Capítulo 1 - O estranho

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Jennica acordou meio tonta, sua cabeça latejava, seu corpo estava dolorido e sua perna estava imobilizada, apesar de não lembrar o que tinha acontecido, o que mais a apavorou foi que não reconheceu o lugar em que estava. Deitada virada de frente para a parede de madeira não conseguia identificar que casa era aquela, enquanto pensava sobre isso, ouviu um barulho a suas costas, seu coração gelou de medo, será que seu pai adotivo a tinha encontrado? Virou-se lentamente, o esforço fez sua perna doer, sua garganta ardeu de sede, o pânico a estava quase dominando, quando conseguiu ficar de frente para o responsável pelo barulho, viu parado ao lado da cama um homem desconhecido, o alívio fez com que Jennica sorrisse. O estranho retribuiu o sorriso e lhe entregou um copo com água.

- Tome, você deve estar com sede.

Jennica confirmou com um gesto de cabeça, ainda estava analisando o estranho extremamente atraente que estava em sua frente. Tomou a água em um só gole. Os acontecimentos da noite em que tinha se machucado, retornaram como um filme em sua cabeça. Ele havia salvado sua vida.

- Obrigada.

Sua voz saiu baixa e rouca.

- Quer mais?

- Sim, por favor.

O estranho encheu novamente seu copo.

- Vou trazer comida, você precisa comer.

- Obrigada.

Com um aceno de cabeça o estranho foi até o fogão a lenha, serviu uma tigela de sopa e trouxe para ela. Jennica se sentou com alguma dificuldade, depois de se acomodar, pegou o ensopado e começou a comer, estava faminta.

- Hummm está muito bom.

O Estranho deu um meio sorriso de canto, quase imperceptível. Jennica estava gostando daquele sorriso.

- Quanto tempo fiquei inconsciente?

- Quase dois dias.

Jennica ficou apavorada, e se o seu padrasto estivesse por perto. Nem percebeu que tinha parado de comer e estava tremendo.

- O que foi? Está se sentindo mal?

- Não. Estou bem. Você viu alguém por perto? Alguém me procurou?

- Não. Ninguém, além de você vem para esse lado da floresta. Humanos não podem passar e outras criaturas sabem que é meu território agora. Quase ninguém vem pra cá.

- O que? Como assim humano? Você, não é?

Jennica começou a rir, ela tinha certeza que o estranho estava tentando lhe assustar, apesar de não haver traços de humor em sua face.

- Eu sou um lycan. Tome esse chá, vai te fazer melhorar mais rápido.

Aquele estranho era gentil e rude ao mesmo tempo, se não tivesse tão dolorida ficaria muito impressionada com sua beleza. Aquela palavra que ele usou para se identificar ficou em sua mente, o que seria um lycan? Jennica pensou em perguntar, mas estava fraca, resolveu tomar o chá que ele lhe oferecia. Tomou um gole, tinha um gosto estranho.

- O que é isso?

- Chá curativo dos elfos, eles usam várias ervas, vai fazer você ficar bem logo.

- Elfo? Lycan? você está brincando comigo?

- O que? Eu pareço estar brincando?

Ele respondeu um tom rude, como se as perguntas de Jennica fossem ridículas.

- Melhor você descansar, quanto mais cedo você melhorar, mais cedo vai embora da minha casa.

Aquilo magoou Jennica, afinal ela não tinha pedido ajuda, e agora ele agia como se ela estivesse o forçando a isso.

- Olha eu não pedi sua ajuda, você me ajudou porque quis, eu estava muito bem sem você.

Jennica sabia que era mentira, mas ele havia começado.

- Bem? Você acha que um lycan desgarrado como eu, é o único perigo por aqui? Aqui tem várias criaturas famintas que entrariam em uma briga feia só para pegar uma presa tão fácil como você. Você deveria me agradecer, estava ferida e exausta, acha mesmo que sobreviveria muito tempo?

Jennica engoliu seco aquelas palavras, ele estava certo, mesmo não sabendo o que era um lycan, pensou que naquela floresta poderia ter alguns animais que a caçaria muito fácil. Sabia que tinha sido rude, afinal ele tinha salvado sua vida.

- Olha, qual mesmo seu nome?

- Dom, pode me chamar de Dom.

- Olha Dom, me desculpe, você está certo, eu teria morrido se você não tivesse aparecido, Muito obrigada, mas isso não é motivo para ser grosso. Assim que eu conseguir ficar em pé vou embora e você nunca mais me verá novamente ok?

- Moça.

- Jennica, mas pode me chamar de Jenni.

- Jennica não estou te expulsando, só que eu vivo aqui sozinho, é muito perigoso aqui para alguém como você, não sou acostumado com visitas, mas pode ficar o quanto quiser não precisa ir embora ainda debilitada.

- Agora durma um pouco, vai se sentir melhor.

- Obrigada por salvar minha vida.

- Durma Jenni.

Jenni mal deitou e já adormeceu. Pela primeira vez se sentiu segura e conseguiu dormir tranquilamente.

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