Cap 31

35 2 5
                                    

Eddie parece inquieto, eu o conheço sei que ele quer falar algo, porém não vai. O observo  enquanto ele abre a janela da van e acende um cigarro, ele me encara com uma sobrancelha arqueada como se me desafiasse a falar primeiro e isso faz com que uma raiva que até então eu não tinha percebido que estava sentindo viesse a tona.

-Vai me contar o que tá rolando ou vou ter que usar minha bola de cristal pra  descobrir? - o encaro enquanto ele da outro trago longo no cigarro.

-Não é nada Denna.

O encaro por mais alguns segundos em silêncio, me dando por vencida e extremamente cansada abro a porta da van e vou em direção a casa, procuro as chaves dentro da minha bolsa, o que parece demorar uma eternidade, assim que coloco a chave na fechadura para abrir, Eddie coloca a mão na parede do lado da minha cabeça, soltando um suspiro longo antes de falar.

-De onde você conhece ele ?

-Não é da sua conta.

-Qual é Denna, eu só tô tentando te proteger. -solto um suspiro longo.

-Eu já disse Eddie, eu conheci ele a um tempo atrás e desde então a gente tem conversado direto, só isso -ele continua me olhando nos olhos - Isso tudo é por ciúmes ?

-Não!

-Então, por que você está assim?

-Eu não gostei desse cara, não confiei em nada do que ele disse.

-E isso não é ciúmes?

-Não Denna, não temos nada que me permita ter ciúmes de você.

Com uma risada sarcástica abro a porta e entro em casa, sento no sofá tirando meu tênis. As palavras que eu acabei de ouvir estão girando na minha mente, eu sei que não rotulamos o que temos,  mas ouvir isso diretamente dele me doeu mais do que eu pensei que doeria.u

-Olha Denna, não é isso que eu quis dizer, de verdade.

- Está tudo bem Eddie, eu entendi -abro um sorriso fraco, ele se senta ao meu lado.

-Olha princesa, me desculpa por agir igual a um babaca, mas me deixa maluco ver outro cara se aproximando de você como ele se aproximou.

-Como eu já disse Eddie, eu não vejo o Henry dessa maneira.

-Mas ele te ve Denna, dá pra vê no jeito que ele te olha.

-MAS EU NÃO O VEJO ASSIM EDDIE! -me levanto nervosa e vou em direção a cozinha.

-E por que não Denna? Ela nitidamente quer você -ele levanta e me segue.

-POR QUE EU AMO VOCÊ IDIOTA, E NÃO ELE!

Eddie nitidamente leva um choque ao me ouvir dizer isso, ele para de andar e fica me olhando.

-A, então tá beleza... -diz com um tom sem graça.

-Então tá beleza? É isso?

-Não, isso me pegou de surpresa, não estava esperando você falar isso pra mim.

Concordo com a cabeça e vou até a geladeira em silêncio, pego uma cerveja e abro tomando um gole grande tentando engolir de volta a vergonha de ter dito essas palavras, não era o momento e não posso culpa-lo ou cobra-lo por não dizer de volta.

-Quer uma cerveja? -digo tentando disfarçar o clima estranho que ficou.

Eddie se aproxima de mim e segura meu rosto me fazendo olhar diretamente em seus olhos, engulo o nó em minha garganta, sinto seu polegar passando pela minha bochecha.

-Acho que eu não preciso dizer nada, não é?

Fecho meus olhos e solto um suspiro longo

-Eu não sei do que você tá falando Eddie -digo ainda com os olhos fechados.

Após uma pausa, ambos em silêncio, sinto seus lábios colarem aos meus em um beijo doce e calmo, um beijo carregado de sentimentos, um beijo que por si só já dizia muitas coisas. Em meio ao ósculo sinto sua língua delicadamente pedir passagem por entre meus lábios. Abro a boca lhe cedendo passagem,  sinto uma de suas mãos segurar meu cabelo, não muito firme, apenas para manter o controle, com a outra Eddie segura minha cintura e me puxa para mais perto de seu corpo. Eddie interrompe o beijo e encosta sua testa na minha, ainda ofegante sua voz é baixa.

