Capítulo 3: Misumisou

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Tsumetai

"Nós estávamos sozinhos e famintos por amor" – (Uchiha Sasuke).

#3

Águas termais tinham, justamente, a conhecida e milenar propriedade de retirar o cansaço do corpo, no entanto, o excesso de tempo desfrutando das qualidades terapêuticas do onsen trazia consigo efeitos negativos. A inércia e o excessivo relaxamento provocados pela água resultaria em uma leve tontura e uma sensação de peso se a emersão fosse feita rapidamente e sem cuidado, além do adicional de uma sonolência ao fim da sessão.

Os efeitos foram imediatamente sentidos no casal ao deixarem a piscina. No vestiário, cobriram-se com os yukatas devagar, tarefa entremeada de bocejos e olhos esfregados. Os obis foram amarrados com uma destreza instintiva, mas incerta. Na ida para o quarto, Sakura apoiou-se por preguiça, e sem dúvidas por malícia, em Sasuke quando subiram as escadas.

O Uchiha abriu a porta, afetado quando sua esposa se afastou. Ela com certeza não percebia como cada gesto era capaz de fazê-lo, justamente, ponderar demais sobre ela. O calor tão próximo, o perfume do cabelo, o balançar do quadril, sua voz. Talvez estivesse sendo excessivamente analítico.

Quando ela se ofereceu para ajudá-lo a colocar as bandagens de volta ao braço protético o Uchiha gostaria de ter recusado a ajuda, pois a prática ao fazê-lo por si só seria suficiente. Além disso, não havia quaisquer garantias de que toques, novamente, não o fariam perder o controle. Mas de fato não era para isso que estavam ali? Para perderem o controle?

Ainda assim, ela estava sentada à sua frente, metodicamente enrolando cada um de seus dedos nas faixas com gentileza e cuidado. Os cílios dela piscavam devagar nos olhos semicerrados, ela havia acabado de suspirar mais uma vez com sono e suas bochechas tinham o corado da água quente.

Sakura não usava nenhum colar no pescoço, algumas mechas de cabelo entravam pelo yukata e davam indicação do caminho entre os seios, a qual ele seguiu sem se expressar, de cabeça baixa. Conseguia ver a borda de uma lingerie branca, delicada.

E só percebeu que havia cruzado um limite ao se ver imaginando sobre as curvas dos seus seios e sua nudez. Desviou o olhar, suas íris quase num tom grafite.

— Estou quase terminando — Sakura disse depois de algum momento de silêncio. Quando levantou o rosto, seu marido estava atento a um canto específico do quarto onde não tinha nada em especial. Sorriu, prendendo os lábios.

Ele olhou-a de soslaio.

— Obrigado.

Quando Sakura terminou a última volta em seu braço, Sasuke colocou o yukata de volta sobre os ombros, ajeitando o tecido. Ela bocejou até formarem-se lágrimas no canto de seus olhos, mas havia uma sutil mudança em sua postura. Até aqui, a kunoichi estava concentrada na tarefa médica, imperturbável. Agora apertava os próprios joelhos, como se estivesse indecisa sobre o que faria.

— Quer falar alguma coisa?

— Sasuke-kun... não queria estragar essa noite, mas...

— Você não estragou nada.

— O que eu quero dizer... Eu estou perfeitamente consciente que é nossa primeira noite juntos e há expectativas sobre isso. Mas estou exausta e.... Bom, talvez você possa me acordar, depois.

Sasuke ergueu uma das sobrancelhas, ouvindo aquele absurdo.

— Não vou te acordar, Sakura. Descanse.

TsumetaiOnde histórias criam vida. Descubra agora