todas as palavras simplesmente sumiram então decido falar a primeira coisa que eu penso antes que eu perca a coragem.

-Talvez eu esteja gostando do Eddie.

Robin que até então estava com um sorriso no rosto me olha como se estivesse processando o que eu tinha acabado de falar, em silêncio ela some no caminho para cozinha, quando volta é com duas cervejas em mãos, me oferece uma e continua me encarando.

-Se vamos ter esse tipo de conversa, vamos precisar disso –pego a cerveja e dou um gole grande como se fosse me dar toda coragem que eu preciso -Quando você falar estar gostando do Eddie você quer dizer como exatamente?

-Eu disse talvez Robin, e eu não sei, eu sempre achei que fosse apenas uma atração mútua, mas eu conversando com o Henry ele me mostrou o outro lado da história, ele começou a tentar fazer eu ver o Eddie com outros olhos.

-Henry? Quem é Henry? – pergunta confusa.

-Não importa Robin a questão agora é que eu não sei o que pensar ou o que fazer…
(…)
Nós passamos algumas horas conversando sobre essa possibilidade, Robin que desde sempre foi relutante em achar uma boa ideia que eu me envolvesse com algum deles só precisou de algumas cervejas para tentar me convencer do quão eu e o Eddie seriamos perfeitos juntos e –palavras dela- o quão ele é doido por mim e não faz questão nenhuma de esconder aquilo de ninguém.

-Denna você precisa falar pra ele que você gosta dele – Robin fala com a voz um pouco embargada pós algumas cervejas.

-Eu disse que talvez eu goste dele, não sei ainda  - suspiro fundo, pensativa.

-Você sabe sim, só não quer admitir porque tem medo que ele seja igual ao Billy foi com você, mas vou te falar, ele não tem nada a ver com o Billy, o Eddie te merece –ela diz com a voz um pouco arrastada, e eu fico em silencio apenas pensando no que ela disse –Acredite em mim Denna, sou sua melhor amiga e eu não mentiria pra você.

-Tá, eu gosto dele, mas isso não quer dizer que ele também goste de mim, não é?

Robin levanta e começa a me puxar pelos braços para que eu fique em pé, assim que eu levanto ela começa a me empurrar em direção da porta.

-ROBIN, ESPERA, SE QUER QUE EU VÁ EMBORA É SÓ PEDIR, NÃO PRECISA ME EXPULSAR.

-Cala a boca Denna, você vai até a casa do Eddie, você vai falar sobre isso com ele.

-ESPERA, O QUÊ? AGORA? NÃO ROBIN, ESTÁ TARDE, EU BEBI …

-Bom que você bebeu pra você ter coragem, agora vamos.

O caminho pra casa do Eddie é um pouco longo, mas não longo o suficiente para necessitar de um carro. Diferente do que a Robin disse, a coragem que eu tenho no momento é bem pouca, quase inexistente e provavelmente não tem quantidade de álcool no mundo que me faça ter coragem para fazer isso sem sentir meu corpo inteiro tremer. Assim que estamos chegando perto da casa de Eddie, Robin me para e fala baixo como se alguém fosse ouvir.
-Eu não vou até lá com você, você precisa fazer isso sozinha.

Eu odeio que até mesmo bêbada ela consegue ter razão, paro na frente da casa onde o Eddie mora e sinto que minhas mãos estão soadas, mas eu preciso fazer isso, principalmente depois do que aconteceu hoje mais cedo. Junto todo pedaço de coragem que tem dentro de mim e bato na porta algumas vezes, espero e ninguém abre, fecho os olhos com um misto de decepção, ao mesmo tempo alivio e me viro para ir embora.
Assim que me viro eu escuto a porta se abrindo atrás de mim. Meu corpo trava ali no mesmo lugar, o nervosismo toma conta do meu corpo mais uma vez.
-Oi? Posso ajudar? 

-É, oi Eddie -me viro devagar com um sorriso grande forçado no rosto.

-Denna? O que você está fazendo aqui essa hora? Aconteceu alguma coisa? -ele me olha com um olhar preocupado.

-Não, não aconteceu nada, eu só queria conversar com você…

Antes que eu pudesse terminar de falar escuto uma voz feminina vindo de dentro da casa dele
-Eddie? Tá tudo bem aí fora? -Eddie fica nitidamente nervoso quando ele vê Chrissy parada na porta olhando para nós dois. -Se quiser eu posso voltar outro dia e a gente continua.

Ele responde sem olhar para ela, com os olhos fixos em mim -É uma boa ideia Chirssy.

Os próximos minutos duram uma eternidade, eu deveria ter ido embora, mas eu não conseguia, a vergonha que eu estava sentindo de ter ido até lá pensando que poderia existir algo entre a gente me manteve presa no mesmo lugar, assim que Chrissy pega as coisas dela ela vai embora, mas não antes de dar um beijo no rosto do Eddie enquanto me olha.

-Olha Denna, não é o que você ta pensando… -diz tentando pegar na minha mão.

-Não, tá tudo bem Eddie, eu vim sem avisar –me afasto dele.

-É sério Denna, a gente pode conversar?

-Eu só queria pedir desculpa por hoje cedo, não queria que as coisas terminassem daquele jeito, mas foi uma péssima ideia vir aqui a essa hora, me desculpa atrapalhar o que esteva acontecendo entre vocês. Boa noite Eddie, até amanhã -forço um sorriso e saio andando tentando ignorar o nó na minha garganta.