-Denna?

Mas não consigo responder com palavras, ainda estou de olhos fechados, apenas faço um som para que ele entenda que eu estou prestando atenção no que ele está dizendo.

-Olha pra mim -abro meus olhos e vejo seus olhos tão próximo a mim, me olhando profundamente. -Eu sempre te amei maluca, não vai ser uma discussão boba que vai conseguir muda isso, eu sou seu desde o momento em que eu te vi, só demorou um pouco para você entender isso.

Solto uma respiração que não sabia que estava segurando, ouvir aquilo parecia ter tirado um peso das minhas costas, saber que ele gosta de mim o tanto que eu gosto dele me faz querer deixar tudo o que aconteceu pra trás e seguir daqui em diante.

-Ok...

-Ok? -Eddie diz com uma risada.

-É, não tem muita coisa que eu possa dizer agora.

-Que tal você dizer que aceita ser minha, só minha,  o tanto que eu sou seu desde o começo?

-E eu ganho o que com isso?

-Cacete Denna, você é impossível -dou uma risada sincera.

-Eu tô brincando esquisito, é claro que eu vou ser sua o quanto você quiser que eu seja -passo meus braços em volta do seu pescoço.

-O quanto eu quiser? Você sabe que isso é uma promessa muito perigosa, não sabe?

Sorrindo, dou um selinho demorado em seus lábios. Me afasto e começo a tirar a jaqueta e em seguida a camiseta.

-Vai passar a noite aqui Eddie?

-Não pretendia, mas você tá tornando isso bem difícil, princesa. Se o Hopper chegar e me ver aqui de novo ele me mata.

-Matar não, mas que ele vai te ameaçar usando uma arma isso é bem provável.

-Então é melhor eu ir pra casa, não quero confusão.

-Tudo bem então -tiro a calça ficando apenas de calcinha e sutiã -Só fecha a porta antes de sair por favor.

Eddie perde a postura e fecha a porta atrás dele vindo em minha direção.

(...)

Noite passada foi uma das melhores que tivemos, conversamos sobre tudo, consegui fazer Eddie entender a maneira em que eu olho para Henry, conseguir faze-lo entender muitas coisas que ficaram em aberto, contei para ele tudo o que tem acontecido, do relacionamento que eu tive com Billy até a morte dos meus pais, o resto ele já sabia pois ele ouviu Hopper contando. Não queria que começássemos com alguma questão mal resolvida, não pretendo deixa-lo ir a lugar algum tão cedo e não pretendo ir a lugar algum. A verdade é que eu nunca senti isso por ninguém, eu nunca senti amor de verdade. Com Billy eu apenas achava que sentia, era me primeiro namorado, mas parando para pensar eu nunca disse EU TE AMO para ele, e ele nunca me cobrou de nada... todos os sinais de alerta estavam lá, eu só não conseguia enxergar.
Acordo na manhã seguinte com um sentimento de felicidade extrema, é uma manhã fria, então Eddie está me abraçando forte embaixo das cobertas, eu amo a sensação. Antes que eu possa levantar escuto a porta da frente abrindo, xingo mentalmente, pois, pelo barulho dos passos fortes sei que é Hopper que chegou em casa, eu não sei como ele vai reagir assim que ver Eddie deitado na minha cama comigo, continuo deitada apenas esperando pois sei o que vem a seguir. A porta do meu quarto abre devagar como ele sempre faz quando chega do serviço, assim que ele me ver acordada ele abre um sorriso.

-Bom dia pequena -seu sorriso morre assim que ele olha para  o meu lado e percebe que estou acompanhada -Precisamos conversar, vamos pra sala.

Como se não fosse a primeira vez - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora