Capítulo 7: Suikazura

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Tsumetai

"Enquanto nós vivermos sob o mesmo céu..." – Capítulo 269.

#7

Mesmo que tenham dormido juntos na noite anterior, notaram que esta era a primeira vez em que acordavam assim, um após o outro. Ao contrário de ontem, também, o dia não começou com os barulhos tão comuns produzidos por Sakura; na verdade, ela parecia muito quietinha e acolhida dentro do edredom, com grandes olhos verdes encarando o Uchiha, que esfregava as pálpebras fechadas e dava um jeito no cabelo bagunçado.

O shinobi olhou-a, reconhecendo nela suas lembranças. Sakura lhe mostrou um sorriso gentil, pequeno. Ela gostaria de dizer algo incrível, mas limitou-se a lhe desejar bom dia, as memórias da noite anterior voltando e fazendo-a hesitar. Temeu que se continuasse olhando Sasuke nos olhos ele poderia ler suas próprias recordações, como uma tela passando um filme.

O Uchiha usou o braço dobrado e a mão para apoiar o próprio queixo, encarando-a até conseguir despertar totalmente. Sasuke apenas sussurrou o cumprimento de volta arrastado, as cordas vocais pesadas produzindo um som mais grave que o normal. Finalmente sentia a serenidade causada por uma boa noite de sono.

Já sua esposa, às vezes, o olhava em expectativa, como se ele nem fosse real – ou quem sabe fosse real demais.

O quarto era iluminado com uma luz natural fosca, o ar parecia um pouco mais frio e denso. Desta vez, provavelmente, era bem mais cedo do que ontem. Certamente, não pontuava mais que seis da manhã. Não se tratava de um horário extraordinariamente cedo para um shinobi, mas Sakura, em especial, tinha que admitir que era uma boa dorminhoca quando podia sê-lo – ainda que sempre tivesse que lidar com alguma dificuldade para manter o sono em locais estranhos e, por isso, uma vez acordada já não conseguia adormecer novamente.

Trinta minutos antes, a médica precisou de alguma força de vontade para desgrudar do futon confortável e sair de perto de Sasuke, que dormia com as sobrancelhas ligeiramente franzidas, mas a respiração soava tranquila. Ela deduziu que ele sonhava com algo, o que indicava que talvez não fosse demorar a despertar, também.

Com o edredom junto ao corpo, a primeira coisa que Sakura tentou fazer fora encontrar sua camisola, mas só depois de dar a volta com o olhar pelo quarto – e apenas encontrar os vestígios indumentários da noite anterior por toda parte – viu que a peça estava meio escondida e presa logo embaixo de Sasuke. Se a kunoichi a puxasse, o Uchiha acordaria. Mordeu o lábio.

"Melhor deixá-lo dormir".

Por isso, pegou a camisa dele, embolada perto dos seus pés, que acabou servindo como um vestido, um pouco mais curto que o ideal. Já no banheiro, despiu-se e tomou banho. Além do cabelo desalinhado – que decidiu prender para não molhar – e uma marquinha sem vergonha nas costelas, Sakura não sentiu nada de muito diferente. Ao menos, nada físico.

A mudança imediata ocorreu por dentro. Como ela poderia sequer ousar colocar em palavras? Uma amálgama de assombro e felicidade competiam entre si no peito. Por duas vezes a kunoichi se pegou olhando para o nada com um sorriso patético no rosto enrubescido. Lembrava-se de escutar que uma mulher nunca esquece sua primeira vez, mas Sakura ficou imaginando se era normal lembrar-se disso a toda hora. Sentiu-se um pouco aérea, mordendo o indicador dobrado para não rir debilmente, a realidade indo e voltando.

Estava ansiosa para saber como as coisas seriam dali em diante, certa de que a dinâmica dos dois se alteraria mais uma vez. Com um suspiro, a iryou-nin saiu do banheiro. A diferença de temperatura a fizera sentir frio ao andar pé ante pé pelo cômodo, de modo que refugiar-se encolhida no edredom pareceu a melhor escolha, embolando-se no tecido para se aquecer de novo. Sasuke já não tinha o cenho franzido e sua posição estava ligeiramente alterada, também, com um braço esticado e o outro sobre o abdômen meio coberto.

